Falta de remédio contra déficit de atenção preocupa famílias
Pacientes reclamam da falta de Ritalina nas Farmácias Cidadãs. Médicos alertam que ela é fundamental para o tratamento do TDAH
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O desabastecimento do medicamento Ritalina nas Farmácias Cidadãs tem gerado preocupação entre as famílias que dependem dele para o tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Há quatro meses, pacientes estão enfrentando dificuldade para encontrar o remédio.
A situação veio à tona quando uma leitora do jornal A Tribuna denunciou a escassez na Farmácia Cidadã da Serra e relatou que precisa desembolsar R$ 300 para adquiri-lo, colocando um custo financeiro adicional sobre sua família.
Porém, a falta do medicamento também tem impactado a vida de outras crianças e adolescentes que dependem dele.
A cuidadora de idosos Sildicleia Aparecida de Araújo, de 36 anos, relatou que sua filha tem enfrentado dificuldades devido à escassez da Ritalina, que é essencial para seu tratamento contínuo.
“Eu precisei comprar porque não havia na farmácia, mas o problema é que ela faz uso contínuo e só temos um pouco para esta semana. Para a próxima semana não teremos mais. Não sei o que farei, está sendo difícil, porque o remédio é caro e não estou conseguindo comprá-lo regularmente”, disse.
A falta de previsão sobre a disponibilidade do medicamento tem gerado ansiedade e incerteza para as famílias afetadas, mas também preocupa especialistas.
Segundo o neuropediatra Raphael Rangel, o TDAH tem como base fundamental a terapia por medicamento. “Temos no Brasil como tratamento de primeira linha o metilfenidato (Ritalina) e a lisdexanfetamina (Venvase). A não utilização correta dessas medicações nos indivíduos diagnosticados com o TDAH e que apresentam prejuízos funcionais trazem enormes problemas”, comentou.
O neuropediatra ainda explicou que um tratamento regular e contínuo do TDAH é fundamental para o bom desempenho do paciente. As terapias de apoio, como psicoeducação e terapia comportamental, são fundamentais, porém o seu maior resultado será alcançado com tratamento regular.
Já o neurologista infantil e especialista em autismo Thiago Gusmão disse que a não utilização do medicamento tem consequências que vão além do prejuízo na escola. “Pode ter dificuldades até para manter a higiene pessoal. O paciente pode esquecer atividades simples como escovar os dentes, tomar banho e arrumar a cama”.
Problemas na escola
A auxiliar de serviços gerais Cristiely Braga de Souza, de 26 anos, é mãe da adolescente Larissa Souza Gomes, de 15 anos, diagnosticada com TDAH desde os 7 anos, quando começou a usar Ritalina. Agora, com a falta do medicamento, a mãe tem contado com a ajuda de amigos e familiares. “Sem o remédio, ela apresenta baixo desempenho escolar e fica muito agitada em casa. O que mais me aflige é não ter garantia de quando o medicamento vai voltar”, disse Cristiely.
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O que é o TDAH?
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. O diagnóstico é feito a partir de avaliação de profissionais da área médica e da psicologia.
Tipos
Hiperativo: Pessoas com TDAH hiperativo/impulsivo sentem necessidade de se movimentar constantemente. Nas interações com os outros, costumam falar muito e interromper as falas do interlocutor. É mais comum entre meninos.
Desatento: Entre as características, pessoas com esse tipo de TDAH cometem erros por descuido, pois têm dificuldade em manter a atenção. Também podem se distrair facilmente e perder coisas constantemente. Tipo que acomete mais meninas.
Combinado: Demonstram seis ou mais sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Impacto da falta de Ritalina
Escassez do medicamento: A Ritalina, utilizada no tratamento do TDAH, está em falta na Farmácia Cidadã da Serra.
Custos elevados: Familiares estão precisando desembolsar R$300 para adquirir o medicamento, causando dificuldades financeiras.
Consequências para os estudos: A falta do medicamento compromete a concentração nos estudantes, afetando o desempenho acadêmico.
Desamparo das famílias: A ausência do medicamento deixa as famílias sem opções adequadas de tratamento para o TDAH.
Sem previsão: Famílias questionam por não receberem uma previsão da chegada dos medicamentos. A Secretaria da Saúde diz que a medicação de 30mg está com problema na aquisição desde de 2022.
Fonte: Pesquisa AT, Sesa e Ministério da Saúde.
O outro lado
Dificuldades na fabricação
A Secretaria de Estado da Saúde informa, por meio da Gerência de Assistência Farmacêutica, que o metilfenidato (Ritalina) 20mg tem estoque nas Farmácias Cidadãs, porém a entrega tem sido em quantidades fracionadas. Já a apresentação de 30mg está com problema na aquisição desde 2022 devido a dificuldades de fabricação. Porém, o reabastecimento do estoque está previsto para os próximos dias.
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