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Cidades

Médico aposentado dá show com bandolim no calçadão de Vila Velha

José Anselmo Pimenta Lofego, de 79 anos, leva seu instrumento musical para a curva de Itapuã e chega a tocar por mais de três horas


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Imagem ilustrativa da imagem Médico aposentado dá show com bandolim no calçadão de Vila Velha
José Anselmo Pimenta Lofego toca sucessos da MPB e músicas do cancioneiro americano |  Foto: Leone Iglesias/AT

É num cenário tão paradisíaco quanto aquele onde se originou a Bossa Nova, na zona sul do Rio de Janeiro, que o médico aposentado José Anselmo Pimenta Lofego, de 79 anos, encontrou espaço e inspiração para manifestar sua paixão pela música.

Acompanhado de seu instrumento musical, o bandolim, o capixaba escolhe um banco do calçadão de Vila Velha, mais precisamente na curva de Itapuã, para sentar e apresentar uma seleção de 1.200 sucessos da Música Popular Brasileira e do cancioneiro norte-americano.

“Sou um cara privilegiado de poder ter uma vista dessa, de morar num lugar paradisíaco como esse. Não existe nada igual a Vila Velha! Venho aqui para tocar sempre por volta das 17 horas, quando tem sol e não está ventando muito”, conta o músico autodidata.

Tocar bandolim é apenas um hobby para José Anselmo e seu objetivo é agradar às pessoas que cruzam seu caminho. Algo que sua prima, a saudosa Nara Leão, fez com maestria. Imigrantes italianos fixados em Iúna, os avôs do aposentado e de uma das vozes mais marcantes da Bossa Nova eram irmãos, de acordo com ele.

“Fazer os outros felizes é muito bom. E eu também fico feliz porque faço com paixão. Se eu não tocar, não me sinto bem. Tocar elimina todos os problemas da vida. Afinal, com quase 80 anos, você não tem a saúde perfeita. Sempre tem um probleminha”, revela o aposentado, aos risos.

Apesar da idade, há dias que José Anselmo toca até as 20h30, ou seja, por mais de 3 horas! De onde vem tanta energia? “É uma coisa interessante… Você vai tocando e vai se energizando, não tem cansaço, não sente sede... Eu apenas vou e, quando vejo, já é de noite”.

A paixão do capixaba pela música e o contato com a praia, seu cenário preferido, se deu aos 7 anos. Foi nessa idade que ele, que é natural de Vitória, começou a tocar violino e também passou a frequentar a Praia da Costa, onde seus pais tinham uma casa de praia.

“A partir de 1969, minha família se mudou de vez para Vila Velha. Durante esse período, eu me formei e fui morar em Linhares e aí só ia à praia nos finais de semana. Quando me aposentei, em 2006, voltei a morar perto do mar e por aqui me mantive”.

“É meu melhor companheiro”, diz o médico aposentado José Anselmo Pimenta Lofego

A Tribuna - O que o bandolim representa para o senhor?

José Anselmo Pimenta Lofego - Atualmente, é o amigo mais próximo que tenho. Não vou dizer que é o melhor amigo porque ele não interage afetivamente, mas é meu melhor companheiro.

Quando e como se deu a paixão pelo bandolim?

O bandolim apareceu na época em que morei em Linhares. Tocava violino e, depois que ele quebrou, um amigo apareceu com um bandolim. São instrumentos que possuem as mesmas cordas, então são usadas técnicas parecidas. Por isso, acabei me adaptando.

São mais de 40 anos dedicados ao bandolim e, depois que me aposentei, em 2006, passei a me dedicar ainda mais à música.

Como aprende as músicas que toca?

Eu toco de ouvido. Uso muito a internet para aprender novas canções. Tenho que praticar muito em casa para, quando chegar na rua, já estar bem treinado. (Risos)

O que te motiva a tocar na orla?

Não me sinto realizado tocando só em casa. Em casa, eu pratico. Quando vou pra rua, interajo com as pessoas. Elas conversam comigo, tiram fotos, filmam.

Em janeiro, vou passar um período em Guarapari, e pretendo tocar nas pracinhas que ficam perto da casa de praia que tenho.

O que o senhor mais gosta de tocar?

Sou bem eclético, mas só toco músicas que se tornaram eternas. Gosto muito de Bossa Nova e música norte-americana, sou fã numero 1 de Tom Jobim e adoro tocar Chico Buarque e sambas. O desafio agora é aprender a tocar músicas de rock no bandolim.

Pensa em trabalhar com música?

Não quero ter compromisso. (Risos) É meu hobby. Quando dá vontade e o tempo está legal, eu saio de casa e vou tocar.

A família apoia esse hobby?

Não tem nenhuma bronca não. (Risos) Acho que se eu ficar tocando em casa é que dá bronca, porque pode perturbar... Mas os amigos dos meus filhos e netos falam: “vi seu avô, seu pai tocando...”

Alguém da sua família herdou a paixão pela música?

Tenho três filhos e seis netos. Apenas um filho, que se formou em Medicina também, resolveu compor depois de velho. Agora, o resto da família não se dedica à música.

Uso muito a internet para aprender novas canções. Tenho que praticar muito em casa para, quando chegar na rua, já estar bem treinado José Anselmo Pimenta Lofego, médico aposentado

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