“Saí da depressão com o voluntariado”, diz aposentada do ES
Estudo americano mostrou que pessoas solidárias tiveram até 50% menos chance de sofrer de depressão
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Foi ao ajudar outras pessoas que a aposentada Penha Maria Cunha Thomaz, de 66 anos, encontrou uma forma de curar sua própria dor.
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Após perder o filho Pedro, aos 21 anos, em decorrência de um câncer em 2008, a aposentada entrou em depressão, mas viu sua dor se transformar quando, no voluntariado, encontrou um novo propósito de vida.
“O voluntariado e a necessidade de honrar aquilo que meu filho pregava me ajudaram a sair da depressão”, conta.
Penha relata que entre a descoberta do câncer no ducto de bellini (região central do rim), que atingiu o jovem, até sua partida foi exatamente um ano.
“Eu e os irmãos dele passamos um ano inteiro cuidando dele. Deus mandou anjos para cuidar dele, como o médico de São Paulo que o acompanhou. Fomos tratando até que um dia o pastor Uziel de Jesus, que o visitava, me disse que eu precisava liberar meu filho. Falei com Deus que era para ser feita a vontade Dele e uma semana depois ele partiu”.
A partida de Pedro “tirou o chão” da aposentada, como ela relata. “Depois que ele se foi, eu não sabia mais o que fazer, fiquei deprimida e triste. Meus outros dois filhos me incentivaram a seguir em frente”.
Penha conta que começou a participar de uma casa espírita e, com outras amigas, iniciou um trabalho voluntário no Centro de Vivência Shalom, em Central Carapina, na Serra.
“Assim, eu comecei a perceber que tinha muito para dar, mas o que eu ganhava em troca era muito mais. Ia de uma a duas vezes na semana passar o dia lá. Ajudávamos a cuidar da higiene das crianças, contávamos histórias, ajudávamos nos deveres de casa. Eu me identifiquei muito”.
A aposentada também começou a fazer trabalho voluntário de bordados para um hospital. Atualmente, ela ajuda com o trabalho voluntário na Sociedade Praiana de Estudos Espíritas, confeccionando perucas de lã para crianças com câncer.
“Como o Pedro morreu de câncer, qualquer coisa que eu possa fazer para ajudar quem passa pelo mesmo, estou sempre envolvida. Vejo que o voluntariado me preenche, me fez deixar de olhar para mim mesma, para minha dor, e olhar que ao meu lado também têm pessoas sofrendo”.
OPINIÕES
"O trabalho voluntário traz uma série de benefícios para a saúde física e mental. Focar em ajudar e fazer diferença na vida de outras pessoas pode diminuir os níveis de estresse e ansiedade", Amanda Bovnad, psicóloga.
"Estudos mostram que o cérebro de quem pratica voluntariado libera mais hormônios, como a dopamina e a serotonina, responsáveis pela felicidade", Ana Paula Cunha, psicóloga.
Ajuda em abrigo de crianças
O empresário Thiago Vomoca Cardoso, de 40 anos, há 15 anos começou a fazer trabalhos voluntários. Ele possuía uma loja de roupa, e as peças de ponta de estoque, ele entregava para a doação. Thiago mudou de ramo, mas mantém o mesmo objetivo: ajudar quem mais precisa.
“Hoje o que faço é uma corrente de arrecadação: posto nas redes sociais, ligo para os amigos e incentivo as pessoas a doarem. Sempre penso que, cada um ajudando um pouco, conseguimos ajudar mais pessoas”, afirmou.
Thiago disse que normalmente existem ONGs que já têm o costume de ajudar. Um dos locais que o empresário é voluntário é um abrigo de crianças abandonadas. “Meu foco é arrecadar as doações e levar até quem precisa”.
“Acredito que precisamos separar nem que seja dinheiro, tempo, alimentos e roupas para ajudar outras pessoas. Acredito que Deus quer que tenhamos esse sentimento de poder ajudar o próximo”, ressaltou.
PROJETO MÃOS DO CORAÇÃO
Saúde mental e espiritual
Há 20 anos, a chef de cozinha Toninha De Nadai, 68, dedica seu tempo e talento para ajudar instituições. À frente do projeto Mãos do Coração, com sua equipe, ela cuida de um bazar onde recursos são levantados para promoverem jantares beneficentes.
Por traz de todo esse amor, dedicação e respeito pelo serviço voluntário, há um passado de batalha: há 19 anos, a chef perdeu um filho, na época com 27 anos, em um acidente de moto, e seis meses depois passou por uma separação.
“Foi uma batalha atrás da outra. O que me levou a fazer o que faço e ter a caminhada que tenho foi eu me agarrar no voluntariado. Foi uma barra! Posso ter dias tristes, mas nunca tive depressão. Sou movida pelo voluntariado, ele faz bem à minha saúde mental e espiritual”.
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