Em busca de "tesouros" perdidos nas praias do ES
Munidos de detectores de metais e fones de ouvido, praticantes do “detectorismo” acham de joias a celulares na areia e no mar
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Durante o verão, Guarapari, a cidade que mais recebe turistas do Estado, se transforma em um verdadeiro paraíso para os detectoristas.
Profissionais e amadores, armados com detectores de metais, eles percorrem as praias em busca de “tesouros” perdidos na areia e no mar, como alianças, moedas, cordões e até celulares.
A atividade tem ganhado cada vez mais adeptos, especialmente na alta temporada, quando as praias estão lotadas à procura de diversão e, quem sabe, de um tesouro perdido.
Claudinei Medeiros, 49 anos, é um dos mais experientes detectoristas. Com 11 anos de carreira, ele já percorreu diversas praias brasileiras e afirma que, embora encontre ouro o ano inteiro, a época de verão, com o aumento de turistas em Guarapari, facilita a busca.
“Aprendi na prática. A cada ano que passa, a evolução é constante. As pessoas perdem mais durante as festas e os passeios”, conta ele, que se dedica à atividade como profissão, sempre em busca de novidades.
Reinaldo Lopes, de 56 anos e aposentado, também se dedica à atividade, mas por prazer. “Resgatei duas alianças para um cliente. Eles ficaram muito agradecidos. Para mim, é uma forma de passar o tempo e ainda ajudar os outros”, diz.
Já Alan Robert da Silva, de 45 anos, vê o detectorismo como uma forma de unir o útil ao agradável durante suas férias. “Encontrei uma pulseira de prata e um cidadão me pediu de volta. Pedi provas, pois sabemos que há muita gente querendo enganar. Ele descreveu a pulseira com perfeição e entreguei sem cobrar nada. Mas eu vou por lazer, e aproveito para fazer uma caminhada”, relata ele.
Entre os itens mais comuns encontrados pelos detectoristas estão alianças, cordões, pulseiras, relógios, moedas e celulares.
As ferramentas utilizadas incluem detectores de metais, pás pequenas e fones de ouvido, que auxiliam na detecção do metal de maneira precisa. O trabalho não é fácil.
Bernardo, de 9 anos, e seu pai, Gleiston Pinto, de 39, começaram se apaixonando pela atividade. Apesar de estarem há apenas um mês na prática, Gleiston já planeja investir em um equipamento melhor para otimizar a busca.
Engenheiro encontra anel de 12 mil
Para o engenheiro Juversino Rodrigues, de 52 anos, um passeio nas praias do Espírito Santo nunca está completo sem o seu detector de metal. Há 12 anos praticando o detectorismo, ele aproveita os momentos de lazer com a família para explorar a areia e, quem sabe, fazer uma descoberta valiosa.
Em uma dessas caminhadas, na praia de Santa Mônica, Juversino encontrou um anel que, mais tarde, foi vendido por R$ 12 mil.
“Era um anel com dois diamantes. Acredito que seja de algum mestre da irmandade maçônica, mas isso não importa tanto. O que importa é a história por trás de cada descoberta”, conta ele.
Morador de Vitória, Juversino percorre as praias da região com o aparelho em mãos, indo de Piúma até Guarapari, sempre em busca de algo interessante. “Não vou atrás de ouro, mas sim de diversão. A cada descoberta, a caminhada se torna ainda mais prazerosa. Em Guarapari, encontro muitos objetos legais”, diz.
Para Juversino, o detectorismo é mais do que um hobby, é uma maneira de aproveitar os momentos ao lado de quem gosta, enquanto explora o desconhecido e acumula histórias que vão além do valor das coisas encontradas. “É o exercício e a diversão que fazem essa atividade especial. E, claro, o cofre nunca fica vazio”, ressaltou.
Procura por objetos na areia vira passatempo
Há mais de dois anos, o aposentado Pedro Rodrigues, de 74 anos, decidiu transformar sua paixão por exploração em uma nova atividade. Ele comprou um detector de metais e começou a percorrer as praias de Guarapari em busca de objetos perdidos.
O que começou como uma curiosidade logo se transformou em um passatempo prazeroso, e ele já encontrou mais de R$ 500 em moedas, além de carrinhos de brinquedo, pingentes e até um cordão de prata.
Para Pedro, a busca por tesouros na areia é muito mais que uma caça a objetos valiosos. “Virou uma terapia”, ele diz, com um sorriso no rosto. “É como um exercício diário, e cada descoberta traz uma alegria renovada. Quando era criança, usava um ímã para pegar objetos da areia. Agora, com o detector, encontrei coisas incríveis”.
Com um aparelho simples que custou R$ 400, Pedro não se arrisca a ir na água, prefere se concentrar na areia, onde realiza sua busca com dedicação.
Ele visita várias praias de Guarapari, como a Enseada Azul, o Centro, Praia do Morro, sempre nas primeiras horas da manhã. Seu objetivo é caminhar por pelo menos três horas.
Detector custa até R$ 50 mil
O custo de um detector de metal pode chegar a R$ 50 mil.
O detectorismo é uma prática utilizada há mais de 95 anos e, no Brasil, está se tornando cada vez mais popular, com o objetivo principal de buscar objetos perdidos ou enterrados.
Os detectores de metal são usados em diversas áreas, como segurança, em aeroportos e penitenciárias, arqueologia e prospecção.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é responsável pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro e destaca a importância de respeitar as regras de caça ao tesouro em sítios arqueológicos.
É proibido e considerado crime contra o Patrimônio Nacional utilizar, destruir ou mutilar sítios arqueológicos antes que eles sejam devidamente pesquisados.
Quando um praticante de detectorismo encontra objetos de valor histórico, ele deve manter o local intacto e comunicar o achado ao Iphan, evitando escavações. Além disso, qualquer pesquisa arqueológica precisa ser autorizada pelo Iphan.
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