SUS vai oferecer novo tipo de DIU até o final do ano
Novidade será oferecida no sistema público de saúde e vai contribuir para o tratamento contra endometriose
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Até o final do ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) irá oferecer outras duas opções de tratamento para mulheres que sofrem de endometriose, condição ginecológica inflamatória crônica que ocasiona o crescimento de células do endométrio, tecido que reveste o útero, para fora da cavidade uterina.
São elas: o Dispositivo Intrauterino Liberador de Levonogestrel (DIU-LNG) e o desogestrel, que é um anticoncepcional.

Segundo Thaissa Tinoco, ginecologista especializada em endometriose, o DIU-LNG libera o hormônio levonogestrel para dentro do útero, fazendo com que haja uma atrofia endometrial. Com isso, o endométrio fica fino e diminui de forma significativa a menstruação. “A maioria das mulheres, cerca de 80%, que usa o DIU hormonal, para de menstruar”.
“Como parte desse hormônio também é absorvida na circulação sanguínea, tendo um efeito sistêmico, ele ajuda a levar a atrofia dos focos de endometriose que estão fora do útero. Isso ajuda a controlar a dor (da doença)”.
Sobre o desogestrel, ela disse que seu objetivo é levar um bloqueio do funcionamento do ovário, e assim, os hormônios produzidos pelo órgão, principalmente o estrogênio, diminuem na circulação sanguínea. “O estrogênio é o principal hormônio que estimula a inflamação dos focos de endometriose”.
De acordo com Carlos Campagnaro, ginecologista e coordenador da Maternidade do Hospital São José e professor do Unesc, tanto o DIU-LNG quanto o desogestrel são o passo inicial.
“Se a mulher tem sintomas e o diagnóstico de endometriose, essas duas alternativas terapêuticas são bastante importantes para a gente começar a tratar as pacientes e elas se sentirem melhor”.
A ginecologista Anna Bimbato aprovou a incorporação das opções no SUS. “São eficazes e seguras, e melhoram bastante a qualidade de vida da maioria das mulheres. A disponibilização pelo SUS representa um avanço importante, especialmente para quem não tinha acesso fácil ao tratamento”.
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Endometriose
Segundo a ginecologista Anna Bimbato, a endometriose é uma doença inflamatória causada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Pode gerar dor e outros sintomas, especialmente no ciclo menstrual. Não se sabe exatamente o motivo de sua ocorrência, mas fatores como menstruação retrógrada, genética e desequilíbrios hormonais podem estar envolvidos.
A OMS apontou que a endometriose afeta uma em cada 10 mulheres em idade reprodutiva (15 a 49 anos).
Sintomas
Os sintomas incluem cólicas intensas, dor pélvica crônica, dor na relação sexual e alterações intestinais ou urinárias no período menstrual. Em alguns casos, a mulher pode ter dificuldade para engravidar ou nem perceber que tem a doença.
Tratamentos
O ginecologista Carlos Campagnaro explicou que os tratamentos são divididos em clínico e cirúrgico. O clínico é feito com remédios que visam a suspensão da menstruação. O cirúrgico deve ser feito quando o clínico não tiver dado certo, em que é necessária a retirada de cistos e nódulos.
Há medicamentos hormonais, pílulas anticoncepcionais, implantes de progesterona e DIU hormonal.
Novos tratamentos
O SUS passará a oferecer, ainda este ano, o Dispositivo Intrauterino Liberador de Levonogestrel (DIU-LNG) e o desogestrel.
O DIU-LNG suprime o crescimento do tecido endometrial fora do útero, sendo uma opção para mulheres com contraindicação ao uso de contraceptivos orais combinados (COCs). Segundo o Ministério da Saúde, a troca só é requerida a cada cinco anos.
E o desogestrel atua inibindo a ovulação, bloqueando a atividade hormonal e impedindo o crescimento das células endometriais fora do útero.
No Estado
A Secretaria de Saúde aguarda a publicação dos instrumentos normativos que irão detalhar distribuição, elegibilidade e quantitativo desses tratamentos a serem encaminhados ao Espírito Santo. A aplicação será realizada nas unidades básicas de saúde.
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