Como a polícia do ES conseguiu extrair digital perfeita de Clarinha
Digitais estavam desgastadas e os peritos precisaram utilizar técnica para fazer a extração
Escute essa reportagem
Uma das formas de identificar uma pessoa é pela análise da impressão digital. Essa técnica está sendo utilizada pela Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES) na identificação da paciente Clarinha, que morreu na última quinta-feira (14), após passar 24 anos internada no Hospital da Polícia Militar (HPM), em Vitória.
A paciente misteriosa deu entrada no hospital, no ano 2000, depois de ser atropelada por um ônibus em uma avenida no centro de Vitória. O cérebro dela foi afetado e a mulher ficou em coma profundo. Como não estava com documentos, ela foi batizada pela equipe médica como Clarinha e assim ficou conhecida.
Em coletiva de imprensa, na manhã desta quarta-feira (20), peritos da Polícia Científica deram detalhes de como está sendo feito o processo para tentar identificar Clarinha.
Uma das dificuldades enfrentadas era a coleta das digitais da paciente, uma vez que estavam bastante desgastadas. No entanto, o perito criminal João Carlos Quemeli, do Laboratório de Necropapiloscopia Forense, revelou que polícia conseguiu extrair a digital perfeita de Clarinha para realizar comparação com outras impressões cadastradas em bancos de digitais.
O perito explica que o procedimento realizado para extrair a impressão digital de Clarinha é feito apenas em pessoas falecidas.
"A gente consegue recuperar as impressões na derme, uma camada abaixo epiderme. A gente faz a incisão das falanges distais, destaca a epiderme e coleta as digitais na derme, que sempre tem a digital", conta João Carlos Quemeli.
A primeira tentativa havia sido assim que o corpo de Clarinha chegou ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, mas o resultado não foi o esperado. Em uma segunda tentativa, ainda no fim de semana, a extração foi bem sucedida.
"Esse material está pronto para fazer confronto. Qualquer pessoa que vier aqui, der os dados e essa pessoa for identificada no Espírito Santo ou qualquer outro estado do Brasil a gente consegue fazer o laudo", explicou ele.
Testes negativos
A Polícia Científica já realizou dois exames de comparação que deram negativos - um no Espírito Santo e outro em São Paulo. Um outro pedido foi feito, mas a pessoa que poderia ser Clarinha não estava identificada na Bahia, que seria o estado de origem.
Agora, a polícia aguarda por dois prontuários de Brasília e Paraná para realizar a comparação das digitais e descobrir se uma dessas pessoas desaparecidas é Clarinha.
CORPO VAI FICAR MAIS 40 DIAS NO DML
O corpo da Clarinha, paciente que ficou internada por mais de 20 anos em coma no Hospital da Polícia Militar do Espírito Santo (HPM), deve permanecer no Departamento Médico Legal (DML) por pelo menos 40 dias.
A auxiliar de perícia da Polícia Civil, Polyanna Modesto, explicou a motivação para que o corpo de Clarinha ainda não seja liberado.
"De acordo com a nossa rotina, o corpo de uma pessoa não identificada fica no DML por 30 dias, mas nós estamos tentando identificar a família da Clarinha", contou ela.
RELEMBRE
A paciente internada em estado vegetativo, conhecida como Clarinha, chegou ao Hospital da Polícia Militar, em 2001.
De acordo com relatos de testemunhas, ela estava fugindo de um perseguidor, também não identificado, e correu para o meio de uma avenida movimentada no Centro de Vitória, onde foi atropelada por um ônibus.
Levada para o antigo Hospital São Lucas, passou por diversas cirurgias. No entanto, o cérebro foi afetado, impedindo que ela retornasse de um coma profundo.
"Sem documentos e com as digitais desgastadas, buscou-se, em um primeiro momento, encontrar algum conhecido entre as testemunhas do acidente, mas ninguém tinha informações da paciente. Em seguida, Clarinha foi transferida para o HPM", explicou o Ministério Público do Estado em 2021.
MATÉRIAS RELACIONADAS:
MATÉRIAS RELACIONADAS:
Comentários