Cosméticos para crianças e adolescentes: pediatras dizem o que pode ou não pode
Contato precoce com alguns produtos pode interferir na formação da pele infantil, causando até mesmo alterações hormonais
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É mais comum do que muitos médicos gostariam: crianças usando maquiagem, tingindo o cabelo e fazendo unha de gel. O contato com esses produtos pode até mesmo, segundo estudos, ocasionar alterações hormonais, levando à puberdade precoce.
Preocupada com crianças e adolescentes estarem recorrendo, cada vez mais cedo e com maior frequência, ao uso de cosméticos e à realização de procedimentos estéticos, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou um guia com indicações do que é ou não recomendado para esse público.
No Brasil, segundo o documento, estudos indicam que, aos 4 anos de idade, muitas crianças já começam a utilizar maquiagem, especialmente batom e sombra.
“A pele das crianças ainda está em desenvolvimento, e o contato precoce com esses produtos pode interferir em seu processo natural. Além disso, quanto mais cedo ocorrer a exposição, maiores as chances de sensibilização e as probabilidades de acontecerem reações alérgicas”, alerta o documento.
Quanto a colorir o cabelo, intervenções mínimas estão autorizadas, segundo a SBP, a partir de 12 anos. Porém, apenas com produtos próprios para a idade (sem amônia, chumbo ou água oxigenada).
E nada de unha de gel em crianças! Conforme destaca o guia, o procedimento não é recomendado para menores de 16 anos.
A pediatra Nathália Miranda destaca que o artigo da SBP aponta ainda que entre os principais riscos envolvidos no uso de cosméticos por crianças está a puberdade precoce, devido à exposição a substâncias químicas suspeitas (disruptores endócrinos), como os parabenos, ftalatos, triclosan, bisfenol A e outros componentes.
“Ingredientes usados como fragrâncias, conservantes ou filtros solares podem atravessar a pele e interferir no sistema hormonal”.
Bruna Bressanelli, pediatra e especialista em Medicina do Adolescente, alerta que é importante os pais estarem atentos às composições dos rótulos.
“Deve-se olhar essa composição, por exemplo, se o produto é vegano, sem disruptores endócrinos. Temos uma lista enorme de disruptores endócrinos no mercado, que não são seguros”, alerta.
Exemplo Positivo
Uso cauteloso

A empresária Poliana Knupp Macci, 37, é cautelosa quando o assunto é o uso de maquiagem pela filha, a atual Miss Mirim Espírito Santo, Suri Macci Scotar, de 11 anos.
“Normalmente, quando ela usa maquiagem, é antes de um evento, mas sempre com a pele protegida por um hidratante. E quando acaba, ela retira. Procuramos uma dermatologista, que nos deu indicações de como usar e de produtos hipoalergênicos. Sabemos que o uso inadequado e exagerado traz grandes problemas”, conta.

Saiba Mais
Cosméticos
Segundo a publicação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), cosméticos não são isentos de efeitos colaterais, e podem desencadear, por exemplo, o surgimento de processos imunoalérgicos.
Maquiagem
Crianças
A pele das crianças ainda está em desenvolvimento, e o contato precoce com esses produtos pode interferir em seu processo natural. Além disso, quanto mais cedo ocorrer a exposição, maiores são as chances de sensibilização e maiores as probabilidades de acontecerem reações alérgicas.
Portanto, de acordo com o documento, apesar de não haver um consenso a respeito de uma idade mínima para o uso de maquiagem na infância, quanto mais se postergar, melhor.
Adolescentes
No período da adolescência, o uso excessivo de maquiagem propicia a obstrução dos poros, bem como o aparecimento de acnes e dermatites. A presença de determinadas substâncias, como conservantes, também pode desencadear reações alérgicas, implicações hormonais e até toxicidade neurológica.
Esses resultados prejudiciais são potencializados pela frequência e pela quantidade de cosméticos utilizados. Por isso, a recomendação da SBP é usar poucos produtos, adequados para a idade (formulados para peles sensíveis e hipoalergênicos).
Coloração do cabelo
Intervenções mínimas estão autorizadas a partir dos 12 anos de idade. No entanto, somente com produtos próprios para a idade (sem amônia, chumbo ou água oxigenada). As melhores opções são as temporárias, que saem após as lavagens dos fios, como pomadas e sprays coloridos, por exemplo.
De acordo com o documento, meninas e meninos com menos de 15 anos devem evitar colorações e outras químicas nos cabelos.
Desodorantes e antitranspirantes
O uso de antitranspirantes não é recomendado para menores de 12 anos, já que, quando aplicados, penetram nos ductos glandulares, produzindo um gel que inibe a produção de suor excessivo.
Já os desodorantes são produtos que apenas mascaram o mau odor axilar, e podem ser usados a partir dos 8 anos de idade, desde que não sejam apresentados na forma de aerossol e não possuam substâncias antitranspirantes.
Skincare
A SBP alerta que a pele de crianças e adolescentes é mais fina, sensível e ainda não tem barreiras de proteção totalmente desenvolvidas. Por isso, o uso de cosméticos “anti-idade” é desnecessário e pode ser prejudicial. Esses produtos contêm altas concentrações de substâncias como retinóides, ácidos e antioxidantes, que podem causar queimaduras, manchas, alergias, acne e dermatites.
Além disso, existe o risco de efeitos colaterais causados por disruptores endócrinos — como bisfenol, parabeno e triclosan — que afetam o sistema hormonal e estão presentes em muitos cosméticos, aumentando a exposição dos jovens a esses compostos.
O que usar
O adolescente precisa seguir uma rotina de cuidados básicos, segundo a SBP, constituída por limpeza, hidratação e uso de filtro solar. Recomenda-se utilizar um sabonete neutro, para controlar a oleosidade; hidratar a pele com produto leve e aquoso; e associar um filtro solar indicado para essa faixa etária, preferencialmente oil free.
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