Saiba identificar se seu filho está sofrendo abuso
Delegada e psicóloga explicam que sinais como mudanças no comportamento, tristeza e isolamento devem ser observados
Escute essa reportagem

A prisão de um professor de música, de 37 anos, suspeito de abusar sexualmente de uma aluna de 8 anos, em Vila Velha, acende um alerta sobre a importância de pais, responsáveis e educadores estarem atentos a possíveis sinais de abuso sexual infantil. Mas quais são eles? Especialistas ajudam a identificá-los.
“Fiquem atentos a mudanças de comportamento. Queda no rendimento escolar, agressividade, comportamento sexualizado, tristeza e isolamento são indícios que podem indicar abuso sexual em crianças e adolescentes”, destaca Thais da Cruz, delegada adjunta da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
Ela reforça ser importante que os pais conversem com os filhos e os orientem sobre quem pode tocar neles e em quais locais.
“Seja a pessoa de referência do seu filho, a pessoa de confiança com quem a criança pode falar”, aconselha a delegada.
A psicóloga Mariana Weigert acrescenta que há outros sinais que podem indicar a possibilidade de abuso sexual infantil.
“As crianças manifestam sinais de abuso por meio de comportamentos que indicam que algo está errado. Isso pode incluir regressão ou avanço a estágio de desenvolvimento não condizente com sua idade atual”.

É como se a criança voltasse a algum momento da infância ou avançasse para ser mais velho, explica a psicóloga. Um exemplo é voltar a usar chupeta.
“A maneira como a criança brinca também pode ser observada, assim como desenhos. Mas mudanças bruscas de comportamento são um dos principais indícios”.
Por exemplo, destaca, a criança pode começar a ficar agressiva, ter episódios de raiva excessiva ou euforia. “A curiosidade sexual excessiva e o isolamento também podem ser sinal de alerta”.
Os sinais, explica a psicóloga, são mecanismos de defesa do corpo a uma angústia. “Mesmo que a criança não entenda que aquilo é errado, pode entender que é proibido. Sabe que não pode contar e então começa a produzir os mecanismos de defesa, que são todos esses sintomas”.
Os pais devem observar a frequência e a intensidade com que esses eventos acontecem. Além desses, há vários outros, inclusive, sintomas físicos, como vômito e dor de barriga. “Observe se as crianças demonstram aversão ao toque, no momento da higiene, e se elas começam a recusar um carinho que antes era comum”.
“Os pais devem tentar acolher e acreditar na criança, depois procurar uma ajuda profissional. Não fique perguntando Thais da Cruz, delegada da DPCA
Saiba mais
Caso ocorreu em escola particular
O caso
Uma criança de 8 anos relatou aos pais ter sofrido abuso sexual de um professor durante aulas em uma escola particular em Vila Velha. A menina relatou que o professor passava as mãos em suas partes íntimas.
Os pais registraram a ocorrência no dia 14 de julho. O relato, junto com vídeos da sala de aula, serviram de prova para a prisão do professor, que ocorreu na última quarta-feira.
Sinais
Qualquer mudança brusca de comportamento da criança pode ser um indício de abuso sexual. Na dúvida, o indicado é procurar um profissional especializado.
Alguns sinais são euforia, isolamento, tristeza, alegria, agressividade e queda do rendimento escolar.
Queixas psicossomáticas também podem ser indício de abuso, como vômito e dor de cabeça.
No momento da higiene, os pais devem observar se há algum vestígio, como lesões ou marcas.
O que fazer?
Em casos como esse, especialistas reforçam que é importante não revitimizar a criança. Isso significa não pressioná-la ou fazer muitas perguntas. Aconselham os pais a tentar passar tranquilidade e segurança para a criança, de forma que ela se sinta protegida.
“O momento que ela conta pode ser tão traumático quanto o trauma sexual, o ato em si. Isso pode retraumatizar a criança. Apesar de ser um momento muito dolorido e angustiante para os pais, eles devem se controlar e buscar um profissional especializado”, relata a psicóloga Mariana Weigert.
Denúncia
Qualquer pessoa pode denunciar, tanto anonimamente, pelo Disque-Denúncia 181, quanto por registro de ocorrência na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários