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“Participei da era de ouro do futebol capixaba”, conta ex-goleiro da Desportiva

Adjalmo Francisco Teixeira, de 98 anos, o Seu Adjalma, lembra da trajetória como goleiro da Desportiva e do Santo Antônio


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Imagem ilustrativa da imagem “Participei da era de ouro do futebol capixaba”, conta ex-goleiro da Desportiva
Seu Adjalma, lembra da trajetória como goleiro da Desportiva e do Santo Antônio |  Foto: Kadidja Fernandes/AT

“Olho para o futebol capixaba e me sinto feliz por tudo o que construímos, apesar de todas as dificuldades. Dos 18 aos 40 e tantos anos, eu fui goleiro, joguei contra o Flamengo, no Maracanã, e dividi uma partida com o Pelé. Estou com 98 anos e tenho orgulho em dizer que participei da era de ouro do futebol capixaba!

Saí de Santa Cruz, distrito de Aracruz, aos 6 anos de idade, com meus pais e mais quatro irmãos, para viver no bairro Consolação, em Vitória. Cresci jogando bola nos campos de areia dos bairros da capital e sempre sonhei em me tornar jogador de futebol.

Não tive muitas oportunidades de estudo, mas, apesar disso, realizei muitos dos meus sonhos. O futebol me proporcionou vivências eternas na minha lembrança e hoje me emociono ao contar o que eu vi e vivi como ex-goleiro da Desportiva Ferroviária e do Santo Antônio.

Início da carreira

Quando iniciei a carreira, trabalhava como copeiro e, no tempo livre, me dedicava a treinar para os jogos do Santo Antônio. Naquela época, não havia a possibilidade de dedicação apenas ao futebol: nós, jogadores, não conseguiríamos pagar nossas contas.

O futebol é um esporte adorado no mundo inteiro, que move paixões e sonhos de tanta gente. Eu digo que, naquela época, tínhamos de jogar futebol por amor… Nós não ganhávamos o que os jogadores ganham hoje em dia. Com o futebol, fiz amizades, fui a diversos lugares, construí sentidos à vida e vivenciei histórias.

Durante a semana, eu saía do trabalho, pegava o bondinho para a Praia do Canto e ia jogar. Comecei em times pequenos do Estado, até que fui visto e fui subindo de categoria. Me tornei goleiro júnior e, depois, goleiro titular do antigo Racing. Quando me chamaram para o Santo Antônio, passei a viver uma das melhores épocas do futebol capixaba.

Era de ouro

Com o Santo Antônio, em 1954, eu realizei um dos maiores sonhos da carreira de qualquer jogador: joguei contra o Flamengo no Maracanã. Pisar naquele gramado, no templo do futebol, era algo que eu vislumbrava por toda a vida. Cresci vendo, e ouvindo, os grandes nomes do futebol naquele tempo. Quem diria que, um dia, eu iria pisar naquele gramado?

O Flamengo vivia uma das melhores fases da história (foi tricampeão carioca em 1953/1953/1955). Só de jogarmos contra eles, era algo a se comemorar. Ainda assim, não fomos intimidados e tentamos de tudo. Perdemos de 3 a 0 (derrota no dia 13 de agosto de 1954), mas posso dizer que fizemos uma boa partida.

Outra história inesquecível da minha carreira foi, sem dúvida, levar um gol do Pelé. Sim, parece irônico um goleiro lembrar de ter sofrido um gol, mas eu posso dizer que estive em campo com o Rei do Futebol. O jogo terminou com o placar de 3 a 1 para o Santos.

Ao longo da minha carreira, fui vice-campeão em 1947, em 1952, e tricampeão entre 1953, 1954 e 1955. Eu trabalhava em uma fábrica, todos os dias, carregando sacos de 60 quilos de café na cabeça, e, mesmo assim, me dedicava ao futebol.

Dos anos 50 ao fim dos anos 60, vivíamos a era de ouro do futebol capixaba. Quando fui para a Desportiva, time em que guardo um grande afeto por toda a vida, cheguei a jogar na Série A do Campeonato Brasileiro.

Durante dois anos, fui goleiro da Desportiva, e, em 10 anos, fui o administrador do estádio, em Jardim América (Cariacica). Dediquei anos e anos da minha vida para o time e fico muito feliz pelo reconhecimento que recebo das novas gerações da Desportiva.

Legado

O esporte ensina valores, promove a inclusão, constrói experiências de vida e nos integra socialmente. Com o futebol, eu aprendi a respeitar todas as pessoas, independentemente de qualquer coisa.

O futebol me fez construir a minha vida e me deu amizades mais do que especiais. Transmiti todos os valores que aprendi para os meus filhos, netos, bisnetos e até tataranetos. Eu sou suspeito de falar, mas tenho dois times de coração: a Desportiva e o Flamengo!”.

Depoimento ao repórter Jonathas Gomes.

Quem é Adjalmo:

Adjalmo Francisco Teixeira, de 98 anos, o Seu Adjalma, é ex-goleiro da Desportiva Ferroviária e do Santo Antônio. Com os times capixabas, ele viveu histórias inesquecíveis, como um jogo contra o Flamengo, no Maracanã, na derrota de 3 a 0 em 1954, e uma partida contra o Santos de Pelé.

Nesta entrevista, seu Adjalma, considerado ídolo da Desportiva, relembra a era de ouro do futebol capixaba e conta como o esporte transformou a sua vida.

  • Câmera 1/3
    Adjalma, sentado ao centro, ao lado de outras figuras do esporte local. O ex-goleiro é muito respeitado no clube e por torcedores.
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  • Câmera 2/3
    O time da Desportiva bicampeão estadual (1964 e 1965), no Engenheiro Araripe, quando o estádio tinha arquibancada de madeira.
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  • Câmera 3/3
    Adjalma em ação em partida com a camisa número 1 da Desportiva Ferroviária, se esticando para fazer uma defesa.
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