Chefs de cozinha embarcam em aventura gastronômica
Hichel Rodrigues e Ícaro Conceição estão rodando o País para conhecer as delícias da culinária brasileira de Norte a Sul
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Dois cozinheiros brasileiros determinados a desbravar as riquezas culinárias do próprio País: Hichel Rodrigues, 45, e Ícaro Conceição, 32, fizeram a 15ª parada de sua viagem em Guarapari no fim de semana.
Saindo de Porto Alegre em fevereiro, com destino a São Luís do Maranhão, a dupla traçou um itinerário que abrange 40 paradas ao longo do Brasil.
O objetivo é mergulhar nas diferentes culturas gastronômicas locais, experimentar e preparar as delícias típicas de cada região.
No Espírito Santo, os chefs se depararam com a moqueca capixaba. Porém, uma análise minuciosa sobre o prato aguarda a parada na Bahia, onde esperam explorar a moqueca baiana.
“Aqui dizem que é moqueca, e lá é peixada, mas já sei que não podemos chegar lá dizendo que é peixada, porque vão achar ruim com a gente. Então, o jeito é esperar essa parada na Bahia para tirarmos a conclusão dos pratos que levam ingredientes semelhantes como base, mas o tempero diferente”, disse Hichel.
O projeto surgiu por iniciativa de Hichel, que já possuía o food truck chamado Chefs da Rua, onde recebia chefs do mundo todo. O foco mudou quando o cozinheiro decidiu retribuir e encontrar talentos culinários pelo Brasil.
Foi assim que a aventura começou, e incluiu Guarapari no roteiro, que contou com a recepção do chef Victor Ferri. “O Brasil é um país continental. O inglês come feijão em lata, aqui nós comemos nove tipos de feijão diferentes, então, se tem alguém que tem muito a oferecer, são os brasileiros. Precisamos aprender muito aqui”, completa Hichel.
Ícaro traz consigo uma bagagem multicultural, tendo explorado a culinária de diversos países asiáticos, europeus, e na oceania, onde atua como chef há oito anos. Mas apesar de suas aventuras internacionais, confessa não ter explorado a culinária brasileira.
“Moro na Austrália há 12 anos. Nunca tinha comido feijoada, nem moqueca. Eu era um brasileiro que não conhecia a cultura brasileira. Ia fazer sozinho essa aventura, mas conheci o Hichel, que já estava com projeto para fazer a mesma coisa, só que de carro”.
Plantas alimentícias não convencionais no cardápio
Ao longo da aventura que foi batizada pelo nome de “Bah a Marrapá”, que são expressões usadas por gaúchos e maranhenses, os cozinheiros pararam em Paraty, onde conheceram plantas alimentícias não convencionais (Pancs), usadas no preparo dos pratos.
“Paraty foi um divisor de águas. Sou gaúcho e trabalho muito com carnes e molhos. Quando cheguei em Paraty, vi o chef Rafael Monciatti, que trabalha com Pancs, usando lírio do brejo e jambu por exemplo. Fiz um ceviche de jambu e uma sobremesa com flor de lírio do brejo”, lembra Hichel.
“São experiências que só os cantinhos do Brasil vão trazer para a gente. Estamos buscando exatamente isso”.
Para Ícaro, que já experimentou muita comida exótica fora do País, como polvo vivo, barata, cachorro, canguru, baleia, golfinho, jacaré e tartaruga, as plantas alimentícias foram como temperos.
“A expedição tem me proporcionado aprender, além da culinária, a história do Brasil. Não sabia nada da moqueca, e o chef que é um professor de História aqui me contou toda a história indígena por traz do prato, junto com a colonização portuguesa. A culinária vai muito além dos ingredientes”.
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