Cibersegurança: corrida tecnológica contra golpistas digitais
Segurança virtual evolui sem parar; bancos e empresas usam IA e biometria para detectar fraudes e enfrentar golpes e deepfakes
A segurança da informação vive uma corrida tecnológica para se manter atualizada e combater golpistas digitais.
A luta contra os criminosos é constante e dinâmica, e, como exemplifica o diretor de Tecnologia e Inovação do Banestes, Tasso Lugon, “a defesa precisa evoluir na mesma velocidade dos golpes”.
Lugon explica que a mesma Inteligência Artificial usada por golpistas também está sendo utilizada para combatê-los. E detalha que bancos e empresas de tecnologia têm adotado sistemas de IA capazes de identificar padrões suspeitos em segundos, cruzar dados de comportamento e detectar fraudes antes que o usuário perceba.
“Além disso, novas soluções de biometria facial e de voz, combinadas com análise em tempo real, tornam os golpes cada vez mais difíceis de executar. A Inteligência Artificial virou a principal aliada na prevenção”, diz o diretor, que também destaca um novo desafio para a cibersegurança no País: os deepfakes, que exploram a confiança visual e emocional das pessoas.
“Para enfrentá-los, empresas estão desenvolvendo algoritmos que detectam manipulações sutis em vídeos e áudios, como falhas de sincronismo ou padrões artificiais de pixels e voz. Também cresce o uso de marcas d’água digitais e autenticação de origem de conteúdo .”

O CSO da Globalsys, Eduardo Glazar, conta que a segurança digital tem implementado sistemas de “Machine Learning” (que permite que computadores aprendam padrões e tomem decisões automaticamente) que analisam milhões de transações em tempo real, para detectar padrões conhecidos e até anomalias inéditas.
Hugo Santos, diretor de Inteligência de Ameaças da ISH Tecnologia, diz que as equipes de inteligência de ameaças monitoram fóruns clandestinos, redes sociais e fontes de ameaças para entender os novos comportamentos dos golpistas.
“É importante saber suas intenções e como agem, porque nos ajuda a construir defesas muito mais espertas e a focar onde a proteção é mais necessária. Estamos em uma corrida armamentista digital. É um xadrez digital: cada movimento exige resposta rápida e estratégica da nossa parte ”.

Computadores viram “zumbis digitais” com nova fraude
Um novo golpe digital vem preocupando especialistas em cibersegurança no Brasil. Trata-se do “Sorvepotel”, um malware que tem como principal alvo usuários do WhatsApp para se disseminar de forma rápida e silenciosa.
Uma vez dentro do dispositivo, o Sorvepotel tem dois propósitos principais: roubar credenciais bancárias e de corretoras de criptomoedas, exibindo versões falsas de sites legítimos; e assumir o controle do WhatsApp Web da vítima, para propagar o vírus de forma automática para toda a sua lista de contatos.
De acordo com a Trend Micro, os dados mais recentes apontam que, das 477 infecções confirmadas globalmente, 457 ocorreram no Brasil, reforçando a ideia de que o país se tornou o epicentro desse tipo de ataque digital.
A Trend Micro alerta que o ataque também pode resultar em banimento de contas do WhatsApp, já que o envio automático de mensagens é identificado pela plataforma como comportamento de spam.
Especialistas recomendam medidas simples, mas eficazes, para evitar ser mais uma vítima: desconfie de mensagens com anexos, mesmo que venham de contatos conhecidos; evite baixar arquivos inesperados ou com nomes suspeitos; e desative o download automático de mídias no WhatsApp, reduzindo o risco de infecção inadvertida.
A crescente sofisticação dos golpes digitais reforça a importância da educação em cibersegurança e da vigilância constante no uso de aplicativos de mensagens. Afinal, a engenharia social continua sendo uma das principais armas dos criminosos e a distração, o maior aliado deles.
O WhatsApp informou que mantém investimentos contínuos em segurança e detecção de atividades anômalas, e reforça que não solicita o download de arquivos externos para qualquer tipo de verificação.
A evolução do cibersegurança
Em janeiro de 2025, a Serasa Experian registrou 1,242 milhão de tentativas de fraude no Brasil, o maior número desde o início da série histórica do indicador.
Esse aumento expressivo demonstra a necessidade urgente de adotar tecnologias integradas e soluções proativas para combater essas fraudes, tornando a segurança digital uma prioridade estratégica nas organizações.
Detecção
A crescente sofisticação dos golpes digitais e fraudes cibernéticas representa uma ameaça crescente à segurança dos sistemas digitais, afetando diversos setores.
Em resposta a esses desafios, empresas e organizações têm investido em soluções avançadas, destacando-se a inteligência artificial (IA) e sua aplicação na detecção de conteúdos falsificados, como os deepfakes.
Liveness e análise comportamental
A solução de liveness garante que a captura biométrica seja feita a partir de uma pessoa real e não por meio de artefato inanimado como imagens, vídeos ou até mesmo máscaras físicas realistas ou digitais.
O uso dessa solução permite analisar micromovimentos, texturas, variações de cor e frequência das imagens coletadas, além das diferenças no fluxo óptico gerado para identificar sinais de autenticidade humana.
Outra abordagem é a análise comportamental. Através dela é possível criar uma identidade digital baseada em padrões de uso, como a maneira de segurar e operar o celular, a forma de movimentar o cursor ou o estilo de digitação em teclados físicos. Assim, a inteligência artificial consegue identificar comportamentos atípicos.
O papel da IA
A IA vem revolucionando a segurança cibernética ao oferecer soluções que analisam padrões comportamentais, identificam anomalias e detectam tentativas de fraudes em tempo real.
Técnicas como o aprendizado de máquina (machine learning) e o aprendizado profundo (deep learning) permitem que os sistemas reconheçam atividades suspeitas com alta precisão, contribuindo significativamente para a prevenção de fraudes.
A manipulação de imagens por meio da IAs tem avançado de forma notável nos últimos anos, alcançando níveis de realismo cada vez mais impressionantes aos olhos humanos.
Segundo especialistas da área de tecnologia, a melhor forma de prevenir esse ataque é utilizar a mesma tecnologia para detectar manipulações, exigindo monitoramento constante das validações para identificar novos padrões de ataque e o treinamento de modelos mais sofisticados.
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