Netos deixam idosos mais ativos e bem longe da solidão
Especialistas explicam que convivência entre as duas gerações eleva autoestima dos mais velhos e ainda reduz sintomas de depressão e ansiedade
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Se tem algo que faz bem para a saúde de pessoas da terceira idade é uma boa e feliz convivência com os netos. Essa conexão tem o poder de deixá-las mais ativas e longes da solidão.
Em celebração ao Dia dos Avós, comemorado hoje, especialistas comentaram sobre esses e outros benefícios do vínculo.
Roni Mukamal, médico geriatra e superintendente de Medicina Preventiva da MedSênior, afirmou que netos que convivem com os avós ajudam a manter neles um sentimento de pertencimento no mundo.
“É um mundo que está sempre mudando e, agora, a gente está vivendo uma era de rápida mudança tecnológica, tem a inteligência artificial, é algo em um ritmo tão acelerado que a pessoa idosa às vezes não consegue acompanhar. Então, ter um neto de uma geração que mexe com isso, que é nativa, permite de certa forma estar mantendo esse avô atualizado”.
Alessandra Tieppo, geriatra, contou que estudos indicam que a pessoa idosa que convive com os netos tende a se sentir mais feliz e isso ocorre porque a relação costuma ser fonte de afeto e propósito.
“O vínculo intergeracional estimula sentimentos positivos, reforça o papel social da pessoa idosa na família e contribui para a autoestima. Além disso, momentos de alegria, brincadeiras e carinho ajudam a reduzir sintomas de depressão e ansiedade, comuns nessa faixa etária”, afirmou.
“O contato frequente com os netos pode motivar os avós a manter uma rotina mais ativa, tanto física quanto mentalmente. A interação diária (ou regular) exige atenção, movimento, planejamento e criatividade, o que pode ajudar a manter a pessoa idosa mais engajada com o presente”, completou.
Ormandina do Carmo Tristão, de 78 anos, e seu neto Pedro Tristão, de 14, são um exemplo de dupla animada e unida. Ela, que já é ativa em seu dia a dia e joga vôlei na categoria adaptada +75 do projeto “Viva Vôlei” da Medsênior, se diverte com o neto que também é fã e praticante do esporte.
“Quando vamos para um lugar que tem espaço, sempre jogamos. Ele joga muito 'forte', e eu um pouco mais devagar por conta da idade. As regras são diferentes e a gente se adapta. É muito divertido passar esse tempo com ele”.
Ormandina disse que Pedro mora perto de sua casa e eles se veem com frequência. Destacou que, além dele, têm outras “bênçãos”. “Todos os domingos meus seis netos vêm almoçar aqui em casa. Amo muito!”.
Grandes amigas

Aurea Nunes, 79 anos, e sua neta Walentina Nunes Reis, 15, são grandes companheiras.
As duas se veem quase todos os dias e compartilham momentos de lazer: gostam de conversar, de assistir à televisão juntas, ouvir música sertaneja e viajar. Walentina também tem o costume de maquiar a avó para deixá-la mais bonita.
“Amo minha neta demais da conta! Ela deixa a minha vida muito mais feliz”, disse Aurea.
Opiniões


Fique por dentro
Benefícios

Redução de sintomas de depressão
Segundo a geriatra Alessandra Tieppo, o vínculo intergeracional estimula sentimentos positivos, reforça o papel social da pessoa idosa na família e contribui para a autoestima.
Além disso, momentos de alegria, brincadeiras e carinho ajudam a reduzir sintomas de depressão e ansiedade, comuns nessa faixa etária.
Rotina ativa
O contato frequente com os netos pode motivar os avós a manter uma rotina mais ativa, tanto física quanto mentalmente.
A interação diária ou regular exige atenção, movimento, planejamento e criatividade, o que pode ajudar a manter a pessoa idosa mais engajada com o presente, disse Alessandra Tieppo.
Nada de isolamento
A convivência combate o isolamento social, uma das principais causas de declínio funcional e emocional na velhice.
A presença dos netos oferece aos avós: companhia, troca de afeto, momentos felizes e também sentimento de utilidade.
Melhoria da saúde cardiovascular
Existem estudos que associam relações sociais positivas à redução da pressão arterial e melhora na saúde do coração.
Estímulo cognitivo
Contar histórias, jogar jogos de memória, cantar músicas juntos, ajudar nas tarefas ou acompanhar o desenvolvimento dos netos ativa funções cerebrais importantes.
Troca geracional enriquecedora
Os netos também aprendem com os avós, o que reforça o sentimento de valorização da pessoa idosa.
O geriatra Roni Mukamal afirma que para os jovens é positivo esse contato porque eles têm uma referência de uma geração que já passou por dificuldades e sobreviveu a guerras, conflitos e crises. Isso acaba trazendo estabilidade e segurança para aquele neto.
Longevidade?
Uma pesquisa de cientistas alemães publicada no periódico ScienceDirect acompanhou a rotina de 500 pessoas entre 70 e 103 anos de idade, ao longo de 19 anos, e constatou que avós que conviveram de uma maneira saudável com os netos tiveram uma redução de 37% no risco de mortalidade, prolongando sua vida em até 10 anos.
No caso, isso valeu para os avós que não eram os principais responsáveis pelos netos.
Atenção!
A geriatra Alessandra Tieppo ressaltou que os benefícios são mais evidentes quando a convivência entre avós e netos é saudável, equilibrada e respeita os limites físicos e emocionais dos avós.
Quando há sobrecarga ou responsabilidades excessivas (como assumir o papel de cuidador principal), o efeito pode ser o oposto, com aumento do estresse e do desgaste.
*Fonte: Especialistas consultados e pesquisa A Tribuna.
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