Nova geração no comando de padarias no ES
Famílias passam adiante a profissão de panificador e geram mais de 30 mil empregos diretos no Espírito Santo
Escute essa reportagem
Responsáveis por levar o pão quentinho e outras delícias para a casa do consumidor, os panificadores têm o dia comemorado hoje. Essa profissão, que está à frente das padarias, é passada de geração em geração.
Uma família que tem essa tradição é a de Flávio Borges Pereira, 53, dono da Padaria e Confeitaria Camponeza, em Vila Velha.
Há 44 anos, o estabelecimento foi criado por seu pai, Hélio Andrade Pereira, de 84 anos, e hoje quem administra o local é ele junto à sua filha Yasmin Dias Pereira, 25, que trabalha com o atendimento ao público, e seu sobrinho Breno Adrian Morbelli, 29, responsável pela parte financeira.
Flávio contou que começou a trabalhar com a padaria quando tinha 16 anos e que é feliz por ter o apoio dos familiares no negócio.
“Eu cresci nesse meio e já gostava de padaria. Ao envelhecer, fui me aperfeiçoando com cursos e gostando cada vez mais. Acredito que a padaria envolve toda a família. É algo que te toma tempo, mas que te dá uma satisfação gostosa, saber que você está criando sua família com aquilo ali e mostrando os valores”.
Famílias criam estratégias para se proteger de golpes
Assim como o pai, Yasmin também deu início a sua carreira na padaria ainda nova.
“Trabalho aqui há sete anos e sou apaixonada. Cresci aqui dentro e o amor pela área vai aumentando. Sempre gostei muito de mexer com pão, culinária, e só fui me apaixonando. Hoje eu quero aprender cada vez mais e continuar o negócio da família. Levar o legado para frente”, comentou.
Breno, que começou os trabalho na Camponeza em 2018, contou que também quer seguir no ramo e que eles vêm inovando sempre.
“Temos feito um trabalho de manutenção e expansão, trazendo novas tecnologias e ideias para cá. Damos uma injeção de sangue novo na padaria”.
Dados
No Espírito Santo, de acordo com o Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado do Espírito Santo (Sindipães), é estimado que existam cerca de 3 mil padarias, que geram mais de 30 mil empregos diretos.
O presidente da instituição, Ricardo Augusto Pinto, comentou a importância do ramo para a população.
“O pão é o alimento que chega às mesas de forma acessível. Muitas vezes, é o único alimento de uma pessoa no dia. Além da importância dele, também há o lado da empregabilidade nessa área. Dificilmente você vai encontrar uma empresa que gera tantos empregos como uma padaria”.
Filhos ajudam com ideias criativas
Em 1993, o casal Simonton Fernandes Medeiros, 65, e Sarah Judith Castro Almeida, 62, deu início à administração da padaria Peter Pão, em Vila Velha.
Festivais de caldos na Grande Vitória para aproveitar o frio
Com duas unidades em funcionamento atualmente, a dupla conta com o apoio dos filhos Rebeca de Almeida Medeiros, 25, e Felipe de Almeida Medeiros, 28, na administração das lojas.
“O apoio deles é muito bacana, ajudam bastante nas lojas, se esforçam demais, se sobressaem e temos orgulho”, disse o pai.
Os filhos já passaram por todas as áreas da padaria, desde gestão à operação, e sempre dão ideias inovadoras para o funcionamento dos estabelecimentos.
Por mais que tenha crescido nesse meio, a mais nova, que é estudante, tem o sonho de seguir outra profissão.
“Estar na padaria me influenciou de certa forma sobre o que eu queria seguir para a minha vida. Quero trabalhar com medicina veterinária e em outro país”, contou a jovem.
Já Felipe, que é nutricionista, tem o desejo atual de continuar no ramo dos pais.
“Quero seguir na padaria porque é a porta que está aberta para mim no momento. Gosto do que faço e tenho vontade de investir na padaria, ter mais mão de obra qualificada”, comentou o rapaz.
De acordo com a mãe, o envolvimento dos filhos é inevitável, afinal, eles cresceram no meio.
“Por já nascerem em meio a esse negócio, eles se importam. Por mais que se formem em outra área, a conexão com a padaria continua, porque é de família. A padaria é uma família”.
Além de Receba e Felipe, o casal possui outro filho, Gustavo de Almeida Medeiros, 32, e que também trabalhou na área da panificação ajudando os pais por muito tempo. Atualmente, ele mora nos Estados Unidos.
Primeiro curso superior para chef padeiro
O primeiro e único curso superior de Panificação do Brasil é ofertado no Espírito Santo, sendo realizado pela Universidade de Vila Velha (UVV) em parceria com o Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado do Espírito Santo (Sindipães) e a Associação da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado do ES (Aipães). Formados, os alunos têm o título de chef padeiro.
Ricardo Augusto Pinto, presidente do Sindipães e panificador, faz parte da primeira turma do curso, que irá se formar neste mês. Ele contou que essa graduação, que tem duração de dois anos e conta com aulas de ensino a distância e também presenciais, aborda assuntos como gestão, marketing, gastronomia e confeitaria.
“É um curso completo, atendendo o profissional direto na área de produção ou gestão, o empresário, uma pessoa simpatizante pela área e que quer montar um negócio, e também pessoas que têm curiosidades sobre a área”.
De acordo com Ricardo, a segunda turma está em andamento e a terceira em formação, o que mostra a aceitação e procura do curso. Em relação à importância dessa graduação, comentou que, além dos ensinamentos adquiridos, há a parte da valorização do profissional.
“Essa primeira turma é composta por empresários, sendo que alguns possuem 40 anos de profissão, e vários colaboradores do segmento. Ou seja, atende os dois nichos. O colaborador fica feliz, porque cresce profissionalmente e é reconhecido e valorizado. Ele tem mais orgulho de falar que é padeiro e o empresário em falar que é panificador”.
Outra aluna do curso é Yasmin Dias Pereira, 25 anos. Ela trabalha na padaria de seu pai e resolveu se especializar para melhorar seu desempenho.
“Me formo no ano que vem. Resolvi fazer a graduação para me aprimorar. Está sendo ótimo e estou aprendendo muito. Me ajuda a agir na padaria”, explicou.
Comentários