Solidão é o maior medo de quem tem mais de 60 anos
Especialista explica que principal razão para essa preocupação é não ter quem cuide do idoso no momento em que for preciso
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Envelhecer é uma jornada que traz novas vivências, mas também pode trazer inquietações. Um levantamento feito pela Empresa Júnior da Universidade Vila Velha (Ejuvv) em parceria com o jornal A Tribuna aponta que a solidão é um dos principais medos de quem tem mais de 60 anos.
Dos entrevistados, 63,6% deles contaram que têm medo de ficar sozinhos, sem apoio ou amigos. Em seguida, o medo de doenças graves (27,3%), à frente do medo da morte (5,9%) e o medo de ficar sem dinheiro (3,2%).
“Creio que a principal razão para o medo da solidão é não ter quem cuide no momento em que for preciso. A probabilidade de doenças e incapacidades é alta na velhice avançada. E essa expectativa pode gerar muita insegurança e medo”, comenta a psicóloga Hilma Khoury, presidente do departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) no Pará.
Para o coordenador da pesquisa e professor da UVV Fabrício Azevedo, o medo da solidão chama atenção no resultado.
“Percebemos com os resultados da pesquisa que os idosos têm o apoio da família, sentem que têm assistência, mas ainda há um grande receio sobre o futuro. Podemos perceber que muito necessitam de cuidados com a saúde e isso traz a apreensão de ter que depender de alguém no futuro”.
Apesar do medo, ficar sozinho é uma realidade na terceira idade, salienta a geriatra Ronny Roselly Domingos, especialista em envelhecimento ativo.
“Estamos vivendo mais e os núcleos familiares estão menores. Por isso, essa é uma realidade para os idosos. Viver muito é lidar com essas perdas ao longo da vida. Então existe um medo real dos pacientes idosos”, ressalta a médica, que é membro da SBGG.
Mas é preciso ter cuidado com a solidão nessa idade, alerta a assistente social Monique Simões Cordeiro, co-coordenadora e assistente social da Universidade Aberta à Pessoa Idosa da Ufes. “A solidão pode ocasionar impactos na qualidade de vida da pessoa idosa e também provocar problemas físicos e mentais, como ansiedade, depressão e doenças cardíacas”.
Por isso, o médico e psicólogo Roberto Debski propõe a mudança de olhar para os momentos sozinhos. “Se houver um novo olhar, estas pessoas podem aprender que estar só pode ser uma experiência muito positiva. Ficar por períodos sozinho é uma oportunidade para o autoconhecimento”.
Pesquisa
Metodologia
Elaborada em parceria entre a Empresa Júnior da UVV e o jornal A Tribuna, a pesquisa foi feita entre os dias 14 e 17 de agosto de 2023, pela internet, com 187 pessoas.
Os entrevistados têm idade entre 60 e 75 anos, sendo que a maioria tem entre 66 e 70 anos (44,4%) e de 71 a 75 (38,5). Foram ainda 11,2% acima de 75 anos e 5,9% entre 60 e 65 anos.
Medos
- 63,6% tem medo da solidão;
- 27,3% tem medo de doenças graves;
- 5,9% tem medo da morte;
- 3,2% tem medo de ficar sem dinheiro.
Para não se sentir sozinho...
- 50,3% recebe a família em casa toda semana;
- 18,7% faz festa com os amigos toda semana;
- 16% frequenta atividades para terceira idade pelo menos uma vez na semana;
- 8% faz amigos na internet;
- 3,7% encontra com os amigos para uma conversa;
- 3,2% viaja com frequência.
Como se sente me relação a envelhecer?
- 54% tem um pouco de medo sobre o futuro;
- 25% está bem com a situação;
- 13,9% está apavorado em envelhecer;
- 6,4% acha um pouco assustador envelhecer.
Preparação para o envelhecimento saudável
- 88,8% vai ao médico pelo menos duas vezes ao ano;
- 79,1% faz exercícios pelo menos três vezes por semana;
- 63,6% tem uma alimentação saudável;
- 36,4% tem encontros animados com os amigos e familiares;
- 3,2% guarda dinheiro.
Expectativa para o futuro
- 71,1% quer curtir a família e os netos;
- 11,2% quer viajar bastante, conhecer novos lugares;
- 11,2% quer trabalhar com o que gosta/ abrir negócio próprio;
- 6,4% quer viver tranquilo.
Doenças crônicas
- 92,5% tem diabetes;
- 82,9% tem hipertensão;
- 12,8% tem catarata;
- 9,1% tem osteoporose;
- 8% não tem nenhuma doença;
- 5,9% tem osteoartrite;
- 9,6% tem outras doenças crônicas.
Como está a saúde?
- 94,7% faz uso de medicamentos;
- 74,9% não se considera saudável.
Desabafo
Demência
A atriz Emma Heming, 45, casada com o ator Bruce Willis, 68 anos, fez um desabafo na última semana sobre como é ser cuidadora do ator, que sofre de demência frontotemporal (DFT), que é degenerativa e afeta, principalmente, idosos “jovens”.
“Não quero que pareça que estou bem, porque não estou. Quando não estamos cuidando de nós mesmos, não conseguimos cuidar de quem a gente ama. Estou fazendo o melhor”.
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