“Minha vida virou do avesso”, diz vítima de fake news
Confundido com assaltante de joalheria, Alex Lamas Rocha foi abordado pela polícia e apontado nas ruas como foragido
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A vida e a rotina do comerciante Alex Lamas Rocha, de 38 anos, viraram do avesso desde que a sua imagem foi associada ao assalto a uma joalheria na Praia da Costa, em Vila Velha.
Um vídeo registrado por uma câmera de videomonitoramento de uma padaria de Paul mostra Alex entrando no estabelecimento.
O vídeo foi compartilhado com a informação de que ele seria o mesmo assaltante da joalheria e que estaria praticando o crime em estabelecimentos da região.
Outras imagens e vídeos dele na rua circularam com a informação falsa. Elas foram tão disseminadas que policiais abordaram o rapaz e ele precisou esperar de joelhos pela verificação da identidade.
“Na quarta-feira (dia 12), pela manhã, fui fazer um exame de sangue e passei na padaria em Paul para tomar um suco de laranja e ir para a academia. Por volta de 11h30, eu recebi um telefonema de que a polícia estava na casa de um amigo que me vendeu uma moto, que ainda não foi transferida para o meu nome”, contou.
Os policiais chegaram até a casa do amigo do rapaz com base em imagens onde ele aparece do lado da moto. Pela placa, chegaram ao endereço.
“Quando eu cheguei lá, fui abordado pelos policiais. Me colocaram no chão. Procedimento padrão da polícia. Eu fiquei uns 10 a 15 minutos de joelho, esperando eles averiguarem meu documentos. Até que eles tenham a certeza que você não é a pessoa que estão procurando, você é tratado como se fosse”.
O comerciante conta que, além dele, a esposa, de 35 anos, está bastante preocupada com a situação. Alex é pai de três filhas, duas de 17 anos e uma de 10. Ele também é pastor da Assembleia de Deus.
“Após o ocorrido, as pessoas me viam passar, ou entrar em um supermercado, ou com a moto, e ligavam para o 190. Porque tinham visto o vídeo e acreditavam que eu fosse um assaltante, que estava foragido. Minha vida virou do avesso”.
A situação ficou mais complicada pois a mesma cena quase se repetiu na última sexta feira, quando o dono anterior da moto o ligou dizendo que uma amiga da Guarda Municipal havia recebido uma denuncia do mesmo tipo.
“Alguém fez uma denúncia que eu estava no supermercado do bairro onde moro. Eles já estavam se mobilizando para vir atrás. Eu estava correndo esse risco de ser abordado a todo instante”.
“Eu corri o risco de ser linchado pela população”
Uma semana após o início dos boatos de que o comerciante Alex Lamas Rocha, de 38 anos, seria o assaltante de uma joalheria na Praia da Costa, o medo e a insegurança ainda assombram a sua família.
A Tribuna- Na abordagem policial, da última quarta-feira, o que aconteceu após a verificação dos seus documentos?
Alex Rocha- Quando eles verificaram que não era eu, eles me pediram desculpa, falaram que era um procedimento normal da polícia, e me mostraram o vídeo, a imagem do assaltante. Eu não sabia das imagens ainda que estavam rolando.
Como a sua família reagiu desde que os boatos começaram?
A semana foi difícil, porque a gente fica com medo. Precisamos sair e a família fica em casa preocupada.
Minha esposa não quer que eu ande com a moto porque ficou associada ao vídeo, como sendo a 'moto do assaltante'.
Corri risco não só de abordagens policiais, mas de ser linchado pela população, de alguém querer fazer justiça com as próprias mãos.
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