Ciência comprova que fazer o bem melhora a saúde
Estudo americano mostrou que pessoas solidárias tiveram até 50% menos chance de sofrer de depressão
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Uma vida com menos estresse, menor risco de desenvolver depressão e outras doenças crônicas e com mais alegria. Parece difícil? Mas é possível para quem faz o bem. A ciência comprova que fazer o bem, além de melhorar a saúde, pode aumentar a expectativa de vida.
Estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, mostrou que pessoas com traços consistentes com a prática de atos solidários apresentaram até 50% menos chance de sofrer de depressão, além de serem menos propensas a doenças cardiovasculares.
Já uma pesquisa feita pela Universidade de Michigan (EUA) comprovou que as pessoas que fazem trabalho voluntário têm, em média, quatro anos a mais de vida do que os que não praticam voluntariado.
“Temos evidências irrefutáveis de que o trabalho voluntário reduz o estresse, melhora a autoestima e humor. Nos referimos ao trabalho voluntário que a pessoa se sente bem em fazer, e pode ser em qualquer área”, destaca o psiquiatra Jairo Navarro.
O médico explica que há uma série de alterações no sistema imunológico de quem ajuda outras pessoas. “A pessoa tem uma diminuição de citocina pró-inflamatória, há uma melhora nos níveis de noradrenalina, de cortisol, que são hormônios do estresse”.
Outro benefício para o corpo proporcionado pelo trabalho voluntário pontuado pelo psiquiatra é a redução das chances de desenvolver doenças crônicas.
“Isso acontece porque as doenças crônicas, em geral, acontecem por processos inflamatórios crônicos. Lógico que, para a pessoa que já têm a doença, ela precisa manter o tratamento recomendado”.
A psiquiatra Letícia Mameri frisa que uma das coisas que mais protege contra o adoecimento mental é ter um propósito. “O voluntariado é uma forma de a pessoa exercitar o propósito”.
Ao ajudar o próximo, uma área específica do cérebro é ativada, de acordo com a psicóloga Vanessa Cristina.
“São as áreas cerebrais relacionadas ao prazer, sentimento de apego e pertencimento. Quem está ajudando ou sendo solidário, ganha mais do que quem está sendo ajudado. O trabalho voluntário ainda ajuda nas crises de ansiedade, insônia e dores de cabeça”.
“Meu propósito é cuidar do outro”
Em 2017 a dentista Renata Pimentel Araújo, hoje com 48 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Morando no Rio de Janeiro, em Niterói, ela se tratou e voltou para Vitória.
“Depois que tive câncer, senti ainda mais necessidade de ajudar. Eu acredito muito que Deus me deixou aqui para esse propósito: cuidar do outro e contar a minha experiência”
Hoje, Renata é voluntária no Hospital Santa Rita de Cássia, na Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer (Afecc), como diretora de Voluntariado.
“Quando recebi o diagnóstico do câncer de mama, foi um impacto muito grande. Eu não pensei na morte, pensei que tinha de me tratar porque precisava ver meus filhos crescendo. Assim que voltei para Vitória, em 2019, quis logo me voluntariar na Afecc e foi paixão à primeira vista”.
Uma vez na semana, Renata fica no ambulatório do hospital recebendo os pacientes que chegam até o local.
“Cada dia que vou até o hospital, posso não ter acordado bem, mas eu chego lá e esqueço todos os meu problemas, saio renovada, com o coração cheio de gratidão. Só tem esse sentimento quem é voluntário. É um propósito”, ressalta.
Serviço de caridade e esperança
Exemplo com os pais
Ainda na infância, a dentista capixaba Patricia da Costa Gomes, 38, aprendeu o significado do voluntariado ao ir com seus pais em locais carentes fazer doações. Ela conta que sempre teve o desejo de seguir na área da saúde para ajudar pessoas carentes.
“Desde que me tornei dentista, sempre tive vontade de servir a Deus com o meu talento como uma forma de gratidão às bênções recebidas por ele”.
Foi em 2015 que ela iniciou sendo dentista voluntária em uma ONG em Cariacica. Depois disso, não parou mais: Patricia já atendeu comunidades na Amazônia dentro de um barco, já esteve na Bahia e em Pernambuco.
Atualmente, ela mora em Houston, no estado do Texas, nos Estados Unidos, onde é pesquisadora e tem servido em um consultório odontológico dentro de um abrigo que recebe refugiados, sem fins lucrativos, como tradutora do espanhol para inglês.
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