Adesão ao tratamento médico
Crônicas e dicas do doutor João Evangelista, que compartilha sua grande experiência na área médica
A falta de aderência por parte dos pacientes é considerada por alguns especialistas como um problema de saúde pública.
Para muitas doenças, o sucesso na prevenção e no tratamento depende de difíceis mudanças comportamentais, por exemplo, alterações na dieta, prática de exercícios físicos, cessação do tabagismo, diminuição do consumo de bebidas alcoólicas e aceitação a regimes farmacológicos complexos. Mais da metade dos doentes não consegue alcançar a adesão total, sendo que um terço deles não tomam seus medicamentos, de forma adequada.
Em pessoas com enfermidades oncológicas, a adesão à terapia é um determinante crucial para o sucesso do tratamento, necessária para proteger o corpo de invasões celulares malignas.
Entre as razões da não aderência do paciente, encontra-se o esquecimento e alterações na rotina diária. Além desses, transtornos psiquiátricos, dúvidas sobre a eficácia do tratamento, falta de conhecimento sobre as consequências decorrentes da baixa adesão, complexidade do regime e efeitos colaterais do tratamento, maculam o objetivo terapêutico. Os custos cada vez maiores dos remédios, inclusive os genéricos, dificultam ainda mais a adesão, sobre tudo para aqueles pacientes com baixa renda.
É importante lembrar que as pessoas em geral se mostram mais propensas a tomar medicamentos prescritos, que aderir as orientações para a mudança de sua dieta, hábitos relativos a exercícios ou ingestão de álcool. No caso dos regimes de curto prazo, é possível melhorar a aderência medicamentosa por meio de instruções precisas.
Convém ao médico fornecer tratamentos convenientes, prescrevendo drogas com posologia simples, de preferência não mais que duas doses diárias. Além disso, sempre que for possível, optar por drogas com menos efeitos colaterais e mais baratas.
As ferramentas usadas para facilitar a adesão ao tratamento devem ser a confiança transmitida pelo médico e o entendimento da necessidade que o paciente tem de ser participante ativo do seu tratamento.
Durante o atendimento, o médico deve disponibilizar tempo suficiente para comunicar mensagens sobre saúde.
Os médicos podem melhorar a adesão do paciente se forem imparciais em suas perguntas sobre comportamentos e barreiras específicas.
A atividade médica não termina com o diagnóstico e o tratamento. “Curar às vezes, aliviar frequentemente e confortar sempre”. O segredo de um bom relacionamento médico é cuidar do paciente.
É importante reconhecer que a visão comum de que os doentes são unicamente responsáveis por seguir o tratamento é simplista, desconsiderando como outros fatores podem influenciar o comportamento e a capacidade de aderência de uma pessoa, diante da conduta médica. Ambos são responsáveis, afinal, o esclarecimento médico, informando sobre a doença e o procedimento, corroboram para o êxito terapêutico.
Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior. Relação sem envolvimento é uma flor sem perfume.
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