Jayminho, o jacaré resgatado no pátio de um hospital da Serra
Jacaré de 87 cm apareceu no Hospital Estadual Jayme dos Santos Neves na segunda-feira e será devolvido para a natureza nesta quarta
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O jacaré foi dar uma voltinha no hospital. Será que ele passou mal? Não! Jayminho, como foi batizado, está muito bem e volta hoje à natureza. Para a felicidade de todos, essa história que parece um conto infantil é real e aconteceu na Serra.
Na noite de segunda-feira (08), um jacaré-de-papo-amarelo apareceu no pátio do Hospital Estadual Jayme dos Santos Neves, no bairro Morada de Laranjeiras, na Serra.
Ele foi avistado por vigilantes que trabalham no local que, preocupados com o bicho, conseguiram levá-lo até a fonte artificial que existe na entrada da unidade hospitalar, onde ele foi deixado até a chegada do resgate, na manhã de terça-feira (09).
Uma equipe do Projeto Caiman esteve no local e recolheu o jacaré, que foi batizado de Jayminho.
“Não é um fato isolado. Todos os anos, resgatamos em média 70 jacarés-de-papo-amarelo. Muitos deles machucados, doentes, que tratamos e devolvemos para a natureza”, afirma o coordenador do Projeto Caiman, Yhuri Nóbrega.
Porém, Jayminho procurou o hospital sem motivo aparente. Ele tem 87 cm, 3,8 kg e 5 anos. “É um macho supersaudável. Fizemos exames de sangue, ultrassom e raio-X”, afirma Yhuri Nóbrega.
O coordenador destaca, porém, que a urbanização e a caça prejudicam essas espécies. “Algumas pessoas têm o mau hábito de achar que a cidade sempre foi cidade e não é assim. Algumas populações estão conseguindo sobreviver em fragmentos de florestas. Os bichos sofrem com a urbanização e a caça”.
A geógrafa do Projeto Caiman Laura Fermo explica que os répteis se movimentam para se reproduzir ou para buscar alimentos.
“No caso do Jayminho, ele tem apenas 5 anos, então, estava em busca de alimento. Costumam se movimentar mais à noite e se deslocam aproximadamente 10km por dia”, afirma Laura.
O biólogo e mestre em Biologia Animal pela Ufes Daniel Gosser Motta conta que os jacarés-de-papo-amarelo são animais que podem viver em água doce (brejos, lagoas e pântanos) ou salobras (manguezais).
“Os jacarés são répteis e o fator temperatura tem um papel importante na fisiologia desses animais, onde em dias mais calorentos eles são mais ativos e em dias frios, menos ativos. Talvez ele estivesse procurando uma outra região alagada”, destaca.
Saiba mais
Jayminho
Jayminho é um jacaré-de-papo-amarelo que foi resgatado no Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra.
Saudável, ele tem 87 cm, 3,8 kg e 5 anos. Após passar por exames, será devolvido à natureza hoje, na Área de Proteção Ambiental (APA) de Jacuném, na Serra.
Espécies
São seis espécies de jacarés no País: jacaré-açu, jacaré-paguá, jacaré-de-papo-amarelo, jacaré-do- Pantanal, jacaré-tinga e jacaré-coroa.
Brasil
Os jacarés-de-papo-amarelo vivem somente na América do Sul.
Mais de 70% de toda a população mundial de jacarés-de-papo-amarelo vive no Brasil.
O jacaré-de-papo-amarelo ocorre em ecossistemas associados à água e vegetação, como rios, pântanos, lagoas, manguezais, entre outros ambientes na Mata Atlântica, cerrado, caatinga e nos pampas.
No Brasil, grande parte da distribuição geográfica do jacaré-de-papo-amarelo é coincidente com os remanescentes de Mata Atlântica.
Espírito Santo
A única espécie existente no Estado é o jacaré-de-papo-amarelo.
A Serra é o município com a maior população de jacarés-de-papo-amarelo do Espírito Santo, localizada no que o coordenador do Projeto Caiman, Yhuri Nóbrega, define como “cinturão verde”, com 600 animais.
Outras unidades de conservação e estudos da espécie ficam em Sooretama, Itaúnas, Dores do Rio Preto, e Pinheiros.
Projeto Caiman
O Projeto Caiman é uma iniciativa do Instituto Marcos Daniel em parceria com a ArcelorMittal Tubarão.
O Jacaré-de-Papo-Amarelo (Caiman latirostris) é uma espécie símbolo da Mata Atlântica.
O Projeto Caiman é uma iniciativa pioneira de pesquisa e conservação das populações da espécie, gerando dados científicos sobre ela no Brasil.
O programa de educação ambiental do Projeto Caiman usa diferentes formatos para os diversos públicos e objetivos como:
Educação ambiental nas escolas públicas e privadas, turismo científico e educação ambiental gratuita no Centro Ecológico Projeto Caiman, entre outras.
Endereço
Centro Ecológico Projeto Caiman. Avenida Renato Pacheco, s/nº, Jardim Camburi, Vitória.
Telefone: (27) 99763-9757 (somente para resgate de jacarés).
Telefone: (27) 99694-1375 (educação ambiental).
Caso a pessoa não lembre do telefone do resgate, deve ligar para o Ciodes 190 que a Polícia Militar vai fazer o contato com a equipe.
Fonte: Projeto Caiman.
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