Por que é mais difícil fazer amizades na idade adulta?
Psicólogos dizem que a falta de tempo e círculo social consolidado são alguns dos motivos
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Roberto Carlos já dizia em sua canção: “Eu quero ter um milhão de amigos”. Mas se eu pedir para você, leitor com mais de 30 anos, contar quantos verdadeiros amigos tem, é provável que esse número não ocupe todos os dedos das mãos.
Será que é mais difícil fazer amigos quando adulto? Se na escola bastava brincar junto, na idade adulta são requeridas outras habilidades.
“À medida que acumulamos vivências, é compreensível que passemos a ser mais cautelosos, especialmente em relação ao desconhecido, a novas pessoas e a novas relações. Esse receio é uma resposta normal e até protetora, já que buscamos preservar nosso bem-estar emocional a todo momento”, aponta a psicóloga Ana Beatriz Durão.
Além disso, segundo destaca a psicóloga Taissa Ferraz, na vida adulta, as responsabilidades aumentam – trabalho, família, compromissos financeiros – o que reduz o tempo disponível para se conectar com outras pessoas.
Taissa ressalta ainda que, muitas vezes, já há um círculo social consolidado. “Por isso, não estamos tão abertos a novas amizades, o que pode tornar as interações mais superficiais ou, até mesmo, mais desafiadoras, até porque fazer novas amizades por muitas vezes é viver o desconforto do desconhecido”.
Um ponto abordado pela psicóloga Sueli Dettogni é que, à medida que a pessoa amadurece, também são criados filtros emocionais.
“Passamos a valorizar mais a qualidade do que a quantidade. Muitas vezes preferimos manter aqueles amigos que nos apoiam e com quem temos mais afinidades e maior reciprocidade em vez de manter um grande grupo de relações superficiais”.
Ana Beatriz Durão ressalta que, na fase adulta, surge ainda o desafio de equilibrar o tempo entre as necessidades pessoais, como o desejo de descansar e ficar sozinho, e a vontade de sair para conhecer novas pessoas.
De acordo com a psicóloga Luiza Bazoni, é natural que com o passar dos anos o número de amigos vá diminuindo. “Muitas vezes por falta de tempo mesmo”.
Além da academia
As amigas Geiza Beccalli, 55, Patricia Vitorio, 33, Kelly Kalle, 37, Elisabeth Marcos, 55, Eduarda Bianchi, 27 anos, Cristina Baltazar, 43, Val Rocha, 55, e Michele Silva, 41, se conheceram durante as aulas de spinning, há menos de um ano, mas a amizade atravessou as portas da academia que frequentam.
“No começo do ano éramos oito mulheres apenas motivando uma a outra, e aos poucos nos aproximamos”, contou Elisabeth.
Para Patricia, a amizade ajudou também nas crises de ansiedade. “Com essa amizade já perdi 8 quilos, com incentivos vindo delas. As meninas foram a melhor coisa que me aconteceu este ano”.
Dicas de como fazer amigos na vida adulta
Seja intencional
Em vez de esperar que as amizades surjam naturalmente, invista ativamente em situações que favoreçam o contato com novas pessoas, como grupos de interesse, clubes ou eventos sociais.
Seja paciente
Na vida adulta, amizades mais duradouras podem levar tempo para se desenvolver. Não desista se os primeiros encontros não resultarem em uma conexão imediata.
Aposte na vulnerabilidade
Mostrar interesse genuíno pelo outro, compartilhar experiências e ser vulnerável pode criar um vínculo mais forte. Amizades profundas muitas vezes surgem a partir de momentos de troca sincera.
Explore a era digital de forma positiva
Use as redes sociais e aplicativos de amizade para se conectar com pessoas que compartilham seus interesses e valores, mas procure levar essas interações para o mundo real quando possível.
Não tenha medo de recomeçar
Se você estiver em uma fase de transição (como uma mudança de cidade ou de emprego), encare isso como uma oportunidade para conhecer novas pessoas e ampliar seu círculo social.
Participe de atividades em grupo
Inscreva-se em cursos, clubes ou grupos de interesse que reflitam suas paixões, como leitura, esportes, culinária ou voluntariado. Esses ambientes facilitam conexões naturais.
Frequente eventos sociais
Aceite convites para festas, encontros ou reuniões de networking. Mesmo que você se sinta tímida, esses espaços oferecem oportunidades para interagir.
Fonte: Psicólogas Taissa Ferraz e Vanessa Cristina.
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