Tradição em família na Festa de São Pedro
Pescadores herdam dos pais e transmitem aos filhos o amor pela “puxada de rede” e pela procissão marítima, que acontece neste domingo
Escute essa reportagem
A tradição da pesca na terra onde nasceu o sucesso “Puxada de Rede”, do Manimal, segue viva. Geralmente passada de pai para filho, a prática milenar fortalece os vínculos familiares.
Somente no Espírito Santo, mais de 24 mil pessoas são pescadores profissionais ativos, de acordo com levantamento do Painel de Consultas do SISRGP (Registro Geral da Atividade Pesqueira), divulgado em novembro.
Apesar de estar aposentado, Álvaro Martins da Silva, 72, atua como presidente da Colônia de Pescadores de Vitória e está, há mais de 40 anos, à frente da procissão marítima da 96ª festa em homenagem a São Pedro, o santo padroeiro dos pescadores.
Mais conhecido como Alvinho, ele começou a acompanhar o pai, o saudoso Belmiro, ainda criança.
“Ele levava eu e meu irmão para o mar e, aos 13 anos, comecei a pescar. É uma profissão complicada, porque deixamos mulher e filhos em casa e não sabemos se vamos voltar. Hoje, pesco mas por recreação”, salienta ele, que já enfrentou inúmeras tempestades em alto-mar.
Fábio Decote, 41, também segue a tradição. Ele e o irmão Felipe, 34, iniciaram na pesca por influência do pai, que morreu há dois anos. Os primos Cristiano, 49, e Alan Moraes, 30, foram pelo mesmo caminho.
“Fomos criados dentro do barco, está no sangue da nossa família, e acabou que todo mundo foi gostando de trabalhar com isso. Trabalho pegando todo tipo de peixe. Mas é um ramo com muitos desafios, e não quero que meus filhos continuem essa tradição.”
Já Robson de Paula de Oliveira, 50, começou a pescar com o pai quando tinha 13 anos. Ele tem dois filhos, sendo Lucas dos Santos o mais novo, de 22 anos.
Incentivo
Para que a tradição da Festa de São Pedro seja mantida, cada uma das 150 embarcações que participam da procissão deste domingo (30) vai receber um incentivo financeiro. O cortejo tem início na Praça do Papa, na Enseada do Suá, indo até o Porto de Vitória e retornando ao ponto de partida. Além disso, os 10 barcos mais bem enfeitados ganham prêmios em dinheiro.
Mais de 100 caixas de fogos foram compradas para a atração, que poderá ser vista ao longo da avenida Beira-Mar. O momento mais emocionante é a “bênção do anzol”. É quando os pescadores pedem a São Pedro por mais fartura.
Show com padre e sertanejos
A programação musical na Praça do Papa começa às 17h, com show do Padre Anderson. Ele, que faz parte da nova geração de sacerdotes católicos, se dedica à música desde 2016, tendo lançado o CD “Em Casa” (2019) e os clipes e singles “Glória” e “Te Adorar”.
Na sequência, a dupla sertaneja Munhoz e Mariano sobe ao palco para cantar sucessos como “Camaro Amarelo”, “Pinga do Mal” e “Taca Taca”.
O DVD “Ao Vivo em São Paulo” é o mais novo projeto dos irmãos e contou com as participações de Guilherme e Benuto, Gaab, João Bosco e Vinícius e Yasmin Santos, com quem gravaram o single “Na Raiva”. A canção, que fala sobre uma relação que vive terminando e voltando, foi composta por Mariano e pelo capixaba Daniel Caon.
Para a 96ª Festa de São Pedro, foi montada uma gigante estrutura, que inclui palco, telões, pórticos, banheiros e praça de alimentação com 60 barracas de comida e 20 de artesanato.
“A determinação do prefeito Lorenzo Pazolini é que a gente entregue um evento do tamanho da representatividade de São Pedro para a cidade”, conta o secretário municipal de Cultura, Edu Henning.
SERVIÇO
96ª Festa de São Pedro
O quê: Festa em homenagem ao santo padroeiro dos pescadores com shows e 60 barracas com opções gastronômicas.
Quando: Neste domingo, 30 de junho.
Onde: Praça do Papa, Enseada do Suá.
Quanto: entrada gratuita.
Programação
8h: Missa na Paróquia São Pedro, na Praia do Suá.
9h: Procissão terrestre até a Marinha.
10h: Procissão marítima.
17h: Padre Anderson Gomes.
19h: Munhoz e Mariano (MS).
MATÉRIAS RELACIONADAS:
MATÉRIAS RELACIONADAS:
Comentários