Covid matou 120 este ano e médicos explicam a nova variante da doença
Especialistas atribuem o aumento de casos à falta de cuidados básicos e reforçam a importância de manter a vacinação em dia
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A covid-19 volta a acender o alerta no Estado. De janeiro até a última segunda-feira (25), 120 pessoas perderam a batalha para o vírus. Nesse universo, 35% das vítimas estavam com esquema vacinal incompleto ou sem nenhuma dose do imunizante. Desde 2020, foram 15.112 mortes.
Outro dado chama a atenção: a nova variante EG.5 da covid-19, que recebeu o nome de Éris, já circula no Espírito Santo. Até agora, o vírus foi detectado em três amostras da Grande Vitória, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Apesar dos números, o subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, diz que a condição é estável em relação à covid no Estado, registrando um aumento na positividade de casos, especialmente uma subida maior nas últimas quatro semanas. Mas, neste ano, o maior pico foi em janeiro, período em que as pessoas testavam mais.
Sobre a nova variante, ele diz que embora ela tenha sido identificada recentemente, ainda não aponta neste momento uma gravidade nas internações e nas mortes.
Mas o que pode justificar as mortes? A infectologista Ana Carolina D'Ettores explica que a variante Éris está dentro da linhagem da ômicron. “Portanto, a vacina bivalente é grande ferramenta para evitar novos casos, uma vez que na composição da vacina bivalente contempla a variante ômicron, o que confere imunização que chamamos de 'cruzada' para a Éris”.
Segundo ela, os idosos e imunossuprimidos (com baixa imunidade) continuam sendo os grupos de maior risco. “Nessa população, é importante que o cartão vacinal esteja atualizado. Também é válido, principalmente para essa população, o uso de máscaras em situações de maior risco, como visitas a locais com baixa circulação de ar e grande quantidade de pessoas”.
Além da necessidade de adesão à campanha de vacinação para controlar a curva de novos casos, ela lembrou ainda de conceitos básicos. “Em caso de sintomas gripais, faça o teste e mantenha medidas como distanciamento social, higienização de mãos e uso de máscaras”.
O infectologista Lauro Pinto diz que não é motivo para pânico, já que existe tratamento precoce para covid. “Temos uma medicação extremamente eficaz que pode ser usada nas pessoas idosas, acima de 65 anos, e imunodeprimidos. Claro, colocar o esquema de imunização em dia é fundamental”.
Incentivo para tomar dose de reforço
Em Vitória, até agora, foram imunizadas 52.293 (24%) pessoas da população de 18 a 59 anos e 32.993 (49%) da população acima de 60 anos. Há ainda 202.935 que precisam comparecer à sala de vacina para completar o esquema vacinal do reforço com a vacina bivalente.
Na unidade de saúde de Jardim Camburi, em Vitória, a procura por imunização tem aumentado, como conta a auxiliar técnica de enfermagem Jocileni Mantovanelli.
A assistente social Deni Lopes Costalonga, de 48 anos, faz parte das estatísticas de quem está com o esquema vacinal em dia e ainda incentiva que as pessoas façam o mesmo, sobretudo agora, com a nova variante circulando no Espírito Santo.
Vacinação vai ser anual a partir do ano que vem
A partir do ano que vem, a vacinação para quem tomou todas as doses e pertence aos chamados grupos vulneráveis será anual, segundo Ethel Maciel, secretária da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
“Ela vai ser anual para os grupos recomendados pela OMS (Organização Mundial de Saúde), aqueles que a gente recomendou neste ano. É para aquelas pessoas com maior potencial de gravidade, como idosos e imunocomprometidos”.
Sobre os detalhes, ela disse que a campanha ainda está sendo organizada. Enquanto isso, ela chama a atenção para a necessidade de colocar o calendário vacinal em dia.
O subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado, Orlei Cardoso, lamentou que a cobertura vacinal da bivalente – a partir de 12 anos, seguindo grupos prioritários – ainda não está satisfatória no Estado.
Ele disse que até agora 598.159 doses da vacina bivalente foram aplicadas, o que corresponde a 14% de pessoas imunizadas no Estado.
“Se recebi duas doses e passaram quatro meses da última vacina aplicada, já posso tomar a bivalente”.
Sintomas leves
Com sintomas leves desde o último domingo, semelhante a um quadro de gripe, a advogada Oseni Lima, 43 anos, decidiu fazer um teste para saber se era covid. Moradora de Jardim Camburi, em Vitória, ela procurou a unidade de saúde e o resultado foi positivo, pela primeira vez.
Saiba mais
Nova variante
O que é?A EG.5, que recebeu o apelido de Éris, é a nova variante do Sars-CoV-2. Ela pertence à linhagem ômicron e apresenta mutações no aminoácido da proteína spike, que a diferenciam das demais cepas.
Essas mutações têm contribuído significativamente para sua alta transmissibilidade e habilidade de escapar do sistema imunológico.
Detecção
A primeira detecção da variante Éris ocorreu em fevereiro de 2023, na Indonésia.
Desde o dia 19 de julho de 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a classificá-la como uma variante sob monitoramento.
No Brasil, o Ministério da Saúde anunciou a confirmação do primeiro caso da variante EG.5 em agosto deste ano. A paciente infectada foi uma mulher de 71 anos, moradora da cidade de São Paulo, que estava com o esquema vacinal completo.
No Estado, a variante foi detectada em três amostras na última sexta-feira. O anúncio foi feito ontem pela Secretaria de Estado da Saúde.
Sintomas
São semelhantes aos de outras variantes da covid-19, incluindo febre, dor de garganta, cansaço, dor de cabeça, perda de olfato e paladar e tosse.
Esses sintomas, no entanto, podem variar de intensidade de pessoa para pessoa.
Os números
Mortes por covid no Estado
120 mortes foram confirmadas de janeiro até a última segunda-feira (25).
Idade
75 anos é a média de idade das vítimas fatais.
Internações
68% das mortes foram de pacientes internados.
Vacinação
35% das pessoas que morreram estavam com esquema vacinal incompleto ou sem nenhuma dose.
Como consultar o esquema vacinal contra a covid
O esquema vacinal pode ser conferido pelo cidadão pelo portal do governo estadual Vacina e Confia, clicando aqui, na aba “Passaporte Vacinal”.
Também é possível consultar no portal ConecteSUS, do governo federal, clicando aqui.
Caso o cidadão não tenha acesso à internet, a opção é buscar as informações na unidade básica de saúde mais próxima de sua casa, apresentando documento de identidade e CPF.
Fonte: Sesa, especialistas entrevistados e pesquisa A Tribuna.
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