“Já fui ambulante e hoje tenho seis clínicas”, diz empresária
A empresária Ana Paula Braun teve uma infância humilde, saiu de casa aos 14 anos e passou por desafios até conquistar sucesso
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“Empreender no Brasil não é fácil, e isso não é uma novidade. Quando a desigualdade social é um fator marcante na vida, contudo, o sonho do próprio negócio só se distancia.
Quando criança, em um lar muito humilde, não imaginaria que conseguiria me tornar quem sou hoje: já fui vendedora ambulante e, hoje, tenho seis clínicas.
Poucas memórias me marcam tanto quanto as lembranças da minha vida em Nova Zelândia, na Serra, um bairro que nem tinha acesso a transporte público. Meu pai era pedreiro e minha mãe era uma dona de casa, que não sabia ler e nem escrever.
Frequentemente, eu era a ajudante do meu pai nas obras, fazendo serviços leves, como preenchimento das cerâmicas com o rejunte. Era a forma que tínhamos de economizar e fazer o dinheiro render mais. Era um verdadeiro malabarismo para sustentar a casa e, muitas vezes, a salsicha era a nossa carne da semana.
Aos 14 anos, fui presenteada com uma gravidez. Naquele momento, eu só pensava que não poderia dar mais um custo à minha família, que já vivia uma difícil situação.
Ouvi de todas as pessoas que minha vida havia acabado. Apesar de todos os desafios, saí de casa e nunca voltei a morar com meus pais."
Trajetória profissional
"Apesar de enfrentar a pobreza na infância, nunca deixei de ser sonhadora. Sempre que eu tinha um espaço, ocupava com toda a minha presença.
Na escola, eu era uma das melhores nos trabalhos, copiava no quadro, buscava estar em evidência nas atividades e tinha ótimas notas - quando eram ruins, eu chorava muito.
Essa garra para a vida se refletiu, também, na minha trajetória profissional. Após ser vendedora ambulante, queria uma oportunidade regularizada e, por isso, consegui um primeiro emprego de vendedora de consórcio.
Foi quando minha vida começou a mudar: cheguei a ganhar até R$ 25 mil ao mês. Me descobri uma baita de uma vendedora!
Foi então que sonhei em construir o meu negócio. O primeiro, um restaurante self-service, não deu certo. O segundo, uma loja de bijuteria, não deu certo. Empreender foi muito diferente do que pensei. No emprego anterior, havia engordado 20 quilos e, por isso, me envolvi muito no mundo da nutrição e da estética.
Tanto que fui estudar Nutrição. Nas aulas da faculdade, eu ia com roupas de malhar e minhas amigas sempre perguntavam onde comprei. Passei a vender essas roupas, me formei e, por sorte, consegui alugar uma clínica de uma amiga que havia se mudado para os Estados Unidos.
Meu histórico com os negócios não era muito positivo: eu trabalhava para pagar o aluguel e os funcionários.
O meu propósito pessoal com a saúde era tão genuíno, contudo, que daquela vez foi diferente. Em um ano e dois meses, eu já estava em uma sede maior, com muitos funcionários e clientes fidelizados.
De certo modo, todas as experiências que acumulei me ajudaram em algo que representa o que eu realmente gostaria de construir para o mundo.
As dificuldades, de um modo não tão bom, me ensinaram desde cedo a valorizar o dinheiro e a saber administrá-lo. É dessa forma que escolhi enxergar minha trajetória.
Tenho seis clínicas chamadas “Execelência” e, ainda este ano, irei inaugurar uma unidade em São Paulo. Apesar do sucesso nos negócios, se eu ouvisse o que outros têm a me dizer, jamais daria esse passo.
E não é arrogância. Acredito, sim, que podemos aprender com a experiência dos outros, quando eles têm algo a nos passar. É preciso saber filtrar os conselhos."
Resiliência
"Jamais devemos permitir que as circunstâncias que a vida nos colocou interfiram no nosso potencial. É só um momento, desde que tenhamos resiliência para lutar. O que quisermos, podemos realizar. Deus nos coloca no mundo com um corpo físico e, nisso, somos todos iguais.
Às vezes, uma pessoa que nasceu rica nunca vai ter a sabedoria de alguém que enfrentou a pobreza. Para nós, a vida é uma escola. Quando a dificuldade surge, sabemos como enfrentá-la.
As dificuldades da vida, sem dúvidas, tornam o caminho mais difícil. Não partimos dos mesmos lugares, mas somos capazes."
Perfil
Ana Paula Braun
Aos 36 anos, a empresária Ana Paula Braun se tornou uma empreendedora de sucesso na área de saúde, estética e beleza, após enfrentar a pobreza durante a infância e a adolescência.
A empresária iniciou a vida profissional ainda na adolescência, ajudando o pai, que é pedreiro. Engravidou aos 14 anos e precisou trabalhar desde muito nova para sustentar o filho.
O que dizem as especialistas
“É importante tomar cuidados” - Fabíola Loyola Provedel Toscano, mestre em Administração e professora da UCL
“O empreendedorismo é uma solução muito interessante para mulheres que precisam estar no mercado de trabalho mas têm que conciliar a jornada com outras múltiplas funções. Antes de empreender, é importante tomar cuidados para que o negócio alavanque e tenha o sucesso esperado. Faça um estudo do mercado que quer atingir, tenha um diferencial no seu produto, faça o orçamento de tudo que você vai gastar e cumpra o prometido”.
“Resiliência é fundamental” - Gisélia Freitas, especialista em pessoas, carreiras, imagem e cultura organizacional
“A resiliência é fundamental para empreendedores iniciantes alcançarem o sucesso. Ser empreendedor envolve lidar com desafios constantes, incertezas e a possibilidade de falhas. A resiliência permite que os empreendedores superem obstáculos, aprendam com os erros e sigam em frente. O cenário empresarial está em constante transformação, e a capacidade de se ajustar e encontrar novas soluções é crucial”.
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