Solidariedade: jovens trocam o tempo livre por trabalho voluntário
Visitas a hospitais e asilos, doações de roupas e imersão em comunidades são algumas atividades solidárias
Na contramão da imagem de geração “desligada”, jovens doam tempo e talento para transformar vidas e realidades. Levar alegria para quem passa por dificuldades ou suprir necessidades de quem está em vulnerabilidade estão entre os propósitos de jovens voluntários capixabas.
Um exemplo é o grupo Semeando Sorrisos, que visita pacientes de dois hospitais de Vila Velha todo mês.
“O que eu espero levar aos pacientes é consolo, alegria, esperança e a certeza de que eles não estão sozinhos, transmitindo o amor de Cristo de forma leve e verdadeira”, destacou o consultor de vendas Natan Neves, 22 anos, integrante do grupo, que conta também com Allana Louzada e Thatyna Rodrigues.
O grupo foi fundado em 2013, na Comunidade Batista Cristã (ComBC), em Vila Velha, e atua no Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) e no Hospital Vila Velha.
Os integrantes se caracterizam como palhaços e tocam instrumentos musicais durante as visitas.
“Cada vez mais jovens têm trocado o tempo livre para participar de trabalhos voluntários. Muitos querem fazer a diferença, ajudar o próximo e viver algo com propósito”, disse Natan.
Thiago Souza, 28, e Amanda Mesquita, 23, participam do Cestas do Bem, que entrega cestas básicas para comunidades em vulnerabilidade social de toda a região da Grande Vitória.
“Mais do que a entrega das cestas, o trabalho é de acolhimento e escuta das famílias que visitamos”, contou Thiago, que é servidor público.
Amanda trabalha como projetista e faz graduação em Arquitetura e Urbanismo. Ela conta que, apesar de ser difícil conciliar os horários, sempre separa na agenda como prioridade o tempo para o voluntariado. “É algo que preenche a alma”.
O trabalho voluntário traz benefícios para os jovens porque os coloca frente a realidades diferentes das que eles vivem no dia a dia, afirmou a psicóloga Sátina Pimenta, colunista de A Tribuna.
“Esse contato com outras realidades amplia a visão de mundo, aumenta a empatia e fortalece habilidades socioemocionais importantes para a vida e para o futuro profissional.
Ela destacou que as gerações mais novas entendem o voluntariado como impacto social, não só como caridade.
Alunos em voluntariado de escola
“Temos a loja solidária, com doação de roupas, calçados e brinquedos, e a missão SCM, onde alunos têm uma imersão de três dias em comunidades com vulnerabilidade social”, explicou a coordenadora de orientação religiosa do colégio Sagrado, Andrea Almeida. Alunos do 9º ano do fundamental até o terceiro ano do ensino médio planejam e executam as ações.
Arte para cuidar
“Conseguimos tirar o paciente do 'modo doença' e colocá-lo no 'modo vida'. O efeito é imediato, um sorriso, um olhar que se ilumina ao ouvir música, poemas, ou ao receber carinho”.
Esse é o relato de Maria Morello, 23, graduanda em Medicina no Unesc, em Colatina, e que participa do projeto de extensão Arte pra Cuidar.
O projeto reúne alunos de Medicina, Psicologia, Fisioterapia, e outros cursos, com visitas a pacientes internados em hospital.
Doações para quem mais precisa
Pasta de dente, papel higiênico, fralda geriátrica, sabonete, talco, desodorante. Tudo isso, e outros itens, fazem parte da doação que alunos do Centro Educacional Leonardo da Vinci reuniram para o lar de idosos Avedalma, em Cariacica, conta a coordenadora das campanhas solidárias, Dora Sodré.
“É um projeto muito lindo, porque são idosos que não têm família e que moram lá. São doações para quem mais precisa. Os alunos sugerem as instituições para procurarmos, e nós fazemos quatro campanhas de caridade ao longo do ano para diferentes instituições”, explicou.
A coordenadora afirma que os alunos querem ajudar, se envolver, e sempre querem levar doações a algum asilo e visitar as pessoas.
Benefícios
Psicoemocionais
Do ponto de vista psicológico e emocional, o voluntariado gera sentimentos de realização, pertencimento e sociabilidade. A pessoa sente que está fazendo algo útil, que está contribuindo para algo maior, e isso traz conforto emocional e sensação de propósito.
Fisiológicos
Estudos mostram que ações voluntárias podem reduzir sintomas de ansiedade e depressão, melhorar o humor e estimular o cérebro a liberar neurotransmissores ligados ao bem-estar. É o chamado “Helper's High”, a euforia de ajudar.
Euforia de ajudar
O fenômeno bioquímico está relacionado ao aumento de substâncias como serotononina e dopamina, associadas à sensação de felicidade.
Índice de felicidade
Participar de ações voluntárias e ajudar quem precisa mais do que você traz resultado emocional através de pontos no índice de felicidade.
O índice é associado não apenas a um momento de felicidade, leva em consideração aspectos emocionais da pessoa.
Essa métrica é utilizada em diversos países para avaliar com maior precisão a felicidade dos habitantes.
Pessoas com personalidade altruísta e capacidade de doar o tempo pessoal para outras pessoas pontuam mais no índice de felicidade, apontam estudos realizados a respeito do tema.
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