Tecnologia em casa ajuda idosos a viver melhor
Sensores de presença, câmeras controladas por celular e assistentes virtuais podem ajudar no dia a dia dos idosos
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O futuro é dos idosos. A proporção de brasileiros com mais de 60 anos aumentou de 5% em 1970 para 15% em 2018 e deve estar acima de 25% em 2050, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). E essa população traz demandas cada vez maiores por saúde, bem-estar e tecnologia.
Entre as maiores necessidades estão as casas, que precisam ser adaptadas às necessidades de locomoção, com barras para apoio, portas maiores, tapetes antiderrapantes, até o que há de mais moderno, como sensores de presença, câmeras controladas por celular ou assistentes virtuais.
Jefferson Hubner, proprietário da InterCine Home, empresa de automação, afirma que é possível fazer uma “casa inteligente” para atender às mais diversas necessidades.
“Fizemos uma casa na Praia da Costa, em Vila Velha, em que é possível ligar o ar-condicionado e acender a luz por comando de voz e ainda visualizar pelo telefone celular em um cômodo se a luz da sala está acesa em outro. Tudo por um aplicativo que a empresa monta”, explica Jefferson.
Outras facilidades apontadas estão programar as cortinas da casa para abrir às 5 horas e fechar às 19 horas, por exemplo.
“É possível programar a iluminação para um caminho comum que a pessoa faz em determinado horário. Por exemplo, às 19 horas, por um comando de voz, a iluminação acende da porta da casa, passando pelo corredor até o banheiro ou ao quarto”, destaca.
sensores
Ele ressaltou ainda a importância dos sensores de presença. “Tanto no caso de crianças quanto no caso de idosos, é um item fundamental. O sensor pode ser colocado, por exemplo, na escada, para evitar queda, e na porta, para evitar fuga”, destaca o empresário.
“espiadinha”
Babá eletrônica
A aposentada Rosa Zouain Fontes, 90 anos, tem uma assistente virtual. “Gosto de notícias, música, horóscopo e de saber a situação do nosso País. Fui professora e diretora escolar. Sempre tive interesse”, disse a aposentada.
A filha de Rosa, a aposentada Rosangela Zouain Fontes, 67, conta que utiliza uma babá eletrônica para ajudar no cuidado com a mãe.
“Tem também a filmadora. Se preciso tomar banho, levo o aparelho. Fico mais tranquila se posso vê-la”, afirmou Rosangela.
Valores ainda são obstáculo
Especialistas são unânimes em afirmar que as casas inteligentes são tendência e serão cada vez mais reais nesta década. Porém, o preço dessa tecnologia é um entrave para que ela seja acessível a todos.
Levantamento feito pela reportagem de A Tribuna com empresas de automação e tecnologia aponta que o investimento mínimo para a automação de uma casa no Estado fica entre R$ 12 mil e R$ 15 mil.
Para aquelas pessoas que querem investir em uma casa totalmente inteligente o valor mínimo é R$ 70 mil, a depender do tamanho da residência.
“O custo é muito alto. Há casos que, dependendo da condição financeira, são idosos cuidando de outros idosos. Os idosos já são isolados socialmente e correm o risco de ficar isolados dentro da própria casa por causa da tecnologia”, afirma o professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Rodrigo Luiz Vancini.
“Os sistemas inteligentes já estão no mercado e a tecnologia é a tendência para o futuro. Mas, muitas vezes, o idoso tem somente a aposentadoria para sobreviver, não sabe como lidar com a tecnologia, então, vai precisar de um 'ator', outra pessoa para ajudá-lo”, afirma o arquiteto e professor da Ufes Tarcísio Bahia.
Ele observa que o aumento da expectativa de vida leva a uma necessidade de transformação da tecnologia. “Existem as leis que regulam os espaços públicos, os banheiros têm que ser acessíveis, deve-se evitar quinas, é obrigatório ter rampas. Vai mudando ao longo do tempo”, afirma o professor.
Tarcísio Bahia pondera que nem todos os idosos são independentes. “Se tiverem recursos, podem morar em casas que obedecem a comandos e eles não precisam nem sequer levantar. Mas a tecnologia não é amigável a todos”.
Rodrigo Luiz Vancini, que ministra a disciplina de Exercício, Saúde e Envelhecimento e Primeiros Socorros para o curso de Educação Física e é idealizador da MoveAge – envelhecimento Ativo (eA), afirma que a acessibilidade é restrita a um público específico.
“As pessoas precisam ser treinadas para usar esses dispositivos. As startups estão muito fortes em criar soluções para este público”.
