Comportamento: pais que cuidam demais podem prejudicar os filhos
Especialistas comentaram sobre algumas atitudes negativas dos adultos e o excesso de proteção ganha destaque
Pais são figuras importantes em relação à socialização dos filhos. Só que eles também podem ser um fator pelo qual as crianças encontram dificuldades nesse processo.
Ao jornal A Tribuna, especialistas comentaram sobre algumas atitudes negativas dos adultos e o excesso de proteção ganha destaque.
“Muitas vezes, na tentativa de proteger e cuidar, os pais podem adotar comportamentos que, sem intenção, limitam o desenvolvimento social dos filhos. Os mais comuns são superproteção, resolver tudo pela criança, agenda excessivamente controlada e fazer comparações”, disse Thais Cruz, neuropsicopedagoga.
A psicóloga infantil Pâmela Lima disse que quando o pai é superprotetor e controla a vida da criança, impedindo escolhas e opiniões, tendo falas que parecem ser protetivas como “eu sei o que é melhor para você, porque já passei por isso”, o filho acaba não desenvolvendo sua autonomia e autoconfiança.
Sandy Gonçalves Garcia, psicóloga, explicou que pais superprotetores podem dificultar o processo de socialização da criança pois não permitem que ela cometa erros e peça desculpas aos colegas.
“Ou evitam que ela esteja em eventos sociais, como aniversários e comemorações, por preocupação, o que faz com que a criança perca oportunidades de aprendizagem social com pares de mesma idade”, completou.
Para a profissional, é fundamental os adultos compreendam que os filhos precisam ser expostos a determinadas vivências para criar estratégias próprias de resolução de conflitos, por exemplo.
De acordo com o doutor em Psicologia Stephen Nowicki, as pessoas precisam de relacionamentos para sobreviver e depois prosperar.
“Nossos pais assumem a responsabilidade durante os primeiros estágios de nossa vida de se conectar conosco, mas um dos principais objetivos da paternidade é ensinar seus filhos a se conectarem com os outros”.
Críticas
Pâmela Lima disse que críticas também são ações negativas e que prejudicam a socialização de crianças.
“Críticas constantes e generalizadas, como comparação com filhos de amigos e amigos da escola, levam a criança a começar a ter atitudes de isolamento das pessoas, dos pais e de se relacionar; levam a comportamentos de baixa autoestima, trazendo necessidade de aprovação, causando mudança de humor, desistência de tarefas e até queda no rendimento escolar”.
Uso excessivo de telas é um problema
Para referências na área, as crianças de hoje estão com mais dificuldades de socializar e de fazer amigos em relação às gerações anteriores.
A neuropsicopedagoga Geovana Mascarenhas disse que isso é impulsionado por diversos fatores, como o tempo reduzido de brincadeiras em grupo, a falta de oportunidade de interação fora da escola, a redução de grupos sociais, a ansiedade social, e o excesso de tempo em atividades individuais, como o uso de telas.
“Há uma escassez de ambientes que promovem a interação social fora do ambiente escolar, como brincadeiras com outras crianças ou atividades em grupo, o que pode diminuir as chances de novas amizades”.
Geovana ressaltou a importância da interação. “A socialização na infância é crucial para o desenvolvimento da inteligência emocional, empatia, resiliência e a capacidade de construir relacionamentos saudáveis e eficazes”.
“Essas competências são fundamentais para o sucesso em diversas áreas da vida adulta, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional”, explicou.
Receptividade

Amigas há seis anos, Déborah, 12, e Alice, 11, se divertem na companhia uma da outra e são receptivas a outras crianças quando abordadas. “Inicialmente, Déborah pode parecer um pouco tímida, mas geralmente é muito simpática e ama conversar”, comentou Stela da Hora Nogueira, mãe da menina.
Lucimar Alves Neves Aguiar, mãe de Alice, afirmou que incentiva a filha a interagir com outras pessoas. “A amizade é fundamental para o crescimento social com relação à convivência em grupo, o que implica em vivenciar o respeito e os limites para uma vida saudável”.
Destaque na escola

Thomas, de 7 anos, se mudou do Espírito Santo para Minas Gerais no início deste ano e não teve dificuldades para se adaptar em relação à escola. Ele, inclusive, ganhou um certificado por ser destaque em “Atitudes e Valores”, o qual exibe com orgulho.
“No primeiro dia de aula já fez novas amizades e gravou o nome dos colegas”, disse a auxiliar de produção na toxicologia Thays Oliveira, mãe da criança.
Fique por dentro
Como pais e responsáveis podem ajudar a criança a socializar?
Segundo profissionais consultados, pais e responsáveis têm um papel importante na jornada de socialização da criança. Confira algumas ações e posturas importantes:
1 - Crie oportunidades da criança interagir com outras.
2 - Incentive, mas observe e respeite a forma como a criança lida com as interações sociais.
3 - Matricule a criança em aulas de teatro. Além de ter contato com outras pessoas, lá poderá aprimorar as habilidades de expressões faciais, que fazem parte da linguagem não verbal.
4 - Seja um bom exemplo, mostrando gentileza, empatia e boa comunicação nas suas relações. Ter vínculos afetivos respeitosos no universo adulto faz com que a criança crie laços naturalmente. Se pais e responsáveis não têm uma vida social ativa, a criança também não terá modelos a seguir.
5 - Ofereça suporte emocional. Isso significa escutar o que as crianças sentem para validar os sentimentos e contribuir para elas se expressarem.
6 - Conte histórias sobre suas amizades. Crianças geralmente amam ouvir histórias de quando os pais eram crianças. Dessa forma, elas podem se conectar com objetivos entre o passado e o futuro, observando que amizades foram fundamentais na vida de seus pais.
Fonte: Especialistas consultados.
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