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Cidades

“Ela levou 2 tiros no meu lugar”, diz professor da escola do atentado em Aracruz

Nesse dia, ele não estava presente na unidade e foi substituído por outra professora, que foi atingida por dois tiros


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Imagem ilustrativa da imagem “Ela levou 2 tiros no meu lugar”, diz professor da escola do atentado em Aracruz
Arismar Maneia, no dia do atentado, foi substituído por outra professora, que foi atingida por dois tiros. |  Foto: Fábio Nunes/AT

O professor de Matemática que dá aula há quatro anos na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, Arismar Maneia, conversou com reportagem de A Tribuna sobre o massacre ocorrido na escola no dia 25 de novembro de 2022. 

Nesse dia, ele não estava presente na unidade e foi substituído por outra professora, que foi atingida por dois tiros. Ela ficou bem, porém,  continua com uma bala alojada no corpo.

A Tribuna –  Qual foi sua reação ao saber do massacre? 

Arismar Maneia –  Nesse dia eu estava para viajar por conta de meus estudos e coloquei uma substituta que dá aula comigo na parte da tarde. Ela foi baleada, levou dois tiros no meu lugar. Quando fiquei sabendo do atentado, eu estava em Vitória. Eu não viajei, a gente desmoronou com a notícia. 

Qual foi o sentimento de ter descoberto os crimes? 

Por uma graça ou por livramento, como diz minha mãe, eu não estava no momento, mesmo sendo meu horário de trabalho.  O sofrimento é inevitável. O meu sentimento de não estar aqui quando deveria estar é o que mais me machuca, porque outra pessoa estava no meu lugar, e colocá-la  em risco me fez muito mal, além de ter perdido as minhas colegas. Hoje, a minha sensação não é de medo, é uma mistura de saudade, de volta ao passado.

Você teve algum atendimento médico por conta desse trauma?

Estou sendo acompanhado pela psicóloga e tive acompanhamento psiquiátrico, porque o que a gente fazia era chorar. Acordava chorando, dormia chorando. Isso me abalou muito e eu não conseguia me controlar. E a gente precisa estar bem. Hoje me sinto um pouco melhor. 

E a volta às aulas? O que acha sobre o retorno?

Acho que a nossa vida tem que continuar. A gente não pode parar. E a gente tem que ter força o suficiente para receber os nossos alunos porque eles precisam da gente. Nós temos que ser a força. Nós temos que estar preparados emocionalmente, psicologicamente, fisicamente para recebê-los. Vamos levar para frente a nossa vida neste ano. Vamos seguir em frente. 

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CORAJOSO RECOMEÇO


Superação

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|  Foto: Leone Iglesias

O professor de Filosofia Luiz Carlos Simora Gomes,  51  anos,  que estava  na escola no momento do massacre, contou que ficou sem dormir e passou a tomar remédios para pressão, ansiedade e depressão, após o acontecimento.

Voltar para a escola depois da morte das colegas foi muito difícil, segundo ele. Porém, o professor afirmou que o dever de ensinar precisa ser cumprido.

“Temos quase 700 vidas que precisam do ensino. Temos a certeza que o que nos move a vir aqui é o amor ao ensino, à educação e ao futuro desses jovens”, afirmou.

Apoio mútuo

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|  Foto: Leone Iglesias

Pedagoga do turno matutino, Marlene Fernandes  Barcelos, 59 anos, foi uma das pessoas que ajudaram os alunos a se salvarem dos disparos. Ela afirmou que, em meio a dor, os professores se apoiam sempre. 

“A gente chora a cada dia. Começa do nada aquela crise de ansiedade, aquele choro. Nós estamos nos apoiando, mas as crises vêm mesmo assim. Às vezes a gente acha que está bem, mas depois fica mal de novo. O importante é que estamos nos apoiando um no outro.”

Amor à profissão

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|  Foto: Leone Iglesias

A professora de Inglês Ana Paula Coutinho, de 53 anos, contou que deseja ser a profissional que era antes do atentado. Hoje, ela afirmou estar se sentindo muito triste, porém, volta à escola pelo amor que tem à profissão. 

“Eu espero ter um ano produtivo. Ser a professora que eu era antes, porque a gente está muito abalado ainda. A gente está em tratamento, em acompanhamento, mas a gente gosta do que faz. Eu só sei fazer isso, dei aula a minha vida toda. Estou aqui por amor”, comentou, com os olhos cheios de lágrimas a professora.

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