Residências coletivas para idosos têm até fila de espera
Espaços, que eram chamados de “asilos”, atualmente oferecem atividades de lazer, passeios e cuidados médicos 24 horas
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Ninguém gosta de pensar em como estará quando envelhecer. Mas é preciso. A população idosa cresceu mais de 70% nos últimos 12 anos, segundo o Panorama do Idoso do Espírito Santo, divulgado pelo Instituto Jones dos Santos Neves. No Estado, residências coletivas para idosos têm até fila de espera.
Uma delas é a Casa de Repouso Aconchego. São três unidades – Araçás, Vila Nova e centro de Vila Velha – divididas pelo grau de apoio que o idoso precisa.
“A procura é muito grande. Trabalhamos com lista de espera”, conta Paola Oliveira, uma das sócias-proprietárias.
Em seu entendimento, esse aumento decorre de uma mudança no perfil da sociedade. “O formato mudou. Não é mais aquela família grande que sempre tinha alguém para cuidar”.
Sua sócia, Thalita Dettmam, acrescenta que a entrada da mulher no mercado de trabalho também influenciou.
“A mulher ficava mais em casa tomando conta dos filhos e dos idosos. Hoje a mulher também está trabalhando e já não tem esse tempo”.
Ela acrescenta que o Brasil é um país que está envelhecendo, com a pirâmide etária começando a se inverter. “Planejamos tudo: viajar, casar, ter filhos. Mas ninguém planeja a velhice, e é preciso. A casa de repouso está aqui para apoiar”.
Chamadas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), locais como o de Thalita e Paola oferecem cuidado 24 horas, com uma equipe especializada. A rotina inclui alimentação balanceada, respeito às preferências dos idosos, atividades para estimular a mente, passeios, entre outros.
Gabriela Taquetti, diretora administrativa de outra ILPI, a Mo’ã Residência Ativa, em Vitória, conta que com a mudança do nome – antigamente esses espaços se chamavam asilos – vieram mudanças nas características desses locais.
“A nossa rotina se adapta à do idoso. A ideia é que ele tenha sua individualidade preservada, que se sinta num lugar aconchegante. Quando criamos esse espaço, pensamos no local que gostaríamos de morar quando envelhecermos”.
Na rotina das ILPIs, o contato com a família é indispensável, destacam as especialistas. “Estimulamos as visitas e temos um ambiente agradável onde podem ficar à vontade”, afirma Gabriela.
Responsável técnica do Abrigo Lar Pouso da Esperança, na Serra, Patrícia Benevesuth acrescenta que o contato com o exterior é mantido através de visitas, passeios pela comunidade e outros.
Companhia

“Aqui é ótimo. É minha sorte. Tenho companhia dia e noite. Roupa lavada, almoço, café, jantar e o cozinheiro me chama de 'vó' e me dá um pacotinho de biscoito para comer de noite”, conta Maria Lopes, 91. Faz seis meses que ela está hospedada na Casa de Repouso Aconchego. “Tem até aula de pintura”.
Maria nunca teve filhos e o marido já morreu. Quem cuida dela são os filhos da irmã. “Ela já faleceu, mas digo que é a maior heroína do mundo porque criou esses filhos”.
Os sobrinhos a visitam sempre que podem e a levam para passear.
“Passei a vida trabalhando no Sesi. Fazia de tudo. Dava aula de bordado, costura e pintura. O pessoal aqui comprou agulha e linha. Já tricotei tapete e cachecol. Adoro”, conta.
Algumas atividades disponíveis nas residências coletivas
Passeios, jogos, festas e brincadeiras
Entre horários de alimentação e cuidados básicos, idosos acolhidos ou hospedados em residências coletivas realizam atividades. E elas são variadas. Vão de passeios à praia, festas juninas até olimpíadas, afirmam especialistas.
“Oferecemos um monte de atividade. Ano passado fizemos uma olimpíada com eles, cheia de brincadeiras, como futebol e jogo de pino”, conta Patrícia Benevesuth, responsável técnica do Abrigo Lar Pouso da Esperança, na Serra. Ela também conta que entre os passeios realizados, um dos mais aguardados é a ida à praia. “Fizemos uma festa agostiniana, aniversários”.
Gabriela Taquetti, diretora administrativa da Mo’ã, conta que são realizadas várias atividades para estimular o cognitivo dos hóspedes, inclusive aulas de ioga.
“O idoso que gosta de pescar, a gente coloca ele para pescar, aproveitando que estamos ao lado do canal, em Pontal de Camburi. Quem gosta de culinária, temos uma horta. Ficamos de olho nos programas que eles gostam para avisá-los”.
Entenda
O que são ILPIs?
As Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) são espaços destinados a acolher pessoas com 60 anos ou mais, oferecendo não apenas moradia, mas também cuidados de saúde, segurança, atividades e socialização.
Embora todas sejam oficialmente ILPIs, muitas delas utilizam nomes fantasia como casa de repouso, abrigo ou residência ativa.
É caro?
Segundo Paola Oliveira, proprietária da Casa de Repouso Aconchego, em média, a hospedagem custa R$ 7.500 em Vila Velha. Ela explica que o preço varia.
Em Vitória, por exemplo, chega a R$ 8.500. Embora seja custoso, destaca que “é um serviço completo de 24 horas com atendimento integral de saúde e qualidade de vida”.
Também há locais que oferecem serviços de day care ou onde os idosos podem ficar hospedados em finais de semana, aproveitando os serviços oferecidos pelo local.
O que verificar ao buscar um local para meu familiar?
Verificar se a instituição está regularizada, com documentação e alvará em dia.
Visitar o espaço, conversar com a equipe e observar a rotina ajudam a avaliar se o ambiente é seguro e acolhedor.
Cuidado com locais em que o preço parece “bom demais para ser verdade”. Há o risco de a economia acontecer às custas da saúde do familiar.
Há instituições gratuitas? Como acesso?
A assistente social Patrícia Benevesuth explica que existem instituições filantrópicas no Espírito Santo.
Na Serra, por exemplo, os idosos são encaminhados a partir da Secretaria de Assistência Social da Serra.
“Eles fazem uma avaliação e o acolhimento ocorre quando outras opções já foram excluídas”, explica Patrícia.
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