Navio afundado em Guarapari atrai turistas do mundo todo
Victory 8B, afundado há 20 anos em frente à Ilha Escalvada, é considerado o maior recife artificial de peixes da América Latina
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Maior recife artificial de peixes da América Latina, o navio Victory 8B comemora 20 anos no fundo do mar e segue atraindo mergulhadores do mundo inteiro para o Estado.
Afundado em frente à Ilha Escalvada, a 12 quilômetros da orla de Guarapari, a embarcação se tornou o local para se encontrar a maior biodiversidade de peixes recifais. Após duas décadas, as espécies seguem se multiplicando e aumentando a beleza do navio.
“Milhares de turistas de todo o mundo visitaram a cidade só para conhecer o navio de perto. O Victory é uma atração superimportante para Guarapari, uma vida marinha abundante foi atraída pelo navio e é uma conquista que a cidade teve. Temos muito o que comemorar esses 20 anos”, declara o empresário e mergulhador Bruno Felipetto.
O ponto onde o navio está foi descoberto pelo argentino Julio Yaber, que era instrutor de mergulho na época e participou diretamente do afundamento controlado do Victory 8B, em 3 de julho de 2003.
O navio tem 89,77 metros de comprimento e está a pouco mais de 30 metros de profundidade. Antes de ir parar no fundo do mar, o mergulhador lembra que foram necessários três anos de trabalho para preparar o navio, que estava abandonado no Porto de Vitória depois de ser apreendido pela Companhia Vale do Rio Doce a pedido do Banco Central da Grécia. Existia uma dívida referente à multa por atraso na entrega de carga.
“Retiramos todo o material líquido que podia ser contaminante, tiramos tubulação, separações entre as cabines, motores e fiação elétrica. Foram 500 dias efetivos de trabalho com engenheiro naval e pesquisas realizadas em outros países”, conta Julio.
“No dia do naufrágio, inundamos os porões e o navio foi lentamente para o fundo. Foram duas horas e 40 minutos até o navio chegar no fundo do mar”, lembra.
Duas décadas depois, surge uma preocupação. Uma tempestade fez com que o navio quebrasse e, nessa ruptura, muitas partes da embarcação foram tomadas pelo coral do Sol, considerado um invasor.
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“Quase todas as partes do Victory foram tomadas pelo coral do Sol, que é perigoso para as espécies de Guarapari, porque onde chega, mata espécies nativas. Vamos precisar de investimentos e de alguém que possa nos ajudar para que possamos liberar o Victory desse coral”, destaca Felipetto.
SAIBA MAIS
Victory 8B: O afundamento controlado do navio Victory 8B, em Guarapari, aconteceu em 3 de julho de 2003.
89,77 metros: de comprimento tem o navio, que está a pouco mais de 30 metros de profundidade, em frente à Ilha Escalvada, a 12 km da costa da cidade.
Victory 8B: O afundamento controlado do navio Victory 8B, em Guarapari, aconteceu em 3 de julho de 2003. Foram três anos de trabalho para preparar o navio, que estava abandonado no Porto de Vitória depois de ser apreendido pela Companhia Vale do Rio Doce a pedido do Banco Central da Grécia. O naufrágio entre os especialistas é tratado como afundamento controlado. O Victory 8B é o único navio afundado de forma controlada no Estado. O navio se tornou morada de centenas de espécies, e 20 anos depois é considerado o maior recife artificial de peixes da América Latina.
Espaços para o turismo náutico
Um dos mais recentes casos de navios afundados de forma controlada no País ocorreu na costa de Tamandaré, no litoral sul de Pernambuco. Dois navios, o Riobaldo e o Natureza, passaram por um processo de remoção de tinta para evitar a intoxicação da água e foram parar no fundo do mar para fomentar o turismo náutico.
De acordo com o Ministério do Turismo, o afundamento de vagões, aeronaves, embarcações de diversos tamanhos, estátuas gigantes e viaturas blindadas em áreas propícias para o mergulho trazem desenvolvimento de pousadas, hotéis e resorts, e são prioridade para a pasta.
No Estado, somente o Victory 8B teve um afundamento controlado. Uma segunda embarcação que está no fundo do mar e também atrai mergulhadores é o cargueiro britânico Beluccia, que afundou perto das Ilhas Rasas, em 1903, em Guarapari, e fica bem perto do Victory.
Para o empresário e instrutor de mergulho Bruno Felipetto, o afundamento de novos navios fomentaria ainda mais o turismo náutico no Estado.
“Em 2020 tivemos o Iron Trader, que é do tamanho do Victory, e poderia ser mais um navio no fundo do mar. Mas foi vendido por R$ 400 mil e virou sucata. Há lugares onde afundaram navios que tiveram fila de dois anos de espera para conseguir mergulhar. É um turismo diferente, de classe alta, e que precisa de esforços de todos os órgãos para conseguirmos afundar mais navios”, explica o empresário.
A Secretaria de Estado do Turismo informou que o tema “afundamento de navios” não está em debate. “Na Setur, atualmente, não existem registros de navios com necessidade de afundamento. Caso a demanda ocorra, o assunto será tratado em parceria com a esfera federal”, diz a pasta.
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