A viabilização do bloqueio do X
Coluna foi publicada no domingo (1º)
O embate entre o ministro do STF Alexandre de Moraes e Elon Musk, proprietário do Twitter, atingiu seu ponto culminante na última sexta-feira (30), quando o ministro emitiu uma determinação judicial para bloquear o acesso no território brasileiro à rede social do empresário americano.
Além disso, qualquer usuário no Brasil que utilize uma VPN (Virtual Private Network), na tentativa de contornar os sistemas de bloqueio determinado por Moraes, poderá ser penalizado com uma multa diária de R$ 50 mil.
Mas como é possível bloquear o acesso a uma plataforma que está localizada fora do país? A seguir, apresentamos as principais técnicas que permitem esse bloqueio.
O bloqueio de uma rede social como o Twitter (agora chamado X) em um país pode ser implementado por meio de técnicas de filtragem e bloqueio de tráfego de internet, que são executadas pelas empresas de telecomunicações (ISPs - Internet Service Providers). Aqui estão os principais métodos técnicos usados para realizar esse bloqueio:
1. Bloqueio de DNS (Domain Name System): Os ISPs podem bloquear o acesso ao Twitter (X) impedindo que os servidores DNS (que convertem nomes de domínio como “twitter.com” em endereços IP) respondam às solicitações dos usuários. Isso significa que, mesmo se um usuário digitar “twitter.com” em seu navegador, o site não será carregado, porque o servidor DNS não fornecerá o endereço IP necessário para acessar o site. Os usuários podem tentar contornar esse bloqueio usando servidores DNS alternativos, como o Google DNS ou o Cloudflare DNS, mas isso também pode ser bloqueado pelos ISPs.
2. Bloqueio de IP (Internet Protocol): Outra técnica é o bloqueio de endereços IP específicos associados aos servidores do Twitter. Cada site na internet está hospedado em um ou mais endereços IP, e os ISPs podem impedir que o tráfego de e para esses IPs passe pela sua rede. O uso de VPNs pode, em teoria, contornar esse bloqueio, pois a VPN criptografa o tráfego e o redireciona por meio de servidores em outros países, mascarando o IP real.
3. Filtragem de URL (Uniform Resource Locator): Os ISPs também podem implementar filtragem de URL, que envolve a inspeção do tráfego HTTP ou HTTPS e o bloqueio de solicitações que contêm URLs específicos, como “twitter.com” ou outros subdomínios relacionados. Este método é menos eficaz contra conexões criptografadas (HTTPS), mas pode ser combinado com bloqueio de DNS ou IP, para maior eficácia.
4. Bloqueio de portas específicas: O Twitter pode utilizar portas de comunicação específicas para seus serviços, e os ISPs podem bloquear essas portas. Isso tornaria a comunicação entre o dispositivo do usuário e os servidores do Twitter impossível.
Essas técnicas combinadas permitem que as empresas de telecomunicações implementem o bloqueio de uma rede social como o Twitter, em um país como o Brasil, em conformidade com uma ordem judicial. No entanto, a eficácia do bloqueio e a capacidade dos usuários de contorná-lo dependem da sofisticação técnica tanto dos provedores de internet quanto dos usuários.
- Eduardo Pinheiro é consultor de tecnologia da informação