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Pesquisador da Ufes decifra enigma da era dos dinossauros

Paleontólogo afirma que descobertas podem servir até mesmo para tecnologias da atualidade


Imagem ilustrativa da imagem Pesquisador da Ufes decifra enigma da era dos dinossauros
Richard Buchmann descreveu como era a postura em vida do pescoço de três diferentes pterossauros |  Foto: Leone Iglesias / AT

Apesar de terem vivido na era dos dinossauros, não, os pterossauros não são dinossauros que eram capazes de voar. Na verdade, eles eram répteis que voavam.

Os enigmas envolvendo esses animais, que viveram há milhares de anos, levaram o paleontólogo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Richard Buchmann a buscar entender algumas particularidades deles.

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Algumas descobertas, segundo ele, podem servir até mesmo para tecnologias da atualidade.

Em um trabalho publicado na última semana, na revista científica PeerJ, Buchmann, juntamente com a pesquisadora Taissa Rodrigues, do Laboratório de Paleontologia da Ufes, descreveram como era a postura em vida do pescoço de três diferentes pterossauros que viveram na era mesozóica: do gênero Anhanguera (encontrado no Brasil), Azhdarcho e Rhamphorhynchus.

Para isso, Richard revelou que viajou para vários museus pelo mundo, incluindo Tóquio (Japão), Dinamarca e Los Angeles (EUA), e para o Museu Nacional (Rio de Janeiro). Nesses locais, ele fotografou e tomografou as vértebras encontradas.

Depois de estudar como elas se encaixavam, fizeram a reconstituição de como eram suas articulações enquanto vivos.

“Ao comparar essas características com as de pescoços de aves e jacarés atuais, descobrimos que as articulações dos pterossauros tinham finas camadas de cartilagens, e não discos, como são presentes em mamíferos como os seres humanos. Além disso, constatamos que o pescoço desses pterossauros eram levemente sinuosos, embora bem menos curvados do que o de aves como garças”.

Eles ainda perceberam que o formato do pescoço variava entre os três pterossauros estudados: Azhdarcho, que tinha hábito de caça mais terrestre, mantinha a cabeça em uma posição bem mais alta do que o corpo.

Já Rhamphorhynchus e Anhanguera eram animais que se alimentavam principalmente de peixes e outros animais aquáticos. Em comum, os três possuíam ligamentos no pescoço, o que deveria otimizar o movimento de levantar o pescoço rapidamente logo depois de capturar a presa.

Você sabia?

Famosas cenas de filmes, como “Jurassik Park”, que mostram pterossauros carregando pessoas com os bicos, dificilmente seriam possíveis. O paleontólogo Richard Buchmann afirmou que, para conseguir voar, o pterossauro seria leve e teria que fazer um esforço grande para vencer a resistência do ar.

Imagem ilustrativa da imagem Pesquisador da Ufes decifra enigma da era dos dinossauros
Imagem mostra pterossauro, réptil voador com tamanho até de girafa |  Foto: Divulgação

Richard Buchmann, pesquisador: "Interesse veio desde a infância"

A Tribuna - O que os levou a fazer esse estudo?

Richard Buchmann -  "Há alguns anos eu pesquiso sobre os pterossauros. Apesar de serem conhecidos entre os dinossauros, eles são répteis alados que não têm descendentes vivos. Por isso muito pouco se tem de conhecimento sobre eles.

Por exemplo, como eles faziam para se alimentar, por que os membros anteriores eram desenvolvidos em asas e como buscavam alimentos se não tinham garras também.

Sabemos que havia uma diversidade enorme de bicos, dependendo das espécies, mas ainda há muitas dúvidas."

- Então eram várias espécies de pterossauros?

"Sim. Eles tinham características bem diferentes. Para se ter uma ideia da diversidade, existiam pterossauros do tamanho de um dedo e até de uma girafa.

Por causa dos bicos, sabemos que tinham espécies piscívoras (se alimentavam de peixes), outras carnívoras e até frugívaras (se alimentavam de frutas) e insetívoras."

- Foi por causa dessas particularidades que buscou estudar esses répteis?

"Nossa pesquisa partiu do princípio que se o animal só podia usar a boca para se alimentar e não tinha garras para levar o alimento para dentro, então ele deveria ter um pescoço muito móvel, com uma amplitude de movimento grande."

- Como foi o processo de pesquisa?

"Fizemos uma reconstrução de como seria a postura cervical do pescoço deles. Por meio de dissecação de bichos viventes, como aves e crocodilos, que são os parentes viventes mais próximos, a gente viu que cartilagens interferiam muito na postura.

Adicionamos isso no encaixe da vértebra dos pterossauros que a gente tem fósseis preservados."

- Essa pesquisa tem outros desdobramentos para frente?

"Sim, a gente já está dando continuidade, com uma pesquisa sobre a musculatura do pescoço. Queremos quantificar o poder dessa musculatura para saber, por exemplo, quanto esse bicho conseguia carregar de peso."

- Por que é importante recriar e pesquisar sobre esses répteis já extintos?

"Somos paleontólogos, mas a gente trabalha com biomecânica, que seria exatamente o estudo desses movimentos, da postura.

Nesse caso, a gente está trabalhando a biomecânica do pescoço do pterossauro. E a biomecânica é sempre utilizada em paralelo com a engenharia, tanto que os métodos que a gente utiliza são métodos utilizados na engenharia. Eles podem ser utilizados para entender, por exemplo, como um bicho leve daquele jeito, com pescoço longo, era tão forte."

- Isso pode ser replicado para tecnologias do presente?

"Claro. Por exemplo, para conferir resistência a uma viga, a um guindaste ou algo nesse sentido."

- E de onde surgiu o interesse nos pterossauros?

"O interesse veio desde a infância. Sempre gostei de animais, bichos, dinossauros. Por isso, me formei em Ciências Biológicas, na Ufes. Hoje, sou paleontólogo e esse projeto especificamente fez parte do meu doutorado, que finalizei em 2022. Agora, estou no pós-doutorado."

- Falando sobre o Estado, seria possível que pterossauros tenham vivido por aqui?

"É complicado afirmar isso devido à geologia do nosso Estado, onde as rochas sedimentares não são comuns. Elas são rochas que preservam fósseis.

Temos raras exceções, como tivemos em Cachoeiro de Itapemirim, em que encontramos uma preguiça gigante, mastodonte, toxodonte, que foram preservados entre fissuras. Mas eles são bichos bem mais novos, de 15 a 20 mil anos atrás, se comparados aos pterossauros e dinossauros, que viveram há 60 milhões de anos."

- Mas no Brasil temos fósseis encontrados...

"Ah, sim. Temos, inclusive, um dos pterossauros do estudo, da espécie Anhanguera, que teve os fósseis encontrados na bacia do Araripe que fica entre o Ceará, Pernambuco e Piauí.

Ele tem características diferenciadas quanto ao bico, mais arredondado e com uma crista, que nos permite concluir que se alimentava de peixes. Os dentes pontudos e para fora serviam para que ele pescasse."

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