O engenhoso aparelho digestivo
Crônicas e dicas do doutor João Evangelista, que compartilha sua grande experiência na área médica
“O que entra pela boca, segue para o estômago. O que sai pela boca, pode estar vindo do coração”. Quando sadio, o processo da digestão percorre seu caminho, descartando os caprichos do coração.
Visando suprir as necessidades materiais e de energia do organismo, o alimento é deglutido, processado e degradado, bem como absorvido pelo intestino. Os alimentos sólidos são mastigados pelos dentes, e cada pedaço é misturado com a saliva proveniente das glândulas salivares. A saliva contem mucina, um lubrificante, e anticorpos, além da amilase, que digere os açúcares.
O esôfago serve para transportar os alimentos da faringe para o estômago. O esfíncter esofágico inferior abre brevemente, prevenindo o refluxo do suco gástrico potencialmente danoso. O estômago serve para armazenar alimentos ingeridos durante uma refeição. Neste local, as proteínas são desnaturadas e degradadas por ácido gástrico, pepsina e lipase, que digere as gorduras.
Além disso, o estômago secreta o fator intrínseco, que é essencial para a absorção da vitamina B12.
A degradação dos alimentos é completada no intestino delgado por meio de enzimas do pâncreas e da mucosa. A digestão de gorduras necessita dos sais biliares fornecidos pela bile. Açúcares, aminoácidos, ácidos graxos, água, minerais e vitaminas, também são absorvidos pelo intestino delgado.
O fígado tem inúmeras funções metabólicas, sendo a estação intermediária obrigatória para quase todas as substâncias absorvidas pelo intestino delgado e é capaz de desintoxicar várias partículas estranhas e produtos finais metabólicos, efetuando sua excreção.
O intestino grosso é o último local para absorção de água e íons. Ele é colonizado por bactérias com funções fisiológicas. O ceco e o reto são locais de armazenamento para as fezes, de modo que a necessidade da defecação é ordenada, apesar da ingestão frequente de alimentos.
Os dois plexos da parede do esôfago, do estômago e do intestino, servem para controlar movimento e secreção, com reflexos oriundos do sistema nervoso central, autônomo e entérico.
Existem muitos mecanismos que defendem contra organismos patogênicos na superfície interna do trato gastrointestinal. Iniciando na boca, componentes da saliva, tais como mucinas, imunoglobulinas e lisozima, inibem os microrganismos invasores. O ácido clorídrico e a pepsina têm um efeito bactericida, e as placas de Peyer do trato gastrointestinal são seu próprio tecido linfático imuno-competente.
As células membranosas da mucosa fornecem antígenos luminais com acesso às placas de Peyer, as quais podem responder com liberação de imunoglobulinas. Os mecanismos de defesa intestinal reconhecem a microbiota fisiológica, que é assim protegida contra a resposta imunológica.
Células de defesa localizadas na parede intestinal formam mais uma barreira contra organismos patogênicos invasores.
Alimentado, o aparelho digestivo protege e nutre a vida. Com fome, o estômago ronca, sem dormir.
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