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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

A milagrosa vacina mRNA

Coluna publicada na edição desta terça-feira (18), do jornal A Tribuna

João Evangelista Teixeira Lima, do Jornal A Tribuna | 18/04/2023, 16:01 16:01 h | Atualizado em 18/04/2023, 16:01

Imagem ilustrativa da imagem A milagrosa vacina mRNA
Doutor João Evangelista Teixeira Lima |  Foto: Arquivo/AT

Assim que o novo coronavírus se alastrou em 2020, terapias empíricas foram tentadas, mas nenhuma funcionou. Diante do macabro número de mortes que estava se acumulando, o tempo tornou-se vital. 

Contudo, como criar uma vacina em curto prazo, segura e eficaz?

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No final de 2019, a notícia causou arrepios aos epidemiologistas, preocupados com a transmissão entre espécies, mostrando que era provável que o vírus tivesse passado dos animais para os humanos, pegando todos desprevenidos. 

A evolução estava prestes a travar uma corrida entre esse assustador inimigo e as forças do sistema imunológico humano. 

A globalização vinha há muito tempo facilitando as coisas para as doenças infecciosas, que por séculos só podiam se espalhar na velocidade em que as pessoas podiam andar, os cavalos galoparem e os navios navegarem.

“A arte é longa, a vida é breve”. No dia 21 de junho de 2000, embutido no anúncio do sequenciamento do genoma humano, estava a esperança de desvendar outros códigos genéticos, facilitando a criação de novas vacinas.

Os fabricantes das atuais vacinas foram auxiliados pela liberação do código genético do coronavírus, sequenciado graças ao raciocínio rápido de Zhang Yongzhen, professor do centro de saúde pública de Xangai, que o apresentou à comunidade científica, em 11 de janeiro de 2020.

Analisar um vírus só foi possível a partir da invenção do microscópico eletrônico, na década de 1930. Até hoje, vacinas utilizam  cópias enfraquecidas ou inativas de vírus e bactérias. Isso ajudou o mundo a erradicar a varíola e quase a erradicar a poliomielite e o sarampo. Entretanto, esses tipos de vacinas demoram anos para serem sintetizadas.

Os cientistas Ugur Sahin e Ozlem Türeci vinham, há 30 anos, tentando criar uma vacina contra tumores cancerígenos, utilizando o RNA mensageiro, quando perceberam que esse conhecimento poderia ser aproveitado para gerar, em tempo hábil, uma vacina contra a covid-19.

O RNA mensageiro é a molécula responsável por levar as informações genéticas do DNA para o citoplasma. Quando uma célula requer a produção de determinada proteína, o DNA inicia o processo de transcrição, através do qual o código genético é copiado. O RNA funciona como uma cópia móvel do DNA, que leva a mensagem ao citoplasma e informa o tipo de proteína que deve ser produzida.

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Em laboratório, os cientistas desenvolveram um mRNA sintético, que ensinou o organismo a fabricar a proteína Spike do SARS-CoV-2, responsável pela ligação do vírus com as células. 

Apesar de o imaginário popular crer que terapias genéticas possam criar seres mutantes, é essencial deixar claro que o mRNA não contém outra informação, não é capaz de realizar qualquer outra tarefa e não penetra no núcleo das células. Por essa razão, ele não consegue provocar alterações no genoma.

Após cumprir sua função, o RNA mensageiro é degradado pelo corpo, não tendo como gerar dano.

O modo mais seguro de combater uma doença é conhecer sua intimidade.

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