Conflitos com familiares: o que atrapalha a reaproximação?
A falta de confiança é um dos principais fatores que atrapalha a reaproximação
Escute essa reportagem
Ainda que quase 90% das pessoas queiram voltar a se relacionar com um familiar depois de rixas, 32% afirmam que a falta de confiança é o principal fator para impedir a reaproximação. Em seguida, vem o medo de uma nova briga (31,1%). Para 25,8%, a maior dificuldade está em perdoar.
A psicóloga Karla Cardozo destaca que esses medos são naturais. “Mas é essencial que as pessoas percebam que, ao evitarem a reconciliação devido a essas preocupações, elas podem estar perdendo a oportunidade de curar as feridas e fortalecer os laços familiares. A chave é um diálogo aberto, em que cada parte possa expressar seus sentimentos de maneira segura e construtiva”, destaca.
A reconciliação pode ser difícil de acontecer, segundo a psicóloga Uiane Mesquita, pois depende da vontade de ambas as partes envolvidas na situação solucionarem o conflito.
“Quando se trata de pedir perdão, a dificuldade vem da objeção em assumir a própria responsabilidade por suas ações, que possam ter causado danos ou ferido alguém”.
“Quando à decisão de perdoar, é atravessada pelo contato direto com a própria dor, é preciso ressignificar essa dor para que se tenha mais probabilidade de confiar novamente. Isso é um processo”, destaca.
Uiane alerta ainda que a falta de perdão pode potencializar casos de ansiedade e depressão. “No contexto familiar, é mais agravante devido à necessidade da convivência muitas vezes recorrente, trazendo grandes consequências emocionais e dificuldades nos relacionamentos interpessoais”.
A psicóloga Ana Angélica Effgen Wernesbach ressalta que o perdão é um processo que envolve tanto uma mudança de atitude interna quanto, em muitos casos, um esforço externo para restaurar o relacionamento.
“Não é uma simples atitude. Requer reconhecer a dor, é necessário entender a perspectiva do outro, inclusive em alguns casos se abster do desejo de vingança. Perdoar não significa esquecer o que aconteceu ou aceitar o erro sem consequências, mas sim permitir que o peso da mágoa e da raiva deixe de controlar sua vida”.
Ana Angélica destaca ainda que a psicoterapia é uma ótima forma de trabalhar essas questões e de refletir sobre o impacto dessa mágoa, e assim ressignificá-la.
Evitar conflitos não é se calar, afirmam especialistas
O segredo para evitar conflitos familiares não é simplesmente se calar, afirmam especialistas.
Encontrar formas eficazes de se comunicar, entender as necessidades dos outros e buscar soluções de forma colaborativa são algumas das alternativas para proteger as relações familiares de brigas, pontua a psicóloga Ana Angélica Effgen Wernesbach.
“Em muitas situações, é o diálogo respeitoso que ajuda a resolver os problemas e conflitos. Pode parecer difícil no calor da emoção, mas é possível. Silenciar-se, nesse caso, pode ser uma estratégia útil em alguns momentos, mas não deve ser sempre a solução”.
Se sentir que falar pode piorar a situação, Ana Angélica recomenda que seja válido se acalmar e esperar um momento mais oportuno para expressar as ideias.
“No entanto, silenciar-se constantemente e evitar o confronto de forma recorrente pode levar a ressentimentos não expressos e aumentar a tensão ao longo do tempo. Deve haver equilíbrio sempre”.
Segundo a psicóloga Karla Cardozo, evitar conflitos familiares envolve um esforço conjunto para cultivar um ambiente de respeito, comunicação aberta e empatia.
Uma das dicas dadas pela psicóloga é ter uma escuta ativa. “Ouvir verdadeiramente o outro, sem interromper ou julgar, ajuda a compreender melhor as perspectivas e sentimentos dos envolvidos. O conflito pode ser falta de compreensão mútua. Além disso, negociar e ceder em certos pontos é importante para manter a harmonia”, destaca.
A advogada Valéria Silva, especialista em Direito das Famílias e Sucessões, salienta que conflitos familiares, muitas vezes, estão carregados de emoções intensas, ressentimentos acumulados e questões não resolvidas que vão além do litígio em si, o que pode dificultar a reconciliação.
“Nesses casos, o papel do advogado, aliado a profissionais como mediadores e psicólogos, é essencial para criar um ambiente de diálogo e minimizar os impactos emocionais do conflito”, explica a advogada.
Como evitar conflitos: Confira as dicas dadas por psicóloga
Evitar conflitos familiares envolve um esforço conjunto para cultivar um ambiente de respeito, comunicação aberta e empatia. Para evitar conflitos familiares, algumas dicas, dadas pela psicóloga Karla Cardozo são:
Flexibilidade: Negociar e ceder em certos pontos é importante para manter a harmonia.
Gestão Emocional: O autocontrole evita reações impulsivas e permite que o diálogo seja mais racional, ajudando a evitar explosões emocionais.
Escuta Ativa: Ouvir verdadeiramente o outro, sem interromper ou julgar, ajuda a compreender melhor as perspectivas e sentimentos dos envolvidos. O conflito pode ser falta de compreensão mútua.
Comunicação Assertiva: Expressar suas necessidades e preocupações de forma clara e respeitosa, evitando mal-entendidos e frustrações.
Comentários