Quatro famílias denunciam por dia o desaparecimento de parentes no ES
Números são da Polícia Civil, que registra em média quatro casos de desaparecimento por dia. Alguns deles, porém, têm final feliz
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Há mais de duas décadas, a vida de Carlos Eduardo Castro Tiradentes, de 41 anos, mudou drasticamente quando sua mãe, Claudia Maria de Castro Tiradentes, desapareceu misteriosamente aos 27 anos. Além de incertezas e esforços incessantes na busca por respostas, a história de Carlos pode ser resumida também na esperança constante de reencontrar a mãe.
O motorista não carrega sozinho o sentimento de angústia à espera por notícias de sua mãe. Além dele, famílias de mais de 100 pessoas que estão desaparecidas aguardam ansiosamente por notícias de seus entes queridos. Os números são da Polícia Civil, que registra em média quatro casos de desaparecimento por dia no Estado.
“Na época, eu tinha apenas 12 anos. Minha mãe saiu de casa para visitar seu padrasto no hospital, em Muriaé (Minas Gerais), e nunca mais foi vista. Alguns anos depois, eu procurei a polícia e até fui em vários locais onde ela poderia ter passado, mas até hoje nada”.
Maria Boa Morte Araujo da Conceição, estava com 62 anos quando desapareceu, há quatro anos. Ela foi vista pela última vez em Cariacica, onde morava.
Seus sobrinhos Vanderli de Araújo Silva e Vagner de Araújo Silva expressaram a tristeza e o vazio que o sumiço causou na família.
“A tristeza é muito grande porque, depois que ela sumiu, a gente correu muito atrás, fomos em muitos lugares para conseguir uma resposta e nada. Ela faz uma falta muito grande”, disse Vanderli.
Investigador na Delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD), Adriel Ludolf destaca alguns desafios enfrentados na investigação dos casos.
“Além da falta de apoio de instituições, que não têm seus bancos de dados integrados, a classificação dos desaparecimentos também é um problema, especialmente quando envolve situações de fuga motivadas por dependência química ou conflitos familiares”.
“Eu só quero ter notícias, saber o que aconteceu”
Laurineti de Oliveira Rodrigues desapareceu em 19 de janeiro de 2023, deixando sua filha Nynyve Alice desesperada. Laurineti enfrentava distúrbios mentais e costumava sair, mas nunca por tanto tempo. No dia do sumiço, Nynyve estava trabalhando e, ao retornar, soube que a mãe havia saído e não tinha voltado.
“Quando cheguei, me falaram do sumiço. Ela já tinha feito isso outras vezes, mas sempre voltava. Só que, dessa vez, não voltou mais”, conta a filha.
Mesmo após buscas incansáveis pelo bairro, boletim de ocorrência na delegacia e diversos relatos, a mulher continua desaparecida.
Durante as buscas da família, além de ter de trabalhar a angústia, os familiares ainda tiveram de passar por uma tentativa de golpe.
Nynyve compartilha sua angústia diante da exploração da situação. “A gente já estava sofrendo com o sumiço dela e daí vem uma pessoa dizendo que estava com ela e pedindo dinheiro. Ainda bem que não chegamos a depositar nada”, contou a filha da desaparecida.
Ela menciona o sofrimento de enfrentar datas importantes sem a mãe e expressa a falta que Laurineti faz.
“Sempre me lembro dela, em datas especiais então, a saudade é ainda maior. Eu só quero ter notícias, saber o que aconteceu”.
“Minha mãe sumiu quando eu tinha 12 anos. De lá para cá, eu venho fazendo de tudo para tentar encontrá-la. Fui à delegacia registrar ocorrência, procurei saber como estão as investigações. Fui também nos possíveis lugares onde ela poderia ter passado, mas nada. Ainda assim, eu vivo com esperança de um dia poder encontrá-la.
A gente tem de estar preparado para todas as situações, mas minha maior esperança é que ela esteja viva. Você fica sempre pensando: onde é que minha mãe está? Quem tem mãe e pai tem de dar muito valor porque não é fácil”.
FIQUE POR DENTRO
Auxílio da Inteligência Artificial
Atualmente, mais de 100 pessoas estão desaparecidas no Estado.
A maioria delas é composta por homens e mulheres acima de 18 anos.
Sensibilizado com os inúmeros pedidos de socorro de mães e pais que estão à procura de filhos desaparecidos, um investigador da Delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD) decidiu ir além com o seu trabalho.
Adriel Ludolfo Moreira criou contas nas redes sociais em que divulga – com autorização das famílias – fotos das pessoas desaparecidas.
“Conforme vão chegando as ocorrências, entro em contato com essas pessoas e pergunto se elas autorizam a divulgação nesses canais. Eles são importantes e nos ajudam com informações sobre o paradeiro”, disse Adriel.
Hidreley Dião, um paulistano que viralizou nas redes sociais ao dar início ao trabalho de progressão facial, feito com Inteligência Artificial, auxilia a Polícia Civil do Estado com suas artes, para ajudar na identificação dos desaparecidos.
Fonte: Polícia Civil.
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