Novo relatório alerta para prejuízos do celular na escola
Estudo divulgado pela Unesco aponta que uso do aparelho afeta a aprendizagem e a concentração dos estudantes
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Um em cada quatro países proíbe ou tem políticas sobre o uso do celular em sala de aula. É o que mostrou um estudo divulgado pela Unesco.
O documento, divulgado na última semana, traz estudos que alertam para os impactos de celulares na aprendizagem e na concentração dos estudantes, principalmente porque os distrai durante a aula.
“As notificações recebidas ou a mera proximidade do celular podem ser uma distração, fazendo com que os alunos percam a atenção da tarefa”, diz o Relatório Global de Monitoramento da Educação 2023 da Unesco.
O pediatra Rodrigo Aboudib concorda com a afirmação e explica que essa distração pode trazer prejuízos ao aprendizado.
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“Quando a criança vai consultar ou fazer alguma interação com a mídia social, para retornar a atenção aos temas que estão sendo discutidos em sala de aula, ela demora até 20 minutos. Se uma aula tem 50 minutos, ela leva quase metade do tempo só para retomar a atenção, o que pode prejudicar consideravelmente o aprendizado”.
Para ele, o acesso às redes sociais e ao celular pode acontecer, mas deve ser controlado.
“Na sala de aula, é bom que não se tenha acesso. Um estudo americano mostrou que uma criança com acesso à mídia social tem um desenvolvimento melhor do que aquela que não tem acesso, mas isso quando é restrito o uso a uma hora por dia. Mais do que isso traz prejuízos”.
No Brasil, não há lei que proíba o uso de celulares. Escolas particulares têm regras próprias sobre a utilização, permitindo ou não de acordo com a finalidade e a idade do aluno.
No Colégio Leonardo Da Vinci, o aparelho é proibido dentro da escola, segundo o diretor Mário Broetto. Nem mesmo na hora do recreio ou almoço o aparelho é permitido.
“A escola é um ambiente, por natureza, de interação. Não há sentido ele vir para a escola e ficar no celular olhando outra coisa ou acessando dentro da escola informações que podem trazer prejuízos ou até mesmo aumentando o isolamento, que foi tão prejudicial na pandemia”, explica.
Os celulares podem diminuir a capacidade de comunicação e sociabilidade das crianças e adolescentes, como alerta a pediatra da Clínica Clier Luiza Murta Bretas. “O excesso pode gerar também atraso no aprendizado em geral, na comunicação e em como se relacionar com as pessoas”.
ENTENDA
Relatório da Unesco
Uso em excesso dos dispositivos
A tecnologia pode ter um impacto negativo se for inadequada ou excessiva. Dados de avaliações internacionais em larga escala, tais como os fornecidos pelo Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Programme for International Student Assessment – Pisa), sugerem uma correlação negativa entre o uso excessivo das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e o desempenho acadêmico.
Descobriu-se que a simples proximidade de um aparelho celular era capaz de distrair os estudantes e provocar um impacto negativo na aprendizagem em 14 países.
Gestão da sala de aula
Os professores entendem o uso de tablets e telefones como algo que prejudica a gestão na sala de aula. Mais de um em cada três professores em sete países participantes do ICILS (Estudo Internacional de Informática e Alfabetização da Informação) 2018 concordaram que o uso das TIC em aula distrai estudantes.
Dados expostos
Quase um quarto dos países proibiram os smartphones nas escolas. Somente 14% dos países garantem por lei a privacidade dos dados na educação.
Evidências de benefícios
Evidências sólidas e imparciais do impacto da tecnologia educacional são escassas. Existem poucas evidências robustas do valor agregado da tecnologia digital na educação.
A tecnologia evolui mais rápido do que é possível avaliá-la: produtos de tecnologia educacional mudam a cada 36 meses, em média (três anos). A maioria das evidências é produzida pelos países mais ricos.
Rádio, televisão e telefones celulares substituem a educação tradicional em populações de difícil acesso. O ensino on-line, por exemplo, evitou o colapso da educação durante o fechamento das escolas durante a pandemia da covid-19.
Regras para o uso do celular nas escolas
Colégio Leonardo Da Vinci
O aparelho é proibido na escola, mesmo durante o recreio ou almoço. É permitido, para algumas idades, o uso de computadores pessoais para fins pedagógicos. A escola disponibiliza aparelhos para uso pedagógico.
Sagrado Coração de Maria
Não é permitido o uso de celular no recreio nem em sala de aula, exceto quando solicitado, com antecedência pelo professor, para utilização durante atividade pedagógica.
Escola Monteiro
O uso de celular está liberado nos horários de chegada, recreio e saída por alunos a partir do 6º ano do ensino fundamental II. A incorporação de novas tecnologias e o uso de novas ferramentas em sala de aula é utilizado pelos professores.
Colégio Salesiano Nossa Senhora da Vitória
O celular é um instrumento para participação dos alunos na plataforma de Redação, para entender a proficiência deles em cada competência e gerar relatórios sobre isso.
UP Centro Educacional
O uso de celular em sala de aula é proibido. Exceções existem apenas em casos de uso para fins pedagógicos coordenados pelo professor.
Darwin
Os celulares só podem ser usados pelos alunos durante o horário de recreio, entrada e saída. Se houver o uso do aparelho sem autorização do professor, o item é recolhido e só pode ser retirado da coordenação disciplinar pelo responsável do aluno.
Além disso, a escola oferece diversos recursos para que as aulas sejam mais atrativas por meio da experimentação com o uso de iPads e computadores.
Fonte: Unesco e instituições consultadas.
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