Desafios on-line ameaçam crianças e preocupam pais
Jovens são desafiados em redes sociais, mas o que parece brincadeira pode levar à morte como tomar antialérgico em excesso e dar rasteiras
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Entre jogos, dancinhas da moda e bate-papos, crianças e adolescentes têm sido expostos a conteúdos que têm preocupado especialistas e pais: desafios que parecem brincadeiras, mas que são perigosos.
Entre eles, “jogos” que já levaram crianças e adolescentes até a morte, como desafios de tomar antialérgico em altas doses, de aspirar desodorante, além de desafio da rasteira ou também chamado de quebra-crânio, entre outros.
A neuropsicopedagoga Geovana Mascarenhas ressaltou que é comum que crianças se interessem por desafios. “No entanto, na infância e adolescência, essa curiosidade deles precisa ser monitorada”.
Segundo ela, os perigos de hoje já existiam, mas houve um aumento de crianças e adolescentes com acesso mais livre ao celular e às redes sociais sem supervisão.
“Infelizmente, muitos pais enxergam apenas o perigo físico e não percebem que o uso indiscriminado das redes sociais pode trazer consequências graves. Quando estamos em um espaço físico como um parque, um shopping, geralmente aumentamos nossa vigilância, mas quando nossos filhos estão dentro de casa, em seus quartos, temos a falsa sensação de segurança”.
O especialista em tecnologia da informação Eduardo Pinheiro também demonstrou preocupação com os desafios que têm circulado e as possíveis consequências.
“Não podemos condenar as aplicações, a tecnologia usada. Elas são ambientes em que se pode tratar de qualquer outro assunto. O que os pais precisam fazer é buscar o diálogo, orientar e conscientizar os filhos de que muitos desafios são um caminho sem volta”.
A psicanalista e terapeuta familiar Vanessa Cavalcante também destacou a preocupação com o tema. “O meio virtual proporciona, para aqueles que potencializam negativamente sua capacidade de liderança, um maior conforto para executar suas ações”.
Ela reforçou a necessidade de os pais manterem uma comunicação aberta, positiva e com linguagem acessível aos filhos. “É preciso deixar claro para eles os riscos. O problema não é a internet, mas a busca por sites de forma inadequada, a manutenção de relacionamentos que não são saudáveis. O reforço desses cuidados deve fazer parte do cotidiano da família”.
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Desafios on-line
Os desafios on-line normalmente envolvem pessoas que gravam a si mesmas fazendo algo difícil, que elas compartilham on-line para incentivar outros a repetir.
Alguns dos desafios podem até ser inofensivos, mas alguns promovem comportamentos prejudiciais, incluindo o risco de ferimentos graves.
Nos últimos anos, vários desses desafios ganharam destaque negativamente, após casos de mutilações, internações e até mortes de adolescentes não apenas no País, como em outros locais do mundo.
Alguns perigos
1 Desafio Benadryl
Recentemente, nos Estados Unidos, um adolescente de 13 anos morreu após sofrer uma overdose por causa do desafio.
Segundo especialistas, o medicamento antialérgico ingerindo em altas quantidades por jovens para induzir alucinações pode levar à morte.
2 Desafio do apagão
Um levantamento da Bloomberg Businessweek, do meio de 2021 até novembro de 2022, apontou que ao menos 15 crianças com 12 anos ou menos, e cinco adolescentes entre 13 e 14 anos, morreram envolvidas no desafio.
Entre elas, uma argentina de 12 anos teria se sufocado ao fazer o vídeo para uma rede social.
3 Desafio do desodorante
Em agosto do ano passado, um garoto de 10 anos morreu em Belo Horizonte devido a uma parada cardiorrespiratória após participar do “desafio do desodorante”.
João Vitor Santos Mapa teria se trancado em um guarda-roupa e aspirado cerca de metade do conteúdo de um frasco. Especialistas alertaram para as sérias consequências da prática para o coração, que pode levar de uma parada cardíaca à morte em poucos minutos.
Em 2020, um menino de 12 anos, em Aracaju, também morreu após inalar um vidro inteiro de desodorante.
4 Desafio da tocha improvisada
Um adolescente de 16 anos, dos Estados Unidos, teve 80% de seu corpo queimado em abril ao realizar um desafio. Mason Dark e seus amigos estavam fazendo uma tocha improvisada com um isqueiro e uma lata de tinta spray, que explodiu.
5 Desafio do quebra-crânio ou da rasteira
Se popularizou na internet em 2020, sendo realizado em escolas e até mesmo com familiares.
Médicos alertam que a “brincadeira” é extremamente perigosa e que pode levar uma pessoa a ter luxação ou até mesmo um traumatismo craniano, dependendo do tombo e da região da pancada na cabeça.
Em novembro de 2019, uma estudante do Rio Grande do Norte, morreu depois de participar de uma brincadeira semelhante, a “roleta humana”.
Fonte: Pesquisa AT e agência Globo.
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