Por dentro dos apartamentos gigantes do Centro
Prédios do centro de Vitória se destacam por espaços de até 300m, construídos na época que as famílias tinham muitos membros
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Diferente da tendência de novos apartamentos cada vez menores, o centro de Vitória preserva uma característica histórica: a tradição de grandes espaços para se morar. Na região, é possível encontrar apartamentos de até 300m.
Morar em uma casa espaçosa no centro da cidade foi uma escolha da doula Aline de Almeida e Silva, que em janeiro de 2021 se mudou de Jardim Camburi, onde morava em um apartamento de 80m, para uma unidade de 300m no Centro.
“O que mais pesou na minha decisão foi justamente o tamanho amplo dos imóveis e o preço acessível. Na época da pandemia estávamos o tempo todo em casa e o pouco espaço se tornou mais evidente”, contou.
Ao lado do marido, Uilton José Ferreira, de 44 anos, das filhas Maria Fernanda, de 10, e Catarina, de 10, e da mãe, Arlete de Almeida, de 73 anos, Aline deixou o bairro onde morava há 12 anos e hoje está feliz com a decisão.
“O Centro é lindo, tem um superpotencial em arquitetura antiga, cultura e locais históricos”, disse.
O corretor de imóveis Marcelino Ferreira explica que os apartamentos espaçosos, muitos deles disponíveis para aluguel e venda, se devem à história da região.
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“No passado, as famílias eram grandes, com muitos filhos. Também era comum as pessoas virem do interior para trabalhar nas casas, por isso muitos apartamentos possuem quarto de empregada”.
Para o corretor, ainda hoje a localização dos edifícios do centro da cidade é um atrativo especial.
“O Centro é um bairro consolidado, que tem tudo por perto e está há pouco tempo de distância das praias. Além disso, o custo de vida é bem mais barato e os relacionamentos dos moradores são duradouros”, detalhou.
O arquiteto e professor Augusto Alvarenga explica que a ocupação da capital começou pela Cidade Alta, com a chegada de famílias tradicionais do Estado.
“A Cidade Alta era a região mais nobre, mais protegida, que não alagava e estava próxima à Catedral, por exemplo. A expansão urbana seguiu para a região do Parque Moscoso, e depois foi se aterrando a antiga baía de Vitória para criar a Esplanada Capixaba, entre a avenida Princesa Isabel e a região dos morros”.
O arquiteto e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Tarcísio Bahia lembrou que Vitória, por ser uma cidade portuária, teve seu desenvolvimento atrelado à atividade econômica da época.
“A cidade se desenvolveu ao redor do porto. Os apartamentos maiores são a realidade daquela época, com famílias numerosas e com maior poder aquisitivo”.
História
Por volta da década de 1970, a estrutura da cidade foi modificada em razão da ocupação no centro de Vitória. Com uma população nobre e cada vez maior, a construção de galerias e ruas de pedestres foi uma das mudanças realizadas na região.
Galeria com 1ª escada rolante do Estado
A Galeria Shopping Sete, localizada na rua Sete de Setembro, foi uma das primeiras a serem construídas, em meados da década de 1970.
Pesquisadores apontam que foi no local que a primeira escada rolante do Estado foi construída.
O espaço foi implantado no local da antiga Chefatura de Polícia, com 16 lojas distribuídas em dois pavimentos.
Primeira rua de pedestres
Também foi no centro de Vitória que a primeira rua de pedestres foi construída, em 1977.
O trecho compreendia as praças Costa Pereira e Ubaldo Ramalhete Maia, em uma obra construída com pedras portuguesas, canteiros e bancos.
FIQUE POR DENTRO
Prédios de frente para o Parque Moscoso
Inaugurado em 1912, o mais antigo parque municipal da cidade atrai famílias, crianças e idosos de toda a Grande Vitória. Ele ainda é um dos atrativos para os moradores que decidem se mudar para edifícios localizados de frente para este ponto.
Em comum, os edifícios da região são marcados pelos grandes espaços. Um deles é o Sheratan, localizado na rua Vinte e Três de Maio, com apartamentos de 150m.
Já na parte de trás do parque, na rua Henrique Coutinho, há o edifício Dalcisa, com nove andares. Cada apartamento tem 169m.
Garagem dentro de apartamento
Com 198m em cada unidade, outro prédio que se destaca pelo tamanho é o edifício Domingos Martins, único residencial no Estado com elevador para carros.
A curiosa história já foi noticiada por A Tribuna em maio deste ano. O prédio foi construído em 1970 e possui 12 andares e 24 apartamentos. Já os elevadores suportam 3,5 toneladas. Além do elevador para carros, existe ainda o de serviço e o social.
Edifício Souza Antunes
Prédio de alto padrão na rua Francisco Araújo, no Centro, o edifício tem 8 andares, com apartamentos de 200 m por andar, varanda e duas vagas de garagem privativa.
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