Soldador corre risco de ficar sem falar após ser atingido por linha de cerol
José Cordeiro de Lima Neto estava voltando de moto após fazer entrega quando a linha cortou seu pescoço, atingindo a traqueia
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A perigosa mistura de cola e pó de vidro, conhecida como cerol, ainda tem feito vítimas no ES. No último domingo, um soldador de 47 anos ficou gravemente ferido após ter seu pescoço cortado por uma linha de pipa com a substância.
Segundo a família, José Cordeiro de Lima Neto está internado na UTI do Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, e corre o risco de nunca mais falar.
O acidente aconteceu por volta das 15h do último domingo, quando ele passava pela avenida Gonçalves Ledo, no bairro Ilha dos Aires, em Vila Velha.
A mulher de Cordeiro, a dona de casa Rita de Cássia Altafim, 47, contou que ele estava voltando de uma entrega quando foi atingido pela linha.
“Ele trabalha durante a semana como soldador, mas nos finais de semana faz entrega como motoboy para complementar a renda. Estava indo almoçar em casa quando passou pela linha”.
Segundo Rita, os motoristas que trafegavam atrás da moto de Cordeiro viram a linha e foram verdadeiros anjos.
“Um deles contou que meu marido não percebeu imediatamente o que tinha acontecido, então começou a buzinar para que ele parasse. Foi quando ele percebeu o sangue e parou”.
Rita revelou que, imediatamente, o motorista também parou o carro e já tirou a blusa para fazer compressão no pescoço do marido dela. “Outra motorista que vinha atrás já falou para colocar ele para dentro do carro que ela iria levar. Eles salvaram ele, pois socorreram muito rápido”.
Ela contou ainda que no trajeto o marido estava consciente, mas sangrando muito. “O médico me disse que foi um milagre, pois a linha cortou profundamente. Ele teve lesão de traqueia, o que é muito grave, e passou por traqueostomia. Agora, corre o risco de não poder mais retirar o tubo da traqueostomia e não falar também. Ainda vão avaliar mais para frente se precisará de outra cirurgia”.
A sensação para ela é de revolta pelo que aconteceu. “Vi meu marido sair de casa feliz, brincando, para ir trabalhar e, de repente, ele está em uma cama de hospital por causa de assassinos que usam linha de cerol. Isso é crime, tem lei que proíbe. Por que não fiscalizam quem usa nos bairros? Por que não fazem abordagem?”, questionou.
Rita de Cássia ainda contou que registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil para apuração do que aconteceu.
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Lei proíbe uso de substância
O uso de cerol ou outros produtos cortantes em linhas de pipa já é proibido no Estado. Segundo a lei 8.092, não é permitida a fabricação, a comercialização e o uso de cerol e da chamada linha chilena no Espírito Santo.
O cerol é originado da mistura de cola e vidro ou outro produto abrasivo em linha de pipa. Já a linha chilena é a mistura de madeira com óxido de alumínio, silício e quartzo moído, ainda mais cortante. O não cumprimento da lei pode acarretar em multa de R$ 2.148.
Quem provoca acidente com esse tipo de linha ainda pode responder por crimes como de lesão corporal, em caso de provocar ferimentos, ou por homicídio, caso provoque a morte da vítima.
Sobre a comercialização, a Prefeitura de Vila Velha informou que fiscaliza estabelecimentos que vendem material similar e, em caso de encontrar cerol ou linha chilena, o estabelecimento tem o alvará cassado.
Disse, ainda, que a fiscalização atua também por meio de denúncia em caso de venda pela internet ou outros meios, com auxílio da Guarda Municipal. Para denunciar, o cidadão pode ligar para 162 (ouvidoria) ou para 3149-7444 (central da Guarda Municipal).
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