O professor observa ainda que é preciso ter prevenção e regramento da saúde, fazer atividade física e usar a tecnologia para envelhecer bem.
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Lembrete virtual para hora do remédio
Foi em uma visita ao escritório da filha, a arquiteta Renata Modenesi, 54, que a aposentada Dealdina Salles Ramos, 87, viu todas as funcionalidades de uma assistente virtual e, segundo a filha, disse: “Eu quero uma igual!”.
Como dona Dealdina já fez curso de computação, não vê dificuldades com a tecnologia, de acordo com Renata.
“A assistente virtual é uma superaliada, pois é mais fácil que se levantar. É importante para lembrar do horário dos remédios, de tomar água, coisa que os idosos costumam fazer pouco, e minha mãe tem um sono leve. Então, podemos programar também para músicas relaxantes que levam para o sono com mais facilidade”, avalia a arquiteta.
Barra no box do banheiro
O casal de aposentados Sheila Maria Ramos Silveira, 78, e Antonio Carlos Silveira, 78, há cerca de seis anos colocou uma barra no box do banheiro como forma de evitar possíveis quedas.
“Temos tapetes antiderrapantes, uma alça no box do banheiro para apoio e deixamos um abajur ligado na sala à noite para não ficar totalmente no escuro”, conta Sheila.
Ela afirma que tem duas filhas, uma farmacêutica, que mora nos Estados Unidos, e uma médica, que mora perto dela e do marido. “Usamos o celular e o computador para nos comunicar. E nossas filhas sempre nos dão suporte”, explica.
confira as opções
Câmeras monitoradas
Permite que familiares e cuidadores de idosos monitorem com frequência, remotamente pelo celular, como está a situação em casa, ou em outro cômodo da casa.
Com a possibilidade do monitoramento a distância, há mais comodidade e segurança para os responsáveis e para os idosos.
Detector de fumaça
O equipamento é fixado no teto e tem circuitos eletrônicos que fazem com que o sensor acione um alarme em caso de fumaça e envie uma notificação via celular.
O ideal é que sejam instalados ao menos em áreas mais propícias à ocorrência de incêndios, como a cozinha.
Fechaduras a distância
Evitam que alguns idosos, principalmente aqueles que têm problemas de saúde como demência, fujam de casa e se percam na rua.
São controladas por meio de um aplicativo de celular e funcionam por meio de wi-fi. Eles permitem que a porta seja aberta ou trancada remotamente.
Assistente virtual
Uma pequena caixa de som que permite acionar outros aparelhos como lâmpadas, TV, entre outros, por comando de voz.
Para idosos, também é útil para lembrar do horário de medicação, de ingerir água, entre outras necessidades relacionadas à saúde. Ainda é possível ouvir música e o noticiário.
Interruptor inteligente
Muito útil para residências que têm idosos que levantam à noite para ir ao banheiro. Como obedecem a comando de voz, a pessoa não precisa procurar o interruptor para ligar ou apagar a iluminação.
Com isso, evita-se o risco de queda, um dos maiores motivos de internação de idosos, segundo especialistas.
Botão sem fio
É um colar que aciona um alarme de emergência e envia uma notificação para o celular do cuidador ou familiar caso o idoso passe mal e dê tempo de acionar o botão.
O equipamento também pode ser encontrado em formato de relógio e até de um clipe. É fundamental para que ele seja socorrido a tempo.
Sensor de presença
Pode ser fixado em janelas, portas, escadas e conectado na rede wi-fi. Por meio de um aplicativo de celular, é possível acompanhar os movimentos do cômodo onde o aparelho está.
No caso de idosos, por exemplo, pode evitar queda de escadas e fuga de portas para a rua, nos casos dos que têm demência.
Controle da iluminação
Por meio de comando de voz e um aplicativo, é possível programar as partes da casa que o familiar quer que sejam iluminadas de acordo com a rotina do idoso.
Por exemplo, o caminho do quarto, passando pelo corredor até o banheiro apenas falando a palavra “banheiro”, se ele acorda de madrugada.
Smartwatch
O smartwatch é muito mais que um relógio. Entre os recursos, o aparelho consegue perceber se a pessoa está tendo uma arritmia cardíaca, medir o nível de oxigênio ou a pressão arterial dos idosos.
O recurso de detecção de quedas também comprovou sua importância para auxiliar na vida dos idosos.
Celular e tablet
Os mais populares entre os idosos de todas as classes sociais são os celulares. Depois, estão os tablets e computadores.
Com esses equipamentos, eles se comunicam com familiares e amigos, mantendo sua rede de contato social, e utilizam para agendar consultas, entre outras utilidades.
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