Digitar ou escrever à mão, o que é melhor para o cérebro?
Destacam-se entre eles ler com fluência, escrever com maior rapidez, aprimorar a aprendizagem e ainda potencializar a memória
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Dispositivos eletrônicos chamam a atenção de crianças, adolescentes e adultos quando se trata de comunicação e informação, e o uso crescente deles pode fazer com que a escrita à mão fique de lado. Seria essa troca benéfica?
A resposta é não, de acordo com um estudo de cientistas da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega (NTNU). Publicado na revista científica Frontiers in Psychology, o resultado apontou que escrever com lápis ou caneta aumenta a conectividade cerebral em diferentes regiões do órgão, sendo que isso não foi observado com a digitação no teclado.
Em comunicado, a professora Audrey van der Meer, pesquisadora do cérebro na universidade e autora do estudo, afirmou que, com a escrita à mão, os padrões de conectividade cerebral são muito mais elaborados, o que é crucial para a formação da memória e codificação de novas informações.
No processo de aprendizagem, portanto, essa prática se mostra como fundamental. Katiane Bastos, coordenadora do segmento do ensino fundamental I da Escola Americana de Vitória, citou outros benefícios da ação para crianças.
“A escrita pode desempenhar papel fundamental no desenvolvimento da autoexpressão, clareza de pensamento, processamento emocional e desenvolvimento de habilidades de comunicação, criatividade e imaginação, resolução de problemas, registro de experiências, entre outros”.
Já dentro do universo da escrita, a neuropsicopedagoga Janaina Spolidorio ressaltou a diferença entre a letra cursiva e a letra caixa alta.
“A escrita em caixa alta facilita ao professor analisar a evolução de escrita do aluno, mas não traz benefícios a longo prazo. Ela prejudica a fluência leitora e impede o corpo de se desenvolver como deve. Em contrapartida, a letra cursiva permite à criança uma desaceleração cerebral que proporciona maior atenção à escrita”, disse.
Incentivo
O fato de não tirar o lápis do papel até terminar a palavra faz com que não apenas a criança perceba mais facilmente onde começa e termina cada palavra (isso se torna dificuldade com a outra letra) como também trabalha com movimentos diversos que são a base da fluência leitora.
Em relação ao incentivo à escrita, Edna Tavares, doutora em Educação, pontuou que os adultos devem ser referência para inspirar crianças e adolescentes.
Saiba mais
Pesquisadores avaliaram 36 estudantes
- Pesquisa
Publicado na revista científica Frontiers in Psychology, um estudo mostrou que escrever com uma caneta aumenta a conectividade cerebral em diferentes regiões do órgão, o que não foi observado com a digitação no teclado.
Para o estudo, os pesquisadores avaliaram um total de 36 estudantes universitários com um eletroencefalograma (EEG), que é um exame que analisa a atividade elétrica cerebral, captada por meio de eletrodos colocados sobre o couro cabeludo.
Os estudantes foram acompanhados enquanto escreviam à mão e por meio da digitação.
- Diferença
A neuropsicopedagoga Janaina Spolidorio afirmou que, quando a criança escreve à mão, sua lição consegue melhorar as conexões neurais, ampliar a possibilidade de ler com fluência e escrever com maior rapidez, aprimorar a autonomia de aprendizagem e ainda potencializar a retenção mental.
Todos esses benefícios são diminuídos com o uso da tela, uma vez que estimula a falta de permanência de atenção, tem distrações com notificações e vem com tudo praticamente pronto.
Ela também comentou que a letra com caixa alta desenvolve parcialmente a escrita, enquanto a letra cursiva desenvolve integralmente a leitura e a escrita.
Apontou ainda sobre um dos mais curiosos estudos sobre os benefícios de letra cursiva. Ele explica que a letra cursiva consegue ativar no cérebro as mesmas conexões utilizadas na aprendizagem musical, acionando poderosos recursos de compreensão leitora.
- Incentivo
A doutora em Educação Edna Tavares afirmou que, no desenvolvimento infantil, cada criança apresenta tempo e ritmo diferenciados, sendo que o momento de aprendizado pode ser variável e influenciado por inúmeros fatores, tais como contato frequentes com livros, música, brincadeiras direcionadas e ambientes que facilitem a escrita , assim como a leitura.
Katiane Bastos, coordenadora do segmento do ensino fundamental na Escola Americana de Vitória, disse que existem várias maneiras lúdicas e criativas que os pais podem usar para incentivar a escrita em seus filhos como leitura em família, jogos de palavras, ilustração histórias, brincadeiras de fazer listas e construção de um diário pessoal.
No caso do incentivo para adolescentes, Edna disse que o diálogo sobre o tema é sempre o ponto de partida para obter sucesso nas relações. Quando o adolescente percebe, compreende e se certifica que escrever à mão pode ser benéfico e, inclusive, ajudar no processo de aprendizagem, de forma ampla e geral, é muito provável que desenvolva gosto em escrever.
Fonte: Especialistas consultadas.
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