Segredos da “barrinha de cereal” do governador
Torresmo, que ganhou esse apelido por conta de seu formato, vem se popularizando após brincadeiras feitas por “Casão” na internet
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Há quem acredite que ferradura, olho grego e pé de coelho são objetos que trazem sorte. Mas uma saborosa iguaria típica dos botecos da Grande Vitória tem funcionado muito bem como amuleto, pelo menos para o governador do Estado Renato Casagrande, o “Casão”.
Trata-se do torresmo, que o governante apelidou carinhosamente de “barrinha de cereal”, por conta de seu formato. O político esteve com o petisco nas finais da Libertadores e do Brasileirão e não deu outra: o Botafogo, seu time do coração, foi campeão nos dois!
Nas redes sociais, Casagrande compartilhou a passagem por três estabelecimentos diferentes para comprar o alimento, mas o primeiro a receber a visita do governador foi o Kaiana’s Bar, localizado a 160 metros do Palácio Anchieta.
Proprietário do local que existe há mais de quatro décadas, Itamar Broseghini, 57, revela que já chamava seu produto de “barrinha de cereal”. Contudo, o apelido “pegou” mesmo após as visitas do político.
“O movimento aumentou bastante por causa das vindas dele ao bar. Cheguei a fazer 140 quilos de torresmo em uma semana. Os servidores que passam por aqui brincam: 'meu patrão esteve aqui, né?'”, diz Itamar, aos risos.
Feliz com a propaganda gratuita, o empresário, que é flamenguista, foi além: comprou sacolinhas personalizadas do Botafogo para servir a iguaria ao famoso cliente. “Os torcedores do Flamengo, que são maioria no bar, já falaram que vão testar esse amuleto nos jogos de 2025”.
Mas o que fez o torresmo de Itamar cair no gosto do público? “Pego a barriguinha, corto em pedaços e boto para fritar. Frito a primeira vez e, quando está quase pronto, tiro, deixo descansar e frito de novo. Fica crocante e sem gordura”. O produto é vendido a R$ 6 a unidade.
Jardim da Penha
Outra “barrinha de cereal” que caiu na “graça” do governador é a produzida no Bar do Pezão, em Jardim da Penha. O local, que já existe há 27 anos, também tem o torresmo como carro-chefe chegando a vender 700 quilos por mês. A unidade sai a R$ 22,90.
“Muita gente diz que nunca viu um torresmo tão grande igual o nosso. São três camadas de carne. A gente tempera, joga na gordura e frita. Ele pode ser servido inteiro ou cortado”, relata José Antônio Tonon, o “Pezão”, de 52 anos.
Seu torresmo atrai, inclusive, os frequentadores de uma academia que fica ao lado do bar. “Eles dizem: 'vou acabar de malhar aqui e depois desço para comer a barrinha de cereal'. Um torresmo com uma cervejinha, com certeza, é o segredo do 'pique' do governador”.
Depoimento do Governador
“Tudo começou como uma brincadeira. Como faço muito exercício físico, sempre estou correndo, as pessoas brincavam sobre eu gostar de um torresmo. Então, apelidei de 'barrinha de cereal' e pegou!
A história com o Botafogo começou após ir ao Kaiana’s, logo depois de um dia de agendas no Palácio Anchieta e, naquele dia, tinha jogo e acabamos ganhando. Como todo botafoguense é supersticioso, voltei no jogo seguinte e ganhamos de novo! Na 3ª vez que fui, já tinham feito até sacolinha personalizada.
Para você ver que deu tanta sorte, os jogos que fiquei fora no Brasil durante a COP29, não comi a barrinha e o Botafogo também não ganhou. Eu voltei, passei a buscar novamente no Kaiana’s, às vezes no Pezão e deu no que deu: títulos do Brasileirão e da Libertadores. Fiz questão de levar minha 'barrinha de cereal' da sorte na mochila na final da Libertadores lá em Buenos Aires para não ter erro”.
Turistas aprovam a iguaria
Durante o período de recesso, o aposentado José Calazans, 84, convidou o cunhado Carlos Leão, 67, e o sobrinho André, 37, para saborear o torresmo do Bar do Pezão. Eles, que são de Vinhedo, em São Paulo, desta vez trouxeram a noiva de André, a arquiteta Miriã Zechin, 33.
“Meu pai tem um açougue em Vinhedo que só vende carne de porco, então tenho propriedade para avaliar. E, olha, esse torresmo é realmente muito bom. Está aprovado!”, afirma a turista.
“Manter a tradição”
O engenheiro Luiz Monfradini, de 57 anos, é botafoguense de coração, assim como o governador do Estado Renato Casagrande. Cliente do Bar do Pezão desde sua abertura, há 27 anos, ele torce para que o governante continue comprando as “barrinhas de cereal”.
“Espero que ele continue comendo muito torresmo em 2025, para dar lucro para os bares e o 'Fogão' continuar ganhando. Não sou supersticioso, mas, se tá dando certo para o Casagrande, tem que manter a tradição”, afirma, aos risos.
ONDE ENCONTRAR
Kaiana’s Bar
Foi onde teve início a superstição do governador Renato Casagrande em comprar torresmo para dar “sorte” ao Botafogo nas partidas de futebol.
Com as postagens do governante, servidores que atuam no Palácio Anchieta passaram a ir até o local para degustar a iguaria. A sede do Governo do Estado fica a 120 metros do bar.
End.: R. Pedro Palácios, 104, Centro, Vitória.
Bar do Pezão
O governador também gosta do torresmo produzido pelo bar de Jardim da Penha e costuma passar por lá quando está indo para a casa de sua mãe, que fica próxima à região.
Uma de suas visitas aconteceu no intervalo do “Horasis Global Meeting”, que aconteceu em outubro, na Cidade da Inovação – Ifes, em frente ao bar. Na ocasião, ele levou o alemão Frank-Jürgen Richter, fundador do evento, para conhecer a iguaria.
End.: Av. Anísio Fernandes Coelho, 1141, Jardim da Penha, Vitória.
Bar do Zé
Este Mês, o governador esteve no bar canela-verde. O local conquistou o 3º lugar como “Melhor Boteco”, na última edição do “Roda de Boteco”.
End.: R. José Machado de Paula, 151, Santos Dumont, Vila Velha.
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