Síndrome do intestino irritável
Crônicas e dicas do Dr. João Evangelista, que compartilha sua vasta experiência na área médica
Quando examina um paciente, o médico sempre pesquisa se o quadro é clínico ou cirúrgico, orgânico ou funcional. Diagnósticos bem estabelecidos orientam a conduta do profissional.
Quando se depara com uma patologia funcional, resta ao profissional realizar tratamentos empíricos, prescrevendo medicamentos que visam combater apenas os sinais e sintomas.
Perdendo apenas para a Doença do Refluxo Gastroesofágico, 20% dos pacientes que procuram um gastroenterologista em qualquer parte do mundo apresentam Síndrome do Intestino Irritável.
Caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas, essa síndrome apresenta dor abdominal recorrente, associada a alterações de trânsito intestinal, com diarreia ou constipação, distensão abdominal e flatulência.
É um quadro que interfere com a qualidade de vida do paciente, quase sempre diagnosticado em adultos jovens, podendo ocorrer em qualquer idade, sendo sua incidência mais elevada em mulheres.
A Síndrome do Intestino Irritável está relacionada com uma hipersensibilidade visceral dos indivíduos afetados que são, muitas vezes, intolerantes a certos alimentos, apresentando uma produção de gás exagerada, proveniente da fermentação dos alimentos, através da microbiota intestinal.
Nessas circunstâncias, ocorre alteração do mecanismo de contração e relaxamento dos músculos da parede intestinal, interferindo com a progressão normal do conteúdo, ao longo daquele segmento digestivo, produzindo alterações das dejeções e consistência das fezes, bem como na produção de gases.
Alguns pacientes têm obstipação, outros apresentam diarreia, enquanto alguns podem manifestar alternância das duas.
Há ainda doentes em que a queixa principal é a dor ou o desconforto abdominal, muitas vezes associado à flatulência e à distensão abdominal exagerada.
As fezes podem também apresentar-se cobertas por muco.
Apesar de não provocar danos graves ao intestino, a Síndrome do Intestino Irritável costuma impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Não existem marcadores biológicos para o diagnóstico dessa doença. Acredita-se que a condição seja resultado de uma combinação de fatores, incluindo alterações na motilidade intestinal, sensibilidade exagerada dos nervos intestinais, inflamação leve, infecções intestinais e desequilíbrios na microbiota intestinal.
Fatores emocionais, como estresse e ansiedade, também desempenham papel importante, embora não sejam a única causa da síndrome.
Apesar de não ter cura, a Síndrome do Intestino Irritável pode ser controlada. Mesmo sendo crônica, muitos pacientes conseguem gerenciar seus sintomas, através de mudanças na dieta, manejo do estresse e, em alguns casos, uso de medicamentos.
Interações complexas entre o cérebro e o intestino afetam diretamente o funcionamento intestinal. Com isso, é mais importante conhecer o paciente que tem Síndrome do Intestino Irritável do que a Síndrome do Intestino Irritável que o paciente tem.
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