Dia dos Professores: Ex-garimpeiro faz supletivo e vira professor na Serra, no ES
O profissional tinha o sonho de se tornar professor e hoje dá aula para turmas da EJA
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“Um sonho que nunca morreu”. É assim que Robson Alves da Silva, de 48 anos, explica o fato de ter “perseguido” seu desejo de se tornar professor. Isso porque, há apenas três anos, ele iniciou a carreira de professor, que era um sonho de infância, mas devido às condições, precisou ser adiada.
Robson foi garimpeiro na adolescência. Natural de Minas Gerais, ele se mudou para Serra aos 20 anos, onde estudou na Educação de Jovens e Adultos (EJA), chamado à época de supletivo. Foi aí que sua vida teve uma “virada”, ele finalizou os estudos e se tornou professor do município.
“Antes de voltar para a sala de aula, em 2009, aos 35 anos, eu tinha estudado até a 7ª série”, conta.
Ele concluiu o Ensino Fundamental na EJA da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Jonas Farias, em Nova Carapina I.
Depois da decisão de formar e seguir uma carreira. Logo se formou no Ensino Médio e conseguiu bolsa de 100% de estudos, pelo Prouni, em 2013. “Fui estudar História, em uma faculdade particular, e no mesmo ano, no segundo semestre, passei no vestibular para cursar Geografia na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde me formei em Licenciatura e Bacharel em Geografia”.
Em 2018 ele finalizou a graduação. “Mas só em 2019 fiz o processo seletivo para dar aula, onde passei e comecei a dar aula em 2020”, relata.
Antes de atuar em sala de aula, Robson trabalhava com mármore. Atualmente trabalha na prefeitura da Serra dando aula na EMEF Belvedere e EMEF Djanira Maria de Araújo, ambas para alunos da EJA. Ele também dá aulas para alunos do ensino fundamental regular.
“As coisas foram acontecendo e hoje é emocionante atuar com o público da qual um dia eu fiz parte. Era um sonho que tinha desde de criança, o de ser professor. E eu sempre gostei de Geografia”.
“Na EJA eu era referência para os alunos tanto em idade, sendo mais velho, como em conhecimento, pois tirava boas notas. No Ensino Médio a mesma coisa e passei a dar aulas de reforço de matemática, física e química para alunos com dificuldade”, contou.
Hoje, em suas aulas, Robson tenta atrair seus alunos além dos livros, incentivando os alunos a construírem, por exemplo, um robô hidráulico.
“O professor, além de dominar o conteúdo que ele trabalha, é preciso atrair o aluno para a disciplina. O conteúdo é importante, mas estamos vivendo um período em que é preciso desenvolver novas habilidades, não para substituir o livro didático, mas para que o estudante se sinta inserido no assunto”.
Filha inspira mãe a seguir carreira da educação
Há mães que inspiram os filhos a seguirem certas profissões. Mas no caso da professora Juliana Januth Soares, 35, e da sua mãe, Eliana Mara Januth Soares, 56, a história é diferente.
Juliana quem inspirou a mãe a seguir pela carreira da educação.
Depois de 29 anos fora das salas de aula, em 2014, Eliana fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e entrou na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), conde cursou pedagogia e se tornou professora.
“Trabalhei em casa, comércio e indústria. Até que minha filha falou para eu voltar para a escola, já que havia terminado o Ensino Médio em 1985. Fiz o Enem e minha filha me inscreveu para a fazer Pedagogia na Ufes. Entrei na universidade aos 47 anos”, conta.
Hoje, Eliana é professora no Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Maria Rachel do Nascimento, em Cariacica. “No início, quando entrei na universidade, achei que não daria conta. Minha filha foi quem me ajudou a dar os primeiros passos”.
Juliana relata que sua paixão pelo ensino surgiu quando era criança e foi impactada pela forma como sua professora da 4ª série, Marlete, lecionava. “Dou aula desde 2011 e me sinto realizada”, conta ela, que atua no Cmei Cleto Prudêncio.
“Quando minha mãe disse que queria fazer o Enem, sugeri que fizesse Pedagogia. Sinto orgulho de ter, de alguma forma, inspirado minha mãe”, afirma.
Desafios internacionais
Aos 61 anos, a professora Lorena Rassele Croce viu sua carreira, que iniciou aos 18 anos, se transformar. Hoje, seus desafios são internacionais, mas ainda dentro da escola.
Atualmente, ela é coordenadora dos Programas Internacionais do Centro Educacional Leonardo da Vinci, como o Elementary, Middle School e High School.
“Como profissional, me renovo constantemente, sempre aprendendo e estudando sobre novas metodologias. Apesar de tanta experiência nunca parei no tempo e nunca tive medo de mudar. Sempre penso que podemos melhorar e evoluir”, afirma.
E o amor pela profissão tem uma explicação: “Ser professora é fascinante, ver a transformação e crescimento do aluno é muito gratificante. Observar a evolução do aluno, o processo de aprendizagem, o domínio do idioma e todo conhecimento adquirido através da língua inglesa é o que me move”, destaca.
Ao lado dos alunos Rafael Leal, 11, Samuel Fernandes, 11, Henrique de Oliveira, 11, Julia Vieira, 12, e Mateus Demoner, 11, Lorena conta que o interesse pela língua inglesa veio ainda na infância.
“Lembro que aos cinco anos, já sonhava em fazer intercâmbio e falar inglês. Foi um processo bem natural, voltei do intercâmbio e já no primeiro dia de volta ao Brasil tinha uma entrevista de emprego em uma escola de idiomas, onde precisavam de professora. Fui aprovada e começei a dar aulas imediatamente. Nesse período já fazia Letras -Inglês na Ufes”.
“Posso dizer categoricamente que sou muito realizada na minha profissão e amo o que faço. Educar é transformar o outro!”, afirma a professora.
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