Especialista em crimes cibernéticos orienta pais sobre monitoramento dos filhos
Eduardo Pinheiro destaca que a omissão dos pais pode colocar em risco a tranquilidade e a segurança da família
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Monitorar o que crianças e adolescentes fazem na internet pode ser uma tarefa difícil e trabalhosa para os pais. Mas a correria do dia a dia não pode ser desculpa para não fazê-lo.
É o que acredita o especialista em crimes cibernéticos Eduardo Pinheiro, colunista do jornal A Tribuna. “A vida agitada e a correria diária não são mais desculpas para os pais deixarem de proteger seus filhos no ambiente digital. As opções são variadas e se encaixam em todos os perfis de pais, desde os mais tecnológicos aos mais resistentes ao uso da tecnologia”.
Ele destaca ainda que a omissão dos pais pode colocar em risco a tranquilidade e a segurança de toda a família. “É preciso estar próximo, até porque os aplicativos não são 100% eficazes”.
O titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), delegado Brenno Andrade, enfatiza que quando os pais não dão atenção ao filho, ele acaba encontrando esse afeto do outro lado da tela.
“O problema é que lá pode estar um criminoso. Os pais precisam se interessar pelo que os seus filhos estão fazendo, criar um ambiente de diálogo para que eles comuniquem assim que tiver algo diferente”.
Se essa criança cresce em um ambiente em que se fomenta as questões e laços de confiança, na adolescência ela tende a ter maior noção da sua limitação do uso das redes, pois terá uma noção mais clara dos riscos que ela pode correr, ressalta a neuropsicopedagoga Geovana Mascarenhas.
Mais que monitorar e controlar os pais precisam orientar o uso seguro e ético do mundo virtual, ressalta o diretor pedagógico na Foreducation EdTech Consultoria Educacional, Marcelo de Freitas Lopes.
“Vivemos uma pirâmide invertida de conhecimento em relação ao uso da tecnologia, os pais sabem menos que os filhos. Por essa razão, precisamos ensiná-los sobre cidadania digital, que são nossos direitos e, principalmente, deveres para garantir uma navegação segura, saudável e ética”.
O especialista em segurança cibernética Rafael Franco, CEO da Alphacode, conclui que essa é uma questão de comprometimento com a segurança dos filhos.
“Entenda quais são os jogos que eles gostam e aprenda a jogar, crie o seu avatar e esteja presente no mundo virtual, apenas criando essa proximidade você vai estar preparado para identificar e proteger as crianças de eventuais riscos”.
Rotina para evitar excesso de telas
Regras, rotinas e alternativas de atividades são fundamentais para evitar o excesso de telas e assim diminuir o tempo de exposição aos perigos que crianças e adolescentes correm no mundo virtual.
“Crie uma rotina com o seu filho, estabeleça horários para acessar os dispositivos e utilize as tecnologias disponíveis para reforçar esta orientação”, ensina o especialista em tecnologia educacional Guilherme Camargo, CEO da Sejunta.
Com o planejamento da rotina e momentos para o uso de celulares, computadores e jogos, é possível incluir momentos em família, segundo a coordenadora de programas e proteção infantil do ChildFund Brasil, Karla Corrêa.
“A realização desses momentos na rotina familiar reduz o tempo de tela, gera confiança, segurança e fortalece os vínculos. É preciso planejar e começar através do brincar, de atividades esportivas, músicas, explorando outros espaços, integrando a natureza, dialogando”.
As brincadeiras, principalmente para os menores, também são fundamentais. A psicóloga e orientadora parental Nanda Perim indica o contato com a natureza como alternativa às brincadeiras com a tela.
“Esse contato com a natureza é muito importante por vários motivos. O primeiro deles é o estímulo visual e a liberação de dopamina. Temos também a parte sensorial, que é muito importante para a criança e as telas não têm. Então, sempre que possível, leve a criança para mexer na terra, ver animais”.
Ela destaca ainda que a soma desses fatores, desse contato com a natureza, traz uma evolução cognitiva, motora e emocional para a criança. “Os pais podem levar ao parque da cidade, à praia. A criança tem de ter o máximo possível de estímulos bons”.
As férias são uma ótima oportunidade para diminuir o tempo de tela e propor outras atividades, de acordo com a neuropsicopedagoga Dayane Rodrigues.
“Os pais podem promover algumas brincadeiras antigas, jogos, um banho de mangueira, reunião entre amigos, cinema com pipoca em casa mesmo, tanto com a família quanto com os amigos. E principalmente garantir que nesse tempo de férias eles não fiquem muito dentro dos quartos”.
O CEO da School Guardian, Leo Gmeiner, conclui que atualmente é fundamental que os pais estejam muito atentos ao que acontece no universo particular de cada filho, on-line e físico. “O melhor jeito de nos sentirmos e estarmos preparados é buscar informação em sites confiáveis”.
>>> Algumas dicas
Estabeleça rotinas
Mesmo durante as férias é preciso estabelecer rotinas para o uso das redes sociais, jogos e telas em geral. É interessante escrever, desenhar e deixar à mostra as regras e horários em que os eletrônicos podem ser usados.
Dê alternativas
É importante que quando crianças e adolescentes não estiverem nas redes sociais ou em frente às telas tenham alternativas de brincadeiras, como sair de casa, jogos de tabuleiros ou outros.
Construa um diálogo
OS FILHOS precisam ser auxiliados e orientados desde muito pequenos. E pais precisam se colocar à disposição para conversar sobre tudo com seu filho, dessa forma fica mais fácil estabelecer uma relação de confiança.
É PRECISO também explicar o motivo de poderem ou não fazer determinadas coisas. Dessa forma, eles não apenas obedecem, conseguem entender os perigos e evitam ocultar fatos para os pais. Evite ameaçar ou brigar.
Monitore por idade
DE ACORDO com a idade da criança, convém monitorar de formas diferentes. Para isso, o computador deve ficar em local centralizado da casa e os celulares só devem ser permitidos em certas horas.
ADOLESCENTES podem ter mais liberdade e privacidade, mas é importante que os pais saibam o que eles acessam e com quem se relacionam.
É PRECISO DIFERENCIAR privacidade de segurança. Às vezes, a única forma de saber o que a criança ou adolescente faz na internet é analisando diretamente, fiscalizando, de preferência na presença dele. Então, para evitar ultrapassar os limites, é preciso uma boa relação de confiança e conversar.
Esteja interessado
A MELHOR forma de compreender o que crianças e adolescentes fazem na internet é fazer a mesma coisa que eles. Então, usar os mesmos aplicativos, jogar os mesmo jogos e entrar nos mesmos sites dá uma ideia de como funciona e quais conteúdos estão expostos.
Fonte: Especialistas consultados.
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