Professor é único capixaba a ganhar bolsa para Irlanda
Joel de Jesus vai para a Irlanda estudar durante 10 meses
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Felicidade e frio na barriga. É isso o que o professor de Inglês e mestre em Ensino na Educação Básica Joel de Jesus Júnior, 35, contou para A Tribuna sobre o que está sentindo ao ir para a Irlanda estudar.
Ele e 29 educadores de outros 20 estados do Brasil, mais o Distrito Federal, que trabalham na rede pública de educação básica, vão fazer especialização em Liderança e Gestão Educacional na Mary Immaculate College (Colégio Maria Imaculada - MIC), faculdade do país europeu.
Promovida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, a iniciativa tem um período de 10 meses.
Ao todo, serão 360 horas de atividades de formação em liderança e gestão, que inclui módulos de diversos temas, como prática de educação inclusiva e política, autoavaliação, desenvolvimento profissional dos educadores e mudança curricular.
Morador de São Mateus, ele dá aulas de Inglês no município, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professora Herinéa Lima Oliveira, e também em Conceição da Barra, na Emef Moacyr Martins Pestana. Sobre sua jornada para estudar no estrangeiro, disse estar com muitas expectativas positivas.
“Vai ser muito bom para a carreira. O professor está sempre inovando e, como o mundo não é estático e nossos alunos estão dentro desse mundo, quanto mais informação e inovação, melhor. Estou com um frio na barriga para saber como vai ser, mas sempre com as expectativas altas”.
A professora Márcia Serra Ferreira, diretora de Formação de Professores de Educação Básica da Capes, comentou sobre a oportunidade.
“Estamos confiantes que esses 30 profissionais terão uma imensa experiência e trarão seus aprendizados de volta para suas escolas e o sistema de educação”.
Para participar da seleção, os interessados seguiram o Edital nº 43/2022. Em relação a oportunidades futuras, Márcia informou que a expectativa é que o próximo edital seja publicado pela Capes até o final deste ano.
Viagem
Hoje à tarde, os professores participarão de uma reunião no Consulado da Irlanda, em São Paulo, que abordará sobre o processo da viagem e, amanhã, seguirão para o país. Os profissionais receberão auxílio do governo federal para a permanência na região.
Financiamento do governo federal
Estudos na Irlanda
São financiados por meio do “Programa de Desenvolvimento de Profissionais da Educação Básica na Irlanda” da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação.
Para a seleção, professores participaram do Edital nº 43/2022, publicado pela Capes.
Eles passaram por um processo seletivo: 120 educadores participaram de um programa de inglês on-line de dois meses e aqueles com o melhor desempenho foram escolhidos para concluir o curso de pós-graduação na Irlanda, durante 10 meses.
Com O programa, 30 professores de 21 estados do Brasil, mais o Distrito Federal, poderão fazer um curso de especialização em Liderança e Gestão Educacional.
É um programa com carga horária de 360 horas que ajuda educadores a desenvolverem habilidades sobre gerenciamento e liderança em ambientes educacionais.
Este é o segundo de três programas financiados pela Capes. O primeiro foi realizado em 2019.
Espera-se que o próximo edital seja publicado pela Capes até o final deste ano.
Opinião
“A educação mudou minha vida”
“Sou uma mulher preta, filha de mãe solo, que cresceu em um bairro muito pobre e que viu na educação um instrumento para virar a chave da vida.
Minha mãe, que foi abandonada pelo meu pai comigo e com meu irmão ainda pequenos, após ela ter deixado estudos e emprego para ser esposa, sempre me apontava uma caneta e dizia: 'Só a educação poderá transformar sua trajetória, Fayda'. Mas como estudar sem caderno? Sem tênis?
Na minha trajetória, não tive professores, tive anjos. Da pré-escola até a graduação em Direito, foram eles que me ajudaram. Não adianta dizer que tem de estudar, é preciso criar mecanismos para que essa criança possa frequentar as aulas, e meus professores me doavam, livros, cadernos, uniforme, para que eu não desistisse.
Na minha cidade, não tinha universidade pública e, para fazer faculdade, eu teria que pagar, mas não tinha dinheiro. Foi então que entrei em contato com uma antiga professora. Ela me incentivou a prestar o Enem, pois assim eu poderia ingressar em uma faculdade particular como bolsista, através do Prouni. Ela me ofereceu aulas gratuitas, para que eu tivesse mais chances. Então, com o treinamento dado por ela, eu consegui a bolsa.
Quando recebi a notícia, choramos muito. Foi no momento em que sentei pela primeira vez na carteira da sala da faculdade de Direito que eu soube: dali para frente, nada mais poderia me parar. Passei no exame da OAB um ano antes de receber meu diploma.
Assim que me formei, abri meu próprio escritório e hoje uso meu ofício para defender vítimas de racismo, homofobia e mulheres vítimas de violência. Também utilizo as redes sociais para ensinar as pessoas de maneira simplificada sobre seus direitos.
Se tenho certeza de uma coisa é de que a minha mãe estava certa: a educação mudou a minha vida.”
“Para respeitar e honrar pessoas”
“Sempre fui bom aluno e gostei muito de estudar. Lembro que minha primeira escola foi a Ernestina Pessoa, que funcionava no Parque Moscoso, no centro de Vitória.
Ao longo da vida escolar, eu passei tanto por escolas públicas quanto particulares. Estudei um período na Escola Brasileira, perto da antiga Assembleia Legislativa, depois no Salesiano, Colégio Estadual, até fazer um cursinho no Americano antes de prestar vestibular.
A parte de exatas sempre me chamou mais atenção, tanto que fiz parte da primeira turma de Engenharia Mecânica do Minas Instituto de Tecnologia (MIT), em Governador Valadares (MG), e fiz pós-graduação de Engenharia de Sistemas Urbanos, na Escola Nacional de Serviços Urbanos.
Com essa formação, logo após sair da faculdade, virei secretário de Obras de Guarapari, depois entrei na Cesan como engenheiro mecânico e, em apenas seis anos, cheguei à presidência da companhia. Também pude passar pelas presidências da antiga Telest e do Bandes.
Tudo isso graças à educação que tive. E não só educação de matéria em sala de aula, mas também educação com meus pais para respeitar e honrar as pessoas.”
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