Igreja faz festa com crianças vestidas de santo para não celebrar o Halloween
Paróquia Santa Luzia, no Barro Vermelho, vai comemorar o Holiness Wins, no próximo dia 28, com teatro e brincadeiras
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“Católico não comemora Halloween e, sim, Holiness Wins!”. A frase chama atenção no convite da Paróquia Santa Luzia, no Barro Vermelho, em Vitória, para a festa de Todos os Santos promovida pela catequese da igreja.
A festa será com crianças, no próximo dia 28, e a orientação é que os pequenos participem usando roupas que lembrem o seu santo ou santa de devoção.
Segundo o padre Eder Hoffmam, administrador paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na Serra, e a coordenadora da catequese da Paróquia Santa Luzia, Danielle Sobreira, o Halloween não possui uma conotação cristã.
“A Igreja Católica e as igrejas cristãs não reconhecem essa festa. Portanto, a gente não incentiva essa prática. Não existem proibições em relação a isso, mas também não existe nenhuma afirmação de que um cristão deva participar ou, brincar com isso”, diz o padre.
Já Danielle destaca que a paróquia é composta pela Matriz Santa Luzia, Comunidade Nossa Senhora das Graças, em Andorinhas, e Comunidade São Miguel Arcanjo, em Santa Martha. A primeira festa com as crianças vestidas de santos foi realizada ano passado.
“Propus ao pároco trazer de volta a comemoração de Todos os Santos. Fizemos a primeira festa, para evangelizar e explicar a origem do Halloween. Teve um teatro sobre a vida de Santa Luzia. As crianças amaram”, explica.
Este ano, a festa vai contar a história de Santa Terezinha do Menino Jesus. Haverá teatro, crianças vestidas em homenagem a seus santos de devoção, pula-pula, lanche e lembrancinha.
A festa será sábado, dia 28, das 14h às 17h, na sede da Paróquia Santa Luiza.
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Comemoração teve origem na Irlanda e se popularizou
O doutor em Ciências da Religião Edebrande Cavalieri conta que o Halloween surgiu no contexto da cultura celta, na região da Irlanda, Europa, e que se popularizou nos Estados Unidos com a imigração.
“Há uma relação direta entre cultura e religião. Para os celtas, o dia 31 de outubro (quando hoje é comemorado o Halloween) representava a passagem do outono para o inverno”, afirma.
Eles então acreditavam que havia um limite mais estreito entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos, segundo Edebrande.
“Para os celtas, havia um véu rompido em que os mortos viriam para a Terra buscar seu destino final. Por isso, acendiam velas e fogueiras para iluminar o caminho e afastar os maus espíritos, no entendimento deles. Com o tempo, surgiram as fantasias e outras festas”, afirma o especialista.
Ele destaca que a religião católica tem como tradição abraçar festas populares. “O Natal era a festa do sol, a crença religiosa mais comum. E fez sentido celebrar o nascimento de Jesus nesta data”.
Para o especialista, a convivência mais saudável é plural e não homogênea. “Se reproduz no Brasil uma mentalidade intolerante em relação às religiões não cristãs, como as afro, orientais e outras”.
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