Dependência tecnológica: uma sombra sobre a soberania do País
Constelação de satélites da Starlink, de propriedade do bilionário Elon Musk, exemplifica essa dependência
A tecnologia está intrinsecamente ligada à soberania nacional. No entanto, o Brasil enfrenta uma realidade preocupante: a dependência quase total de tecnologia estrangeira para áreas estratégicas como comunicação, navegação e defesa. Esse cenário é ainda mais evidente quando analisamos o fornecimento de internet via satélite em áreas remotas.
A constelação de satélites da Starlink, de propriedade do bilionário Elon Musk, exemplifica essa dependência. Com mais de 6 mil satélites em órbita e planos para atingir 42 mil, a empresa se tornou a principal solução para levar internet a locais distantes como vilarejos isolados e a Amazônia.
Desde 2022, a Starlink opera no Brasil com autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), conectando regiões onde cabos e torres são inviáveis.
Essa dependência de tecnologia estrangeira é reflexo do abandono do programa espacial brasileiro após o trágico acidente com o Veículo Lançador de Satélites (VLS) em 2003.
Na época, o Brasil era referência em tecnologia espacial, influenciando até o programa indiano, que hoje figura entre os mais avançados do mundo.
A falta de investimentos contínuos no programa espacial causou uma dependência tecnológica que afeta até mesmo nossa defesa. Aviões, blindados e mísseis das Forças Armadas brasileiras dependem de sistemas estrangeiros, como GPS e comunicação via satélite. Essa vulnerabilidade é preocupante, pois coloca em risco a autonomia e a soberania nacional em tempos de conflito.
A opinião pública e o meio político frequentemente criticam gastos em ciência e tecnologia espacial, sem compreender sua relevância estratégica. O desenvolvimento de um programa espacial robusto vai além de lançar satélites. é sobre independência, segurança e protagonismo global. Países como Índia e China colheram os frutos de décadas de investimento nessa área, conquistando posições de destaque no cenário internacional.
Para o Brasil, a questão não é apenas econômica, mas de visão estratégica. Continuar dependente de tecnologias estrangeiras significa abrir mão de nossa capacidade de decisão em áreas críticas.
É urgente retomar o programa espacial, não apenas como um projeto científico, mas como um pilar de soberania nacional. Afinal, a tecnologia não é apenas um recurso, é poder. E, no jogo das nações, a independência tecnológica é a diferença entre liderar e ser liderado.