Famílias grandes estão de volta: casais do ES têm optado por ter mais de 2 filhos
Casais no Estado têm optado por ter mais de dois filhos para que eles tenham a experiência de serem rodeados por irmãos
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Menos crianças em casa? Isso é o que apontam os estudos. O Censo Demográfico 2022, lançado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirmou que a família brasileira encolheu, tendo, em média, 2,79 moradores por domicílio.
Já o Fundo de População das Nações Unidas aponta que a média de filhos por mulher no Brasil chegou a 1,6, sendo o menor patamar já registrado.
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No entanto, há capixabas que vão contra a tendência atual, optando por ter uma casa cheia de crianças.
Esse é o caso da professora de Arte Gabriela Roxinol da Silva, de 39 anos, e seu marido Bruno Pereira Soares Roxinol, operador portuário de máquinas móveis, 30.
Os dois cresceram rodeados de irmãos, gostaram do apoio mútuo e querem que seus filhos tenham a experiência.
A dupla vive de maneira feliz junto a seus pequenos Beatriz, 5, Eduarda, 4, e Gabriel, 1, e segue repleta de expectativas para receber Emanuele, que nascerá em fevereiro de 2024. Eles afirmaram também que querem uma quinta criança.
“Ter uma família grande é uma alegria. Brincamos juntos, fazemos nossas refeições à mesa, as meninas gostam de conversar como se fossem gente grande. É muito engraçado!”, comentou a mãe.
De acordo com a psicóloga Luíza Bazoni, pesquisas já realizadas afirmam que pais com quatro filhos ou mais estão mais satisfeitos do que aqueles com menos filhos, pois gostam do que uma família numerosa pode proporcionar.
“Alguns casais preferem ter poucos ou não ter nenhum filho e são felizes, outros casais preferem ter 4, 5 e também são felizes. No entanto, aqueles que escolhem ter muitos relatam que nunca caem na rotina e que a vida é sempre intensa”.
Segundo a psicóloga Marcelle Paganini, para quem decide ter muitos filhos, isso é um benefício por ser um alvo de vida.
“Deve ser algo que faz o olho brilhar, porque a vida precisa sempre de um propósito, de um motivo de a gente acordar, de fazer as coisas. Essas famílias grandes têm o porquê em torno de si mesmas, isso traz felicidade”, finalizou.
Entrevista | Gabriela Roxinol, professora: “Socialização com amor”
A fim de entender o porquê de ter família grande, A Tribuna conversou com a professora Gabriela Roxinol, mãe de três crianças, grávida da quarta e que já pensa em ter a quinta.
A TRIBUNA – Sempre foi natural a ideia de ter muitos filhos?
Gabriela Roxinol – Nos amamos e nossos filhos são frutos desse amor, desse desejo de viver a vontade de Deus em nossa vida. Decidimos ter mais de dois por acharmos natural uma família numerosa. Crescemos com irmãos, com essa dinâmica familiar de dividir, cuidar, ter com quem brincar e brigar, pois respeito e limite se aprende desde pequeno, dentro de casa, iniciando uma socialização com amor, com a orientação dos pais de perto.
Para o futuro, querem ter mais filhos?
Pensamos em ter mais filhos. Temos medo? Sim. Mas confiamos que Deus irá nos mostrar o caminho.
Com a tendência de ter poucos filhos nos últimos anos, as pessoas ficam admiradas com você querendo mais?
Todos ficam admirados quando digo que quero ter mais filhos. De todas as mulheres que conversei até hoje sobre maternidade, a maioria confessa ter o arrependimento de não ter tido mais um. Viram que os filhos crescem rápido. Viram que dá trabalho, só que a alegria é maior.
Benefícios de ter muitos irmãos
Muito além do amor compartilhado, ter uma família numerosa tem outros pontos positivos. Talita Alves Barbosa da Silva, psicóloga da Rede Meridional, listou alguns a pedido de A Tribuna.
De acordo com a profissional, um deles é que as crianças podem se divertir com os irmãos quando são, principalmente, de idade próxima e, assim, dão aos pais a oportunidade de relaxar ou fazer outras atividades, em vez destes precisarem se envolver a todo o momento nas brincadeiras.
A profissional também disse que as crianças mais velhas podem ajudar os pais a cuidar das mais novas e a contribuir com as tarefas domésticas, o que estimula a conquista da independência delas, a cooperação entre os irmãos e reduz as tensões diárias vivenciadas por pai e mãe.
De acordo com Talita, a família acaba se tornando mais resiliente para lidar com os imprevistos na rotina e para se adaptar às mudanças.
“Sem contar com o fato de que famílias numerosas aprendem, pela experiência, a ser mais tolerantes e a lidar com as diferenças uns dos outros”, disse.
A psicóloga deixou claro que essa experiência pode contribuir para fortalecer os vínculos afetivos entre os familiares e a rede de apoio diante de situações difíceis que a família possa vivenciar, “o que traz mais satisfação e aprendizado”, finalizou.
Seguindo a tabelinha
O ator Juliano Cazarré, 42, e a esposa, a bióloga Letícia Cazarré, 39, são pais de cinco crianças e estão à espera da sexta. Eles não buscam métodos contraceptivos por ideais religiosos e seguem apenas a “tabelinha”.
“Tínhamos dois filhos e Letícia perguntou se eu queria mais um, disse que sim. Nesse meio tempo, nos voltamos para a Igreja Católica e entendemos sobre fé e o chamado de Deus. Nos abrimos para a vida”, disse o ator ao jornal Extra.
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