Empresas têm de combater etarismo no trabalho
Combater o etarismo se tornou um desafio fundamental para as empresas
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Com contexto de valorização das práticas de diversidade e inclusão, a exemplo do ESG (Environmental, Social and Governance, em português, Ambiental, Social e Governança), combater o etarismo se tornou um desafio fundamental para as empresas.
Os especialistas aconselham que as empresas invistam em programas de mentoria, treinamento e oportunidades reais de crescimento e aprendizagem para o desenvolvimento de profissionais de todas as gerações.
As empresas precisam rever suas políticas de Recursos Humanos, de relação com o seu maior bem, que são os colaboradores, segundo José Carlos Bergamin, vice-presidente da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio-ES).
“Vivemos um tempo muito diferente de uma década atrás. Não nos referimos a providências apenas para evitar ações judiciais, falamos para o bem dos negócios da empresa e de toda economia”, afirmou.
Bergamin disse que a adoção do ESG é um caminho, mas não podem ser apenas ações isoladas. “Projeto estruturado de ESG considerando todos os pontos estratégicos. E é preciso que os médios e pequenos negócios entendam que ESG não veio só para as grandes empresas. Veio para todos e está ao alcance de todos”.
Agostinho Rocha, presidente do Conselho Temático de Relações do Trabalho (Consurt) da Federação das Indústrias do Estado (Findes) afirmou que é preciso aproveitar o conhecimento e a sabedoria de profissionais de diferentes gerações. “Por isso, a Findes trabalha e orienta os empresários com relação à importância dessa diversidade etária nos quadros corporativos”.
A diretora da Center RH, Eliana Machado, destacou o papel do RH e dos gestores para conciliar as gerações dentro das empresas.
“Estarem alinhando e preparando o ambiente para não só receber esse profissional idoso, mas também mantê-lo e conseguir resolver as questões que, com certeza, vão surgir com a diferença realmente das gerações”, disse.
Eliana acredita que com a conscientização, mostrando a importância desse profissional, e o que inclusive os mais jovens vão estar ganhando com essa convivência, são muito importantes.
Contudo, uma pesquisa sobre etarismo, conduzida pela Robert Half e Labora, revela que, apesar de progressos, 70% das empresas no País não possuem indicadores claros para medir o avanço de suas ações, e muitos ambientes corporativos permanecem alheios ao preconceito etário.
“A ausência de métricas em sete em cada dez organizações é preocupante. Sem esses dados, é impossível identificar plenamente o problema e planejar soluções futuras”, diz o diretor-geral da Robert Half para a América do Sul, Fernando Mantovani.
Luta contra o preconceito
Combate à discriminação
Para combater o etarismo, é importante que as empresas invistam em programas de mentoria, treinamento e oportunidades de crescimento e aprendizagem.
É responsabilidade do setor de Recurso Humanos criar um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso, garantindo que todos tenham as mesmas oportunidades e que a individualidade de cada um seja respeitada.
A expectativa de vida global está aumentando, o que significa que muitas pessoas continuarão no mercado de trabalho por mais tempo. Por isso, é importante que as empresas consciencizem a importância de conciliar as diferenças de expectativas, estilos de trabalho, comunicação e valores entre as gerações.
DESAFIOS
O combate ao etarismo, ou discriminação por idade, é uma responsabilidade das empresas, pois pode impactar a diversidade, a inovação e a retenção de talentos:
1 Desigualdade de oportunidades: o etarismo pode criar barreiras que impedem as pessoas de mostrar seu potencial.
2 Perda de diversidade e inovação: cada geração tem algo único a oferecer, e misturar essas experiências pode levar a novas ideias e soluções criativas.
3 Impacto na retenção de talentos: funcionários que se sentem discriminados podem ficar desmotivados e sair da empresa.
Fonte: Eliana Machado, Fecomércio-ES, Findes e Folhapress.
Discriminação leva mais velhos à informalidade
O cenário atual do mercado de trabalho para idosos no Brasil revela uma tendência crescente que merece atenção e políticas específicas: o etarismo contribui para a exclusão de pessoas idosas do mercado de trabalho formal.
Conforme dados do Observatório dos Direitos Humanos (ObservaDH), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), em 2022, o País registrou um recorde de 4 milhões de pessoas idosas trabalhando na informalidade.
Este número representa um aumento de 4,9% em relação ao mesmo período do ano anterior e um crescimento significativo de 36,6% desde o início da pandemia, no segundo trimestre de 2020.
O governo federal informou que uma das ações feitas contra um dos principais preconceitos que dificultam o acesso dessa população ao mercado de trabalho formal é o Junho Violeta, através do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
O vice-presidente da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio-ES), José Carlos Bergamin, destacou que no Brasil, são cerca de 32 milhões de pessoas acima de 60 anos e muitos aptos para múltiplas atividades.
“E é com essa massa que a economia passa a contar cada vez mais. Qualquer iniciativa de sustentabilidade, deve começar pelo clima nas empresas porque daí deriva todas as demais políticas. O futuro não é exclusivo e sim inclusivo. A produtividade precisa considerar a sustentabilidade. Não é só pensar no produto, temos que pensar nas pessoas”, contou.
Projeto contra o etarismo
Um projeto de lei tramita na Câmara dos Deputados para definir medidas para combater a discriminação de pessoas ou grupos por conta da idade. A ideia é que o combate ao idadismo (preconceito com base na idade) e ao etarismo (preconceito contra idosos) seja feito por meio de ações educativas, preventivas e com o aumento de penas.
O texto prevê, por exemplo, que a União, em parceria com estados, Distrito Federal, municípios e entidades da sociedade civil, crie programas de capacitação para profissionais da educação, saúde e assistência social sobre o combate ao idadismo e ao etarismo, estabeleça canais de denúncia e incentive as empresas a adotarem políticas de contratação e valorização de trabalhadores mais velhos.
O deputado Pedro Aihara (MG), autor da proposta, disse que “a participação ativa no mercado de trabalho não apenas promove a independência financeira, mas também melhora a autoestima e a saúde mental dessa parcela da população”.
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