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Regional

Rio que conta histórias do ES está quase “morto”

Santa Maria da Vitória era o responsável pelo transporte de café da Região Serrana para a capital no século 19 e hoje está poluído


Imagem ilustrativa da imagem Rio que conta histórias do ES está quase “morto”
Rio Santa Maria da Vitória é um dos maiores responsáveis pelo abastecimento de água da região metropolitana |  Foto: Divulgação

O rio Santa Maria da Vitória, que nasce entre Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá e abastece municípios da Grande Vitória, foi palco para grandes acontecimentos históricos e hoje está quase “morto” pela poluição.

Segundo o biólogo Antônio Marcos Orlandi, 37, em alguns pontos, é possível ver garrafas, plástico e até geladeira flutuando no rio.

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“Em um percurso pelo trecho do rio Santa Maria, na Serra, foi possível ver toda a poluição. A região onde mais se encontrou foi na região de Queimado. Já no começo do caminho, um outro contraste: a vegetação secou e o que se vê é um muro de pedras”.

Mas o que muitos capixabas não sabem é que o rio Santa Maria da Vitória era o responsável pelo transporte de café da região serrana para a capital do Espírito Santo. Muito antes de ser um dos maiores responsáveis pelo abastecimento de água do Estado e essencial para lavouras e indústrias, o rio já ocupava papel de destaque.

A intensa movimentação portuária fluvial fez de Santa Leopoldina importante polo econômico, social e cultural do século 19, segundo historiadores.

Pelo rio, chegaram imigrantes e as novidades, vindos da Europa, além de ser a única forma de transporte do que era cultivado.

O historiador Claudio Paiva Nunes, 50, diz que o rio ditou a localização da sede da colônia de Santa Leopoldina. “Mas o transporte fluvial era tão importante que a sede da colônia veio para o porto das embarcações, o Porto de Cachoeiro, que hoje é Santa Leopoldina”.

Era pelo Porto de Cachoeiro que se exportava o café produzido na região, incluindo Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Itarana, Itaguaçu, Afonso Cláudio e municípios do leste de Minas Gerais.

“Os imigrantes bem-sucedidos viraram grandes produtores de café e importavam artigos de luxo da aristocracia europeia, que chegavam pelo rio”, complementou.

Ainda segundo o historiador, pelo rio vinham utensílios domésticos, ferramentas, rendas, porcelanas, perfumes, máquinas de costura, vinhos, entre outros. Os produtos que chegavam de navio até o Porto de Vitória subiam o rio Santa Maria em grandes canoas.

Imagem ilustrativa da imagem Rio que conta histórias do ES está quase “morto”
Santa Maria da Vitória, em 1922: produtos que chegavam de navio até o Porto de Vitória subiam o rio em grandes canoas |  Foto: Divulgação

Você sabia?

O rio Santa Maria da Vitória é um dos principais responsáveis pelo abastecimento da Grande Vitória. Sua bacia hidrográfica está localizada na região centro-sul do Espírito Santo, abrangendo cinco municípios: Santa Maria de Jetibá e parte de Santa Leopoldina, Cariacica, Serra e Vitória.

Saiba mais

Rio Santa Maria da Vitória

Área: 1.810,14 quilômetros quadrados.

Extensão: 132,42 km.

Principais afluentes: rios Posmouser, Claro, São Luiz, Bonito, da Prata, Mangaraí, Caramuru, Duas Bocas, Triunfo, Farinhas, Fumaça e São Miguel.

Gerenciamento: rio de domínio estadual.

Nascente: Serra do Garrafão, município de Santa Maria do Jetibá.

Foz: deságua na Reserva Ecológica da Ilha do Lameirão, na baía de Vitória.

Municípios cobertos pela bacia

Integra, além de Santa Maria de Jetibá, grande parte do município de Santa Leopoldina, cerca de metade de Cariacica e uma pequena parte (14%) do território da Serra.

Embora não esteja inserida fisicamente na bacia, Vitória a integra por ser abastecida pelas águas do rio.

Atividades econômicas: além do abastecimento humano, o rio é usado para irrigação, indústrias e geração de energia.

Fonte: Iema, Cesan e Ufes.


"Devemos muito ao Santa Maria"

Imagem ilustrativa da imagem Rio que conta histórias do ES está quase “morto”
O pesquisador e jornalista Adriano Lima destacou a importância do rio Santa Maria da Vitória para o Estado |  Foto: Clóvis Rangel/AT

O pesquisador e jornalista Adriano Lima Neves, de 60 anos, reforça a importância do rio Santa Maria da Vitória para a história do Espírito Santo.

Segundo ele, o Porto do Cachoeiro, hoje renomeado de Santa Leopoldina, testemunhou um momento emblemático em sua história.

“Devemos muito ao rio. A chegada dos primeiros automóveis no interior do Espírito Santo, na década de 1910, foi por ele”.

De acordo com o pesquisador, os automóveis foram adquiridos pelos “abastados comerciantes desse próspero porto fluvial diretamente da Europa”. Os veículos desembarcaram no Porto de Vitória e, posteriormente, navegaram pelo rio Santa Maria da Vitória em canoas, até chegar a Santa Leopoldina, inaugurando a era rodoviária no Espírito Santo.

Lima conta que as margens do rio também foram palco da resistência escrava, que resultou na insurreição de Queimado, em 1849.

“O frei Gregório José Maria de Bene, missionário italiano contrário à escravidão, incentivou a construção de uma igreja no povoado de Queimado. Para isso, contou com mão de obra dos negros, sob a promessa de que a ajuda seria recompensada com a liberdade. A missa de inauguração foi 19 de março de 1849, dia da Festa de São José. Durante a celebração, escravos invadiram a igreja”.

Primeira grande enchente em 1876

Quando se fala em enchentes no rio Santa Maria da Vitória, além das mais recentes ocorridas em 2009, 2013 e 2019, a mais lembrada pela população é a de 1960, segundo pesquisadores.

Mas, mesmo com a inexistência de registros oficiais que mostrem informações mais precisas, sabe-se que várias outras enchentes ocorreram no rio.

O primeiro registro de grande enchente é do final de 1876, quando vários grupos de imigrantes ficaram retidos em Vitória até janeiro de 1877.

Eram imigrantes que tinham a colônia de Santa Leopoldina como destino, mas que foram impedidos de subir o rio em função da grande enchente daquele verão, que impediu que as canoas fizessem as viagens até a capital.

As canoas que estavam no Porto de Vitória não tinham chance de subir o rio, uma vez que as varas utilizadas como remos não conseguiam tocar o fundo do rio.

Outro registro é a grande enchente de fevereiro de 1885 que, além de arrancar os pranchões de madeira da Ponte do Nazareth, deixou algumas casas ameaçadas de desmoronamento.

Como no século 19, as casas eram feitas, em sua maioria, de barro, muitas foram abaladas pela inundação, segundo historiadores.

Nessa enchente, um incidente ficou muito marcado na memória da população da época.

O primeiro foi a condenação do imóvel onde funcionava a padaria do senhor Teodoro Rudio, muito conhecido na época.

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