Os “luxos” da vida moderna que o dinheiro não compra
Saúde mental, convivência com a família e tempo livre estão entre os maiores desejos, indica pesquisa

Casas, viagens, joias e carros. Em meio a tantos bens e conquistas materiais, pesquisa revela que os maiores desejos das pessoas não estão ligados ao consumo.
Saúde mental, convivência com a família e tempo livre estão entre os maiores “luxos” que o dinheiro não compra, revela levantamento feito pela Empresa Junior da Universidade Vila Velha, EJUVV, em parceria com o jornal A Tribuna.
Com mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivendo com transtornos mentais, como ansiedade e depressão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental está no topo dos desejos para 70,19% dos pesquisados.
Na avaliação do psiquiatra Anderson Dondoni, a percepção é que antes da pandemia as pessoas não se preocupavam tanto em buscar equilíbrio com a saúde mental.
“O bem-estar mental passou a ser uma das prioridades. Percebe-se que ter saúde mental se tornou ainda mais essencial, porque inclui, além do equilíbrio mental, o equilíbrio físico, profissional, familiar e das relações”.
Convivência em família ocupou a segunda colocação, com 45,96%. Em terceiro, vem o tempo livre (37,89%) como um dos principais “luxos” da atualidade.
Para a psicóloga Izabelli Pancieri Cruz, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), o que antes era visto como simples ganhou novo valor porque representa saúde emocional.
“A psicologia mostra que qualidade de vida está menos ligada a conquistas materiais e mais a vínculos fortalecidos, sono reparador e regulação do estresse. O tempo livre, o descanso e a convivência saudável funcionam como reguladores naturais das emoções. As conquistas externas continuam importantes, mas sozinhas não sustentam uma vida significativa”.
Mestre em Psicologia Organizacional, Sandra Teschner, uma das principais referências brasileiras em Ciência da Felicidade e autora best-seller, ressalta que a sociedade vive uma mudança silenciosa, mas profunda, no conceito de “riqueza”.
“Por muito tempo, associamos sucesso à acumulação de bens e metas externas. Agora, começamos a entender, e a ciência confirma, que o verdadeiro bem-estar vem de ativos intangíveis: tempo, relações de qualidade, saúde física e mental, liberdade para escolher”.
“Martin Seligman, pai da Psicologia Positiva, mostrou que felicidade duradoura é construída mais sobre conexões, sentido e emoções positivas do que sobre conquistas materiais. Quando percebemos que esses elementos não estão à venda, passamos a protegê-los como tesouros”, frisa Sandra.
Tempo para a família
Mãe do pequeno Ravih, de 3 anos, a designer de sobrancelhas e micropigmentadora Tairine Martins, 34 anos, tem de se dividir entre carreira, família e estudos. Com tantos afazeres, um dos seus desejos era ter mais tempo para a família.
“Seria um 'luxo' ter mais tempo livre, seja para estar com a família, viajar e brincar com meu filho. Infelizmente vivemos em um tempo de correria. Comecei a empreender para ter mais 'tempo', porém, na prática, é bem diferente. Temos metas e planos para conseguir alcançar, e acabamos nos sobrecarregando no trabalho. Infelizmente, muitas vezes deixamos em segundo plano, por exemplo, ter mais tempo de qualidade com a família”.
Confira a pesquisa
Desejos da população
Metodologia
Elaborada em parceria com a Empresa Júnior do Laboratório de Pesquisa da Área de Humanas da UVV e A Tribuna, a pesquisa foi feita entre os dias 5 e 11 deste mês, com 161 pessoas acima dos 18 anos.
1. Na sua opinião, quais são os maiores “luxos” da vida moderna que o dinheiro não compra? (pode marcar até 3 opções)
- Saúde Mental - 70,19%
- Convivência em família - 45,96%
- Tempo livre - 37,89%
- Amizades verdadeiras - 34,16 %
- Sono de qualidade - 26,09%
- Liberdade para fazer escolhas - 18,63%
- Segurança e sensação de tranquilidade - 16,77%
- Lazer de qualidade - 12,42%
- Praticar exercícios regularmente - 11,18%
- Desconectar do celular e da internet - 9,32%
2. Qual desses fatores mais atrapalha a sua qualidade de vida hoje? (Escolha apenas 2 opções)
- Falta de tempo - 55,90%
- Preocupações financeiras - 44,10%
- Estresse no trabalho - 35,40%
- Uso excessivo de tecnologia - 27,95%
- Falta de convivência com a família/amigos - 12,42%
- Problemas de saúde - 9,94%
3. Se pudesse escolher apenas um recurso ilimitado para sua vida, qual seria?
- Saúde - 49,69%
- Tempo - 19,88%
- Amor/Relacionamentos verdadeiros - 13,04%
- Liberdade para escolher o que fazer - 9,32%
- Energia - 8,07%
4. O que você considera mais essencial para ter qualidade de vida? (Escolha apenas 2 opções)
- Saúde física e mental - 84,47%
- Estabilidade financeira - 62,11%
- Equilíbrio entre trabalho e lazer - 16,77%
- Relações pessoais de confiança - 13,04%
- Liberdade de tempo - 8,70%
